Dividendos do Banco do Brasil em 2025: queda ou oportunidade?

O Banco do Brasil (BBAS3), tradicionalmente visto como uma das principais ações pagadoras de dividendos da Bolsa, enfrenta um cenário desafiador em 2025. Após uma forte queda de quase 30% em um único mês, surgiram dúvidas entre os investidores: os dividendos vão secar? Ainda vale a pena manter a ação na carteira com foco em renda?

Lucro em queda e inadimplência em alta: o que está acontecendo?

No 1º trimestre de 2025, o lucro líquido do Banco do Brasil ficou em R$ 7,3 bilhões, bem abaixo da expectativa do mercado, que projetava entre R$ 9 bilhões e R$ 9,6 bilhões. A principal causa foi o aumento da inadimplência, especialmente no segmento de crédito para o agronegócio.

  • Inadimplência no agro: Saltou de 1,9% para 3%.

  • Inadimplência geral acima de 90 dias: Chegou a 3,86%, um dos maiores níveis da história recente da instituição.

Além disso, o NPL (Non Performing Loans), indicador que mede a carteira de crédito problemática, subiu de 11% para 14%, aumentando os custos com provisões para perdas.

Impacto da nova regulação: Resolução 4.966 pressiona ainda mais

Outro fator que reduziu o lucro foi a exigência da Resolução 4.966, que obriga os bancos a provisionarem mais capital para cobertura de riscos, mesmo para clientes que estão em dia com os pagamentos.

O impacto financeiro foi imediato: cerca de R$ 1 bilhão a menos na margem financeira bruta do banco, que teve retração superior a 7% no período.

ROE em queda: perda de uma vantagem competitiva

O ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), que era um dos principais diferenciais do Banco do Brasil, despencou de 21% em 2024 para cerca de 16% em 2025. Esse patamar o aproxima de concorrentes privados como Bradesco e Santander, que operam com ROEs entre 14% e 15%.

Efeito da Selic alta: menos vantagem para o BB

Embora juros elevados costumem beneficiar o setor bancário, o Banco do Brasil sofre um descasamento entre seus ativos e passivos:

  • Passivos pós-fixados: Sobem com a Selic.

  • Ativos pré-fixados: Não acompanham a alta, reduzindo a margem financeira.

Esse descasamento tem pressionado ainda mais os resultados do banco.

Como ficam os dividendos do Banco do Brasil em 2025?

Diante da queda no lucro, a gestão do banco já sinalizou que o payout (percentual do lucro distribuído) tende a ficar em torno de 40% este ano, abaixo dos patamares recentes. Com uma base de lucro menor e payout reduzido, a expectativa de dividendos é mais modesta.

No entanto, a queda no preço da ação elevou o dividend yield projetado, mantendo o Banco do Brasil entre as empresas com maiores yields da Bolsa neste momento.

Risco de cair na “armadilha do dividendo alto”

Muitos investidores, ao buscar ações com alto dividend yield, acabam priorizando apenas o percentual de retorno, sem avaliar a consistência dos lucros e a sustentabilidade dos pagamentos.

Empresas com lucros voláteis, como CEMIG (CMIG4) ou Metalúrgica Gerdau (GOAU4), por exemplo, podem apresentar yields momentaneamente altos, mas sem garantir estabilidade no longo prazo.

A visão estratégica: Banco do Brasil ainda faz sentido para dividendos?

Segundo uma análise sistemática baseada em filtros quantitativos — como liquidez, payout saudável, histórico de lucros positivos e estabilidade no lucro por ação — o Banco do Brasil ainda aparece entre as top 10 ações de dividendos de 2025, dentro da estratégia da chamada “Máquina de Dividendos”.

Mesmo com os desafios, os critérios técnicos o mantêm como uma opção relevante para carteiras com foco em dividendos.

Histórico da estratégia nos últimos 10 anos:

  • Retorno médio anual: Quase 14% ao ano.

  • Rentabilidade real (acima da inflação): Mais de 6% ao ano.

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