Sono e menopausa: por que a qualidade do descanso piora, e o que fazer a respeito

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A menopausa provoca diversas mudanças no corpo feminino. Um dos primeiros sintomas, porém, costuma passar despercebido: a piora na qualidade do sono. Segundo o ginecologista Dr. Igor Padovesi, esse quadro pode surgir mesmo antes da interrupção dos ciclos menstruais. “A mulher ainda tem ciclos regulares, sem outros sintomas marcantes, mas já começa a dormir mal. Pode ter dificuldade para adormecer, despertares noturnos e um sono mais leve e pouco reparador”, afirma o especialista, autor do livro Menopausa Sem Medo.

Estrogênio em queda: o impacto dos suores noturnos

Durante a menopausa, a queda nos níveis de estrogênio pode causar ondas de calor, que costumam ocorrer à noite. Esses suores noturnos comprometem o sono e, como consequência, provocam fadiga, irritabilidade e instabilidade emocional. “Isso interfere diretamente na qualidade de vida da mulher”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Junior, mestre e doutor em Tocoginecologia pela UNICAMP.

Não é só estresse — e nem “coisa da idade”

Muitas mulheres atribuem o cansaço ao estresse da rotina, especialmente nessa fase em que acumulam responsabilidades no trabalho e na vida pessoal. No entanto, ignorar os sinais pode ser um erro. “Precisamos desmistificar essa ideia de que é normal estar cansada apenas por causa da idade. A mulher deve buscar ajuda médica ao perceber mudanças no padrão de sono”, alerta a endocrinologista Dra. Deborah Beranger.

Segundo ela, noites mal dormidas podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares e derrames. Em 2022, a American Heart Association incluiu a duração do sono entre os principais indicadores de saúde cardíaca, recomendando entre 7 e 9 horas por noite.

Nem todo cansaço é hormonal: é preciso investigar

Antes de associar o sono ruim à menopausa, o ideal é consultar um médico para avaliar outras possíveis causas. Fadiga excessiva pode ter relação com anemia, diabetes, hipertireoidismo, distúrbios cardíacos, depressão, burnout ou até efeitos colaterais de medicamentos. “É fundamental diferenciar se o cansaço é hormonal ou se há outras condições clínicas envolvidas”, explica a Dra. Deborah.

No entanto, o fator hormonal pode sim ser determinante. “A mulher continua fazendo as mesmas coisas, mas sente muito mais cansaço e perda de energia. Sem tratamento, esse quadro tende a piorar, principalmente com a perda progressiva de massa muscular e óssea”, afirma o Dr. Padovesi.

Estratégias para melhorar o sono na menopausa

A boa notícia é que a qualidade do sono pode melhorar com ajustes simples na rotina. Confira algumas recomendações:

  • Criar um ambiente escuro e silencioso no quarto;
  • Aumentar a exposição à luz natural durante o dia;
  • Estabelecer horários regulares para dormir e acordar;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Evitar álcool, cafeína e cigarro;
  • Introduzir técnicas de relaxamento, como meditação e ioga.

Nos casos mais severos, a terapia cognitivo-comportamental ou o uso controlado de medicamentos pode ser indicado. Quando a origem do problema é hormonal, a reposição de estrogênio pode melhorar o sono, além de reduzir as ondas de calor e a irritabilidade.

“O tratamento adequado faz diferença. A mulher volta a dormir melhor, sente-se mais disposta, menos cansada e recupera a qualidade de vida”, conclui o Dr. Igor Padovesi.

Fontes:
Dr. Igor Padovesi – Ginecologista, autor do livro Menopausa Sem Medo. Especialista certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS).
Instagram: @dr.igorpadovesi

Dr. Nélio Veiga Junior – Ginecologista e obstetra, doutor pela UNICAMP.
Instagram: @neliojuniorgo

Dra. Deborah Beranger – Endocrinologista com formação na SCMRJ e cursos pela Harvard Medical School e UNICAMP.
Instagram: @deborahberanger

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