Agressão estapafúrdia

Episódios caracterizados pela sensação de absurdo estão longe de constituírem novidade na trajetória da espécie humana, no entanto, saltam aos aparelhos percipientes e à inteligência o exagero e a quantidade crescente na era contemporâneaUm dos mais recentes, na alta hierarquia dos estapafúrdios, foi a agressão de um homem feito, caminhando para a maturidade, 41 anos, a uma criança de 4 anos, isso mesmo, por ter perdido a calma o agressor durante apresentação escolar junina.Sabe-se ser desprovida de uma noção mais eloquente do princípio de realidade, um menino de 4 anos, sem condições de responder por seus atos, por absoluta lacuna da consciência de si, portanto, inimputável.O princípio, aparentemente “democrático”, de dar voz e peso igual a tão díspares criaturas, não pode gerar luz, exceto pelo viés da investigação de patologias individual e coletiva, estabelecidos os critérios para diagnosticar doença mental.Causa curiosidade o fato de terem sido filmadas as cenas, vendo-se o grandalhão derrubar o menino e apontar o dedo para o seu rosto, ampliando-se o registro via celular ao dossiê comportamental.Merecido destino esperava o acusado de acrasia (quando agimos errado mesmo sabendo), pois na sequência do descontrole, agrediu a mãe de um outro aluno, recebendo voz de prisão, por ser a genitora também policial.Não há, em sã consciência, quem possa aplicar princípios de proporcionalidade no momento de flagrante perfeito de delinquência, no entanto, não é só um crime individual, há uma apatia generalizada no caso.Só em examinar o argumento de quem tenta sustentar o ataque a um guri de 4 anos, já indicia, não apenas a sombra sem consciência capaz de dizer antes de pensar, mas produz provas sobre frágeis condutas em instâncias midiático-massivas e punitivas, por pouco não recaindo sobre a criança a culpa, decretando-se estado de hospício generalizado.A omissão já sinaliza o contexto de distopia: a diretoria do colégio sediado no Distrito Federal manifestou “pesar”, dizendo-se “aberta ao diálogo”.
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