A Cemig (CMIG3 e CMIG4) anunciou a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) no valor bruto de R$ 0,28 por ação, com pagamento dividido em duas parcelas. A data de corte para ter direito ao provento é 23 de junho de 2025, com ações ficando ex-direitos em 24 de junho.
A primeira parcela, equivalente à metade do valor, será paga em 30 de junho de 2025. A segunda metade está programada para 30 de dezembro de 2025. Após a dedução de Imposto de Renda, o valor líquido para os acionistas será de aproximadamente R$ 0,238 por ação.
O dividend yield estimado sobre a cotação de fechamento de CMIG4, em R$ 10,72, é de aproximadamente 1,65%. Já para CMIG3, com cotação de R$ 15,10, o yield fica em torno de 1,17%.
Diferença de preços entre CMIG3 e CMIG4: entenda o motivo
O deságio entre as ações preferenciais (CMIG4) e ordinárias (CMIG3) da companhia se acentuou nos últimos anos. Atualmente, CMIG3 é negociada cerca de 41% mais cara que CMIG4, reflexo direto da proteção jurídica embutida nas ações ON.
CMIG3 possui Tag Along de 80%, que garante aos acionistas o direito de vender seus papéis por, no mínimo, 80% do valor pago ao controlador em caso de troca de controle. Além disso, essas ações oferecem participação direta na governança da empresa, uma vez que são as mesmas ações detidas pelo controlador, o governo de Minas Gerais.
Já CMIG4 não possui Tag Along e, em caso de mudança de controle, o investidor depende exclusivamente do mercado secundário para vender seus papéis.
PEC do referendo trava federalização ou privatização da Cemig
O futuro da Cemig está diretamente ligado à tramitação da PEC 24/2023, conhecida como PEC do Referendo, proposta pelo governo de Minas Gerais.
Atualmente, a Constituição estadual exige a realização de um referendo popular para autorizar a privatização de estatais como Cemig, Copasa e Gasmig. A proposta do governo Zema busca retirar essa exigência, permitindo que a venda de ativos estaduais ocorra apenas com aprovação da maioria simples dos deputados na Assembleia Legislativa.
Segundo o governo, essa medida é necessária para viabilizar o pagamento da entrada de 20% no acordo de adesão ao Programa de Recuperação Fiscal (PROREFIS) junto ao governo federal, destinado a equilibrar as contas do Estado.
Por outro lado, a oposição argumenta que a venda de empresas lucrativas como a Cemig não é necessária, defendendo que outros ativos, como a Codemig, poderiam ser suficientes para cumprir essa exigência financeira.
Possíveis cenários: federalização, privatização ou manutenção
O debate sobre o futuro da Cemig inclui três possibilidades:
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Federalização: Venda da participação do governo estadual ao governo federal, que passaria a controlar a empresa. Esse cenário é considerado negativo pelos investidores devido ao risco de ingerência política.
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Privatização tradicional: Venda para investidores privados, nos moldes da Eletrobras, com ou sem limite de votos para o novo controlador.
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Manutenção estatal: Caso a PEC não avance, a Cemig permanece sob controle do governo de Minas Gerais, mantendo a atual estrutura societária.
Até o momento, a PEC do Referendo não avançou de forma decisiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o que trava qualquer movimento de federalização ou privatização.
Histórico de múltiplos evidencia distorção
Analisando o histórico dos múltiplos, especialmente o Preço sobre Lucro (P/L), CMIG3 sempre negociou com prêmio em relação à CMIG4. Essa diferença se ampliou significativamente desde 2022, coincidindo com o aumento dos debates sobre federalização.
Em 2019, CMIG3 apresentava P/L de 7,2, contra 6,4 de CMIG4. Já em 2025, essa diferença saltou, refletindo tanto o risco político quanto a proteção do Tag Along embutida nas ações ordinárias.
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