O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano. A decisão, que representa uma alta de 0,25 ponto percentual, foi unânime e contrariou as expectativas da maior parte dos analistas, que projetavam manutenção no atual patamar.
O aumento é a sétima elevação consecutiva da taxa básica de juros, refletindo o cenário de inflação persistente acima da meta e de uma economia doméstica mais aquecida do que o esperado.
Por que o Banco Central subiu a Selic?
De acordo com comunicado do Copom, a decisão foi motivada pela combinação de três fatores principais:
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Inflação desancorada: A inflação brasileira segue fora da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), pressionada por demanda interna aquecida e choques externos.
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Economia resiliente: Dados recentes apontam que a atividade econômica no Brasil continua robusta, com consumo elevado, mercado de trabalho aquecido e crescimento acima do projetado.
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Cenário internacional: O Banco Central também mencionou o ambiente econômico dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve manteve os juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, apesar das pressões internas por redução.
Quem votou a favor da alta da Selic?
A decisão foi unânime entre os membros do Copom. Votaram pela elevação os seguintes integrantes:
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Gabriel Galípolo (presidente do Banco Central)
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Newton Davi de Ávila (diretor de Política Monetária)
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Aílton de Aquino Santos (diretor de Fiscalização)
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Isabela Correa (diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta)
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Diogo Guillen (diretor de Política Econômica)
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Gilneu Vivan (diretor de Regulação)
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Paulo Picchetti (diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos)
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Renato Dias de Brito Gomes (diretor de Organização do Sistema Financeiro)
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Rodrigo Alves Teixeira (diretor de Administração)
Impacto da Selic a 15% na economia brasileira
A manutenção da taxa Selic em patamares elevados tem diversos efeitos diretos e indiretos sobre a economia. Segundo o próprio Banco Central, os juros altos são o principal instrumento para conter a inflação, uma vez que encarecem o crédito e reduzem o consumo e os investimentos.
Crédito e financiamento
Com a Selic em 15%, linhas de crédito como financiamento imobiliário, empréstimos pessoais e crédito para empresas tendem a ficar mais caros. Isso inibe a tomada de crédito, freando a expansão do consumo.
Inflação
A elevação da Selic busca controlar a demanda, pressionando a inflação para retornar à meta. No entanto, a eficácia pode demorar alguns trimestres, considerando o efeito defasado da política monetária.
Investimentos e renda fixa
Os investidores são diretamente impactados. Títulos públicos, CDBs, LCIs, LCAs e outros investimentos atrelados ao CDI ficam mais atrativos, oferecendo rentabilidades nominais elevadas. Isso tende a provocar migração de recursos da Bolsa para a renda fixa.
Crescimento econômico
O encarecimento do crédito e a redução do consumo impactam negativamente o Produto Interno Bruto (PIB). As projeções preliminares do mercado já apontam revisão para baixo no crescimento de 2025.
Cenário global influencia a decisão
O Copom também destacou no comunicado que o ambiente externo foi determinante na decisão. A manutenção dos juros nos Estados Unidos, mesmo com pressões políticas internas — como os apelos do ex-presidente Donald Trump por cortes —, contribuiu para a postura mais cautelosa do Banco Central brasileiro.
Além disso, o cenário internacional permanece desafiador, com crescimento global moderado e incertezas sobre comércio internacional, sobretudo após o aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos.
Próximos passos do Banco Central
O Banco Central indicou que seguirá acompanhando atentamente os dados de inflação, atividade econômica e expectativas do mercado para as próximas reuniões do Copom. A autoridade monetária deixou claro que poderá manter os juros elevados por um período prolongado, caso a inflação continue resistente e fora das metas estabelecidas.
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