Banco Central eleva Selic a 15% e acende alerta na economia brasileira

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, de forma unânime, a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, levando os juros básicos da economia brasileira para 15% ao ano. Este é o maior patamar desde julho de 2006, consolidando um ciclo de alta que já dura sete reuniões consecutivas, iniciado em setembro do ano passado.

A decisão reflete o aumento das incertezas no cenário externo, principalmente com a política tarifária adotada por Donald Trump nos Estados Unidos, além da inflação doméstica que segue acima da meta tanto para 2025 quanto para 2026.

O próprio Banco Central sinalizou no comunicado que este deve ser o último ajuste, indicando a possibilidade de encerrar o ciclo na próxima reunião, prevista para o final de julho.

Por que o Banco Central subiu a Selic para 15%?

O principal fator que levou à elevação da Selic foi o aumento das pressões inflacionárias, tanto internas quanto externas. Segundo o Banco Central, a expectativa para a inflação segue desancorada, ou seja, acima das metas estabelecidas para os próximos anos.

Entre os fatores de risco estão:

  • Incertezas internacionais, especialmente a escalada nas tarifas de importação dos EUA, que podem impactar cadeias produtivas e preços globais.

  • Inflação de serviços persistente no Brasil, muito sensível à demanda interna, que não cede no ritmo esperado.

  • Risco fiscal elevado, com aumento de gastos públicos e incerteza sobre a trajetória da dívida pública brasileira.

Impacto da Selic a 15% na economia brasileira

Inflação: controle, mas com efeitos colaterais

Segundo especialistas, a Selic a 15% funciona como um freio para a inflação dos serviços, que responde diretamente à atividade econômica doméstica, como aluguel, mensalidades, alimentação fora de casa e serviços pessoais.

Por outro lado, ela tem pouco efeito sobre preços internacionais, como petróleo, energia e commodities, que continuam sendo afetados pela geopolítica global e pelas medidas protecionistas dos EUA.

Crescimento econômico: forte desaceleração

O efeito colateral de juros tão altos é a redução do consumo, queda nos investimentos produtivos e retração no mercado de crédito. Isso tende a provocar:

  • Desaceleração da economia

  • Aumento do desemprego

  • Queda na confiança do empresariado e dos consumidores

Crédito e endividamento: mais caro e restrito

Com a Selic a 15%, os custos dos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito disparam. Isso afeta diretamente:

  • Empresas, que enfrentam dificuldade para financiar expansão, estoque e capital de giro.

  • Famílias, que veem aumentar os custos do crédito pessoal, financiamento imobiliário e dívidas rotativas.

Mercado financeiro: impacto nos investimentos

  • Renda fixa: Com a Selic neste nível, CDBs, Tesouro Selic, LCI, LCA e títulos IPCA+ disparam em rentabilidade, superando boa parte dos investimentos de risco.

  • Bolsa de Valores: A tendência é de queda nas ações, especialmente dos setores sensíveis ao crédito, como varejo, construção civil e tecnologia.

  • Fundos imobiliários: Sofrem pressão negativa, com os investidores migrando para a renda fixa, que oferece rentabilidade elevada e risco baixo.

  • Dólar: Pode apresentar volatilidade, dependendo do equilíbrio entre o fluxo de capitais para mercados emergentes e a aversão ao risco global.

O que esperar daqui para frente?

O Banco Central sinalizou que este pode ser o último aumento de juros neste ciclo, dependendo da evolução:

  • Da inflação nos próximos meses;

  • Da política econômica interna, especialmente na área fiscal;

  • E dos desdobramentos da guerra comercial causada pelas tarifas dos EUA.

Se a inflação começar a ceder de forma consistente, a expectativa do mercado é que os juros possam começar a cair a partir do segundo semestre de 2025 ou início de 2026.

Resumo dos principais impactos da Selic a 15%

  • Inflação: Redução gradual, mas com efeitos limitados sobre preços externos.

  • Crescimento: Desaceleração econômica, com risco de recessão técnica.

  • Crédito: Mais caro e difícil tanto para empresas quanto para consumidores.

  • Investimentos: Migração em massa para renda fixa, queda na Bolsa e pressão sobre FIIs.

  • Emprego: Tendência de aumento no desemprego, devido à retração econômica.

Remédio amargo, mas necessário?

A elevação da Selic para 15% é uma tentativa do Banco Central de reconquistar a credibilidade sobre o controle da inflação, mesmo que isso custe uma desaceleração significativa da economia no curto prazo.

É um remédio amargo, que gera alívio parcial sobre a inflação, mas cobra um preço alto no nível de atividade econômica, no consumo, no crédito e no mercado de trabalho.

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