
Ferramenta criada na UFSC mapeia imprensa local através da busca de palavras e termos-chave. Ideia é ajudar órgão em processos envolvendo fraudes em licitações e contratos públicos. Ana Clara Stüpp, responsável pelo desenvolvimento do projeto, é aluna de Sistemas de Informação na UFSC
UFSC/ Divulgação
Uma inteligência artificial desenvolvida na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vai auxiliar o Ministério Público do estado a investigar fraudes em licitações e contratos públicos a partir do mapeamento e da coleta de notícias sobre corrupção na mídia catarinense.
🔎 A ferramenta, chamada de CONO, mapeia notícias publicadas em portais de notícias no estado através da busca de palavras e termos-chave, como “licitação fraudulenta”, “mandado de busca”, “corrupção” e “fraude”.
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Após o mapeamento, o programa realiza a validação dos termos e destaca as cidades, os nomes de pessoas e organizações, os tipos de fraudes e os valores em dinheiro mencionados. As informações ficarão armazenadas em um banco de dados de acesso exclusivo do MPSC.
O CONO foi pensado por Ana Clara Stüpp, estudante do curso de Sistemas da Informação que integra o projeto Céos, vinculado ao Departamento de Informática e Estatística da universidade e financiado pelo MPSC.
A ferramenta se baseia na coleta automatizada de dados e “raspagem” de notícias da internet. O programa ainda está em desenvolvimento, mas deve ficar pronto para uso ainda neste ano (veja mais abaixo).
Para interpretar parte dos textos, o programa utiliza um Large Language Model (LLM), ou “modelo de linguagem grande”, que é um tipo de inteligência artificial que utiliza grandes conjuntos de dados para entender, gerar e manipular a linguagem humana. Esses modelos são treinados com ampla quantidade de conteúdo e podem realizar tarefas como geração de texto, tradução, resumo e resposta a perguntas.
Origem
A professora Carina Friedrich Dorneles, uma das coordenadoras do Céos, contou que a ideia surgiu após alunos e professores realizarem reuniões, workshops e entrevistas com representantes do MP sobre o funcionamento de processos de licitação.
Esse acompanhamento ocorreu para que o grupo pudesse entender as tipologias de fraudes nos processos públicos, desde a abertura de editais até a assinatura de contratos.
“Durante uma dessas entrevistas, uma das promotoras deu a ideia de que seria interessante ter um aplicativo que coletasse notícias sobre fraudes que saem na mídia. Estas notícias poderiam servir como subsídio à investigação, sendo ponto de partida para investigações mais aprofundadas, especialmente em casos que ainda não chegaram oficialmente aos órgãos de controle”, explica.
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A estudante Ana Clara Stüpp, responsável pelo projeto, defende que a ferramenta busca utilizar a IA e a tecnologia para o benefício da sociedade.
“A nossa ideia realmente é popularizar. Começando pelos órgãos públicos, nos quais muitas vezes as pessoas, apesar de serem servidoras públicas, também não possuem muita noção de tecnologia. Então, começamos por eles para, quem sabe, partir para a sociedade no geral”, diz.
Em desenvolvimento
O CONO começou a ser projetado pela estudante no início de 2024 e segue em desenvolvimento. O processo de coleta de dados pela inteligência artificial, por exemplo, ainda não foi totalmente automatizado, havendo a necessidade de iniciar o programa manualmente.
A estudante menciona que a ideia é que o programa faça duas varreduras por dia de maneira automática.
Ana Clara Stüpp e a professora Carina Friedrich Dorneles receberam menção honrosa da XX Escola Regional de Banco de Dados
UFSC/ Divulgação
Apesar de ainda não ter sido concluída, o trabalho, orientado pela professora Carina Friedrich Dorneles, foi premiado com “Menção Honrosa” durante a XX Escola Regional de Banco de Dados (ERBD 2025), realizada na UFSC entre os dias 23 e 25 de abril.
Agora, o foco dela é finalizar o CONO, para que possa ser usado pelo MPSC e, em seguida, aprimorar o artigo para submissão no 40° Simpósio Brasileiro de Banco de Dados (SBBD), que ocorre entre 29 de setembro e 2 de outubro, em Fortaleza (CE).
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