Cientista brasileiro lidera missão espacial para escanear Amazônia e Cerrado

Uma missão espacial brasileira liderada pelo cientista, Renato Borges, do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), irá escanear biomas na Amazônia e no Cerrado com o objetivo de combater às mudanças climáticas. O projeto ainda em fase de revisão foi desenvolvido também por pesquisadores da Universidade Federal de Brasília (UnB).A iniciativa que mobiliza a entidade de fomento à pesquisa no Distrito Federal, empresa europeia e Universidades do Brasil, Espanha e Reino Unido, é liderada pelo pesquisador do IEEE, reconhecida como a maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia para a humanidade.O Projeto Perception, tem foco em uma plataforma espacial que combina tecnologia e ferramentas de análise e processamento de dados para mapear áreas críticas do Cerrado e da Amazônia. O objetivo é ampliar a rede de coleta de dados e identificar “as transições de um ambiente para outro e os impactos das atividades [agrícolas e extrativistas]”, contou Renato Borges em entrevista exclusiva ao A TARDE.Além de detectar, em tempo real, as variações climáticas e degradação do solo, o sistema promete também entregar insumos valiosos para o desenvolvimento de políticas públicas de preservação e desenvolvimento sócio-econômico-ambiental ao ecossistema.

Equipamento coleta dados via sensores terrestres e tecnologias de comunicação por satélite

|  Foto: Divulgação

Como funciona o sistema?O Perception é uma plataforma de dados que integra hardware e software para aliar a captação, geração e processamento de dados coletados via sensores terrestres e tecnologias de comunicação por satélite. E reúne um conjunto de “informações para você ter flexibilidade, ser versado para entrar com metodologias preditivas, usando IA, dentre outros, para várias aplicações”, explica o pesquisador sobre o objetivo do projeto no monitoramento contínuo dos ativos ambientais brasileiros.“No longo prazo, a missão poderá ser expandida para fazer a varredura de outros biomas, zonas costeiras, áreas de risco e fronteiras agrícolas tidas como relevantes pelas autoridades“, explica Borges. “Outro legado consiste em fortalecer o monitoramento ambiental via satélite, em linha com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados globalmente para combater os efeitos do aquecimento global”, completa.Impactos positivos da iniciativaA iniciativa também pode fazer a diferença e fazer um raio-x dos principais problemas ambientais dos biomas, ao identificar pontos de risco, alagamentos, deslizamentos e áreas mais críticas, além de informações de gestão agrícola, no ganho de eficiência energética e hídrica da região contemplada pelo mecanismo de observação.

Pesquisadores afirmam que Perception entrega informações em tempo real

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A detecção precoce de ameaças naturais e ação imediata também contribui para minimizar os impactos ambientais, e favorecer o desenvolvimento das áreas analisadas, além de impactar direta e indiretamente o arcabouço científico para viabilizar o projeto.

Ao entregar informações em tempo real, o Perception contribui para mais assertividade no manejo sustentável do solo, ajustes climáticos e prevenção contra possíveis danos decorrentes de tragédias naturais

Renato Borges – Pesquisador do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEE)

Grupos de sustentação mobilizadosO projeto tem origem e aproveita experiências anteriores proporcionadas pela missão AlfaCrux, nanossatélite que orbitou no planeta entre 2022 e 2024, coletou informações ambientais e capacitou 30 pesquisadores em tecnologia espacial. Atualmente, as ações são realizadas no Laboratório de Simulação e Controle de Sistemas Aeroespaciais (LODESTAR), na UnB.

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A equipe de Renato Borges conta ainda com o suporte tecnológico da empresa espanhola Alén Space e as contribuições acadêmicas das Universidades de Vigo, na Espanha, e de Nottingham, no Reino Unido. O financiamento do projeto foi feito pela Fundação de Apoio e Pesquisa (FAPDF), que investiu R$ 1,5 milhão e conta ainda com a cooperação de um conjunto de startups e empresas para explorar a possibilidade de criar um mercado de análise desses novos dados.

Projeto contou com apoio da Fundação de Apoio e Pesquisa (FAPDF)

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Como funciona e qual tecnologia por trás do projeto?O sistema Perception conta com uma plataforma para testar e validar redes de comunicação. A FlatSat Perceive reúne um sistema completo de satélite para protótipos e consolidação de tecnologias da comunicação espacial. Essa estrutura deverá amparar futuros satélites e servir de canal de demonstração tecnológica de carga para obter informações sobre a área monitorada.“Nós trabalhamos com várias constelações de satélites, com várias redes, dentre elas de parceiros nacionais e internacionais, podemos trabalhar com serviços que já estão disponibilizados comercialmente”, afirma Renato Borges, que reforça a categorização das informações e dos e os dados para tratar a segurança da informação.Segundo o especialista, o projeto recorre a servidores com gateway robusto e de baixo consumo otimizado para o ambiente espacial e transceptores independentes de chips proprietários dotados de maior flexibilidade e maior poder de adaptação.

Sistema de coleta de dados são baseados em duas redes principais

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Todo o aparato conta com duas frentes de aplicação, uma nas torres de captação instaladas na Floresta Amazônica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A outra, no Cerrado, dedicada a detectar informações de recursos hídricos e de fluxo de carbono na região.Os sistemas de coleta de dados são baseados em duas redes principais que se dedicam ao envio de volumes expressivos de informações e à comunicação crítica em banda estreita que será viabilizada pelo satélite Perceive. A estrutura é planejada para ser o primeiro satélite operacional do Sistema Perception, atualmente em fase de revisão e ajuste do modelo de arquitetura de sistemas, análise de missão, modelagem de desenvolvimento e especificação dos requisitos técnicos.Quando será a missão?A estimativa é de que o Perceive seja lançado no máximo no primeiro semestre de 2027. Já o projeto piloto da plataforma Perception deve ser entregue no segundo semestre de 2025, conforme Renato Borges. “Nós estaríamos prontos para lançar esse satélite no final do próximo ano, início de 2027”, conclui o pesquisador.

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