Com os preços do petróleo e do minério de ferro recuando para patamares historicamente baixos, o investidor brasileiro se depara com uma dúvida recorrente: é hora de comprar ações da Vale ou da Petrobras? Ambas são gigantes do setor de commodities, pagam bons dividendos e têm participação relevante no Ibovespa — mas há diferenças cruciais que você precisa entender antes de decidir.
Panorama atual: queda nas commodities pressiona o Ibovespa
A recente queda das commodities tem sido influenciada por diversos fatores macroeconômicos:
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Petróleo atingiu a mínima em quatro anos, refletindo o temor de recessão global e as tarifas comerciais propostas por Donald Trump.
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Minério de ferro também sofreu queda superior a 2%, sendo negociado próximo dos US$ 100 a tonelada.
Essas retrações impactam diretamente a bolsa brasileira, que tem forte exposição a empresas como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4). Ao mesmo tempo, o dólar avança, com os investidores migrando para ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro americano.
Petrobras ou Vale: qual está mais barata?
Múltiplos de valuation
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Petrobras (PETR4): P/L de 12x e P/VP de 1,23
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Vale (VALE3): P/L de 7,5x e P/VP de 1,16
À primeira vista, a Vale parece mais atrativa nos múltiplos. Mas atenção: em empresas de commodities, múltiplos baixos nem sempre indicam bom momento de compra. Na verdade, múltiplos mais elevados podem sinalizar que a empresa está no fundo do ciclo, com resultados deprimidos e potencial de recuperação.
Comparando com pares internacionais:
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Chevron (par da Petrobras): P/L de 14,3x e P/VP de 1,66
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Rio Tinto (par da Vale): P/L de 4x
Nesse cenário, Petrobras continua barata frente às gigantes globais, enquanto a Vale está em linha com seus concorrentes.
Dividendos: quem paga mais em 2025?
Aqui está o ponto que realmente interessa para muitos investidores: o rendimento com dividendos (dividend yield).
Petrobras:
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Projeção de dividend yield de até 14% para 2025, mesmo após a redução do payout para 45% do fluxo de caixa livre.
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A política de preços menos sensível à volatilidade do petróleo protege parte da geração de caixa.
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Pressões políticas e necessidade de recursos do governo federal devem manter os dividendos elevados.
Vale:
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Projeção de dividend yield entre 9% e 10% com base nos preços atuais do minério.
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Forte dependência da China e maior sensibilidade a ciclos econômicos globais.
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Empresas concorrentes de peso no mercado internacional (Rio Tinto, BHP).
Conclusão parcial: em termos de retorno por dividendos, Petrobras leva vantagem clara neste momento.
Rentabilidade histórica: Petrobras ou Vale?
Desde 1994, os dados apontam:
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Vale valorizou cerca de 30.000%
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Petrobras subiu 23.000%
A diferença se acentuou especialmente durante o superciclo das commodities até 2015. No entanto, de lá para cá, o cenário se inverteu: Petrobras entregou retornos consistentes enquanto a Vale entrou em um ciclo de baixa.
Riscos e considerações estratégicas
Petrobras:
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Maior previsibilidade de fluxo de caixa no curto prazo.
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Exposição a riscos políticos e intervenção estatal.
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Forte influência de decisões do governo sobre política de preços e distribuição de dividendos.
Vale:
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Alta correlação com a China e com a demanda global por aço.
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Menor intervenção governamental.
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Mais sensível a oscilações do preço do minério de ferro.
Outras Petrolíferas: PetroRecôncavo, 3R Petroleum e PRIO
Embora existam outras opções no setor de petróleo no Brasil, o momento atual exige cautela:
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PRIO e 3R Petroleum: com foco em crescimento e ganho de capital, não são ideais para quem busca dividendos imediatos.
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PetroRecôncavo: interessante no quesito dividendos, mas ainda é uma small cap com menos previsibilidade.
Assim, para quem busca segurança e previsibilidade, Petrobras se mantém como a escolha mais prudente entre as petrolíferas nacionais.
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