Exposição revela os bastidores da Casa Museu Ema Klabin antes de se tornar museu

Ema Klabin ao lado da pequena Ema Lopes, filha de uma funcionária, que recebeu esse nome em sua homenagem. Nascida na residência, viveu ali com a família por 11 anos, no quarto que hoje abriga a sala do curador. Atualmente, é farmacêutica. Foto: Divulgação/ Arquivo Ema Lopes, reprodução Arquivo Casa Museu Ema Klabin.

Até 24 de agosto, a Casa Museu Ema Klabin apresenta a exposição “Tempos de uma casa”. A mostra convida o público a conhecer os bastidores da residência de Ema Klabin, antes de sua transformação em museu.

Com curadoria de Paulo de Freitas Costa, a exposição propõe um olhar mais íntimo e menos idealizado. Em vez de focar apenas na coleção de arte, o público poderá mergulhar em histórias reais vividas por Ema e pelas pessoas que a cercavam.

Esses relatos ajudam a romper com a imagem glamourosa, muitas vezes associada à vida de colecionadores. Em seu lugar, surgem memórias construídas a partir de relações afetivas, rotinas e colaborações.

Vidas que habitaram a casa

Durante os 33 anos em que viveu ali, Ema Klabin dividiu sua casa com diversos funcionários. Alguns ficaram por décadas e participaram ativamente do dia a dia.

Um dos destaques é Maria Fabelina Ramos Martins, copeira que trabalhou com Ema de 1960 a 1994. Outro nome presente na mostra é Ema Lopes Rodrigues, filha de funcionários, que recebeu esse nome em homenagem à anfitriã.

Ema Lopes viveu com a família na casa por 11 anos. Hoje, ela é farmacêutica. O quarto onde morava com os pais abriga atualmente a sala do curador.

Essas histórias são contadas por meio de fotografias, objetos pessoais e depoimentos. Elas ajudam a reconstruir a rotina da residência e revelam a importância de quem esteve por trás das cortinas.

Espaços e objetos ganham novos significados

A mostra permite o acesso a ambientes que normalmente não estão abertos ao público. Um exemplo é a antiga cozinha da casa, preservada com parte da estrutura original. Hoje, o local é utilizado pelos funcionários da instituição.

Além disso, a exposição apresenta mais de 80 documentos, 60 fotos históricas e 90 objetos pessoais ou domésticos. Esses itens revelam detalhes do cotidiano de Ema Klabin e mostram aspectos que geralmente ficam fora dos holofotes.

Recipiente para servir carnes. Foto: Sérgio Zacchi/ Arquivo Casa Museu Ema Klabin
Recipiente para servir carnes. Foto: Sérgio Zacchi/ Arquivo Casa Museu Ema Klabin

Entre os destaques estão um caderno onde Ema anotava os jantares que organizava, com escolha de porcelanas e arranjos florais. Também há listas de presentes, taças, campainhas de mesa, porta-fósforos e outras peças que revelam sua atenção aos detalhes.

Casa como lugar de encontros

A residência era muito mais que um lar: funcionava também como espaço de convivência cultural. Por ali passaram nomes como Assis Chateaubriand, Magda Tagliaferro, José Mindlin e João Carlos Martins.

Esses encontros continuam inspirando o museu. A cada semestre, a equipe remonta a mesa de jantar, com base em registros da própria Ema. Dessa forma, o público pode vivenciar parte da atmosfera que marcou os eventos realizados ali.

 

 

A antiga cozinha da casa, que não é aberta ao público, mantém parte de sua estrutura original e hoje serve como espaço para guarda-volumes e alimentação dos funcionários da instituição. Foto: Arquivo Casa Museu Ema Klabin
A antiga cozinha da casa, que não é aberta ao público, mantém parte de sua estrutura original e hoje serve como espaço para guarda-volumes e alimentação dos funcionários da instituição. Foto: Arquivo Casa Museu Ema Klabin

Documentos reveladores

A exposição também exibe convites históricos, como o da recepção em homenagem à Rainha Elizabeth II e ao Príncipe Philip, no Palácio dos Bandeirantes.

Convite endereçado a Ema Klabin para recepção em homenagem à Rainha Elizabeth II e ao Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, no Palácio dos Bandeirantes, em 1968. Arquivo Ema Klabin
Convite endereçado a Ema Klabin para recepção em homenagem à Rainha Elizabeth II e ao Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, no Palácio dos Bandeirantes, em 1968. Arquivo Ema Klabin

Outros registros ajudam a compor o retrato de uma mulher ativa na vida cultural. Entre eles estão anotações de viagens, agendas com receitas, listas de vinhos e até documentos bancários da Fundação Ema Klabin, criada por ela.

Peças curiosas, como um secador de cabelo de cúpula, frascos de perfume em cristal e móveis com marchetaria, também fazem parte da mostra. Esses objetos revelam o lado mais íntimo da moradora e ajudam a conectar passado e presente.

Frascos de Perfumes, Séc. XVIII. Cristal transparente lapidado com tampas em ouro e prata. Foto: Sérgio Zacchi do Estúdio Massapê
Frascos de Perfumes, Séc. XVIII. Cristal transparente lapidado com tampas em ouro e prata. Foto: Sérgio Zacchi do Estúdio Massapê

 

Uma casa feita de pessoas

Para o curador, a exposição é um convite à escuta. “A ideia é mostrar que, embora Ema morasse sozinha, nunca viveu isolada. Havia uma rede ao redor, formada por quem cuidava da casa com dedicação diária. Essas histórias precisam ser contadas”, afirma Paulo de Freitas Costa.

Mesa holandesa de madeira com marchetaria, séc XIX. Foto: Sérgio Zacchi/Arquivo Casa Museu Ema Klabin
Mesa holandesa de madeira com marchetaria, séc XIX. Foto: Sérgio Zacchi/Arquivo Casa Museu Ema Klabin

Dessa forma, “Tempos de uma casa” amplia o olhar sobre a trajetória da colecionadora. E também resgata o valor de todos que ajudaram a transformar sua residência em um espaço vivo, acolhedor e cheio de memórias.

Serviço
Exposição: Tempos de uma casa
Curadoria: Paulo de Freitas Costa
Onde: Casa Museu Ema Klabin – Rua Portugal, 43 – Jardim Europa, São Paulo
Quando: até 24 de agosto de 2025
Entrada gratuita, com agendamento no site oficial

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