Os skinboosters, também conhecidos como hidratação injetável, vêm conquistando espaço nos consultórios dermatológicos e nas redes sociais. A promessa de uma pele mais jovem, viçosa e luminosa — sem alterar os contornos faciais — atrai especialmente quem tem receio de efeitos artificiais causados por preenchimentos. No entanto, especialistas alertam: trata-se de um procedimento médico, que exige diagnóstico preciso e não substitui outras abordagens, como os preenchedores de ácido hialurônico.
“Os skinboosters não têm a função de repor volume ou sustentar estruturas faciais. Eles atuam exclusivamente na qualidade da pele, promovendo hidratação profunda, elasticidade e firmeza”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ainda assim, ela ressalta que muitos pacientes chegam ao consultório acreditando se tratar de uma solução leve e isenta de riscos, o que não é verdade. “É um procedimento invasivo, que precisa de critérios técnicos para ser indicado com segurança.”
Naturalidade, sim. Mas com técnica
Na prática, os skinboosters consistem na aplicação de microinjeções intradérmicas de ácido hialurônico pouco ou não reticulado, muitas vezes combinadas com antioxidantes e outros ativos hidratantes. Esse tipo de ácido hialurônico não oferece volume como os preenchedores, mas atua como um potente hidratante interno.
“O ácido hialurônico tem alta capacidade de atrair e reter água, o que melhora a textura da pele de dentro para fora. Além disso, estimula a produção de colágeno e elastina, o que favorece a regeneração da pele a médio e longo prazo”, afirma a Dra. Paola. Apesar dos benefícios, ela alerta para o crescimento do uso indiscriminado: “Há uma banalização do procedimento como se fosse uma ‘injeção de beleza rápida’, sem considerar os riscos e as contraindicações.”
Skinbooster não é preenchedor — e vice-versa
Muitos pacientes chegam ao consultório pedindo pelo skinbooster na tentativa de fugir do ácido hialurônico preenchedor, temendo o resultado artificial. No entanto, a Dra. Beatriz Lassance, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que os dois procedimentos têm finalidades distintas e podem, inclusive, ser complementares.
“O problema com os preenchedores geralmente está na indicação errada. Preencher um sulco sem avaliar a estrutura facial pode gerar um efeito indesejado, como um rosto mais pesado. Já em outros casos, o preenchedor é necessário para reposicionar volumes perdidos ou reestruturar áreas afetadas pelo envelhecimento. Tudo depende do diagnóstico médico”, explica.
Por exemplo, segundo a especialista, o famoso sulco nasogeniano, conhecido como “bigode chinês”, pode ter como causa a perda de gordura na maçã do rosto. Nesse caso, apenas preencher o sulco pode piorar a estética. “A abordagem correta pode envolver preenchimento em outra região ou até tecnologias como ultrassom microfocado, ou mesmo cirurgia”, completa.
Riscos e contraindicações existem
Apesar de serem considerados seguros quando aplicados corretamente, os skinboosters não estão isentos de riscos. Reações inflamatórias, edemas, nódulos e até necrose podem ocorrer em casos de má aplicação — especialmente quando o procedimento é realizado por pessoas não qualificadas ou em locais sem estrutura adequada.
“É preciso considerar contraindicações, como alergias, uso de anticoagulantes, doenças autoimunes ou imunossupressão. Além disso, não é indicado aplicar em regiões como as pálpebras, onde a pele é muito fina”, adverte Dra. Beatriz.
Skinbooster não substitui cuidados diários
Outro erro comum é acreditar que os skinboosters substituem os cuidados rotineiros com a pele. “Eles são apenas um recurso complementar. Fotoproteção diária, uso de antioxidantes, limpeza adequada e reposição da barreira cutânea continuam sendo fundamentais”, reforça Dra. Paola.
Por fim, a médica destaca que a busca por resultados naturais e imediatos não deve sobrepor-se à segurança e à técnica. “Vivemos uma era em que a sutileza estética é valorizada. Porém, essa sutileza só é possível com conhecimento, avaliação criteriosa e a condução médica correta. Estética sem ética é um risco”, conclui.
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