A taxa Selic em patamares elevados reacende um dilema clássico para quem investe com foco em renda: optar por Fundos Imobiliários (FIIs) ou apostar no Tesouro Renda+? A resposta não é binária, mas sim estratégica — e passa, principalmente, pela construção de um portfólio bem planejado e diversificado.
O cenário atual: Selic a 15% e oportunidades no radar
Em 2025, a taxa Selic chegou a níveis próximos de 15%, refletindo um ciclo de aperto monetário prolongado. Com esse cenário, títulos de renda fixa atrelados à inflação, como o Tesouro Renda+, estão oferecendo retornos reais atrativos — em alguns casos, IPCA+7%.
Esse tipo de rentabilidade é rara e, segundo especialistas como Arthur Vieira de Moraes e Marcos Baroni, precisa ser considerada como uma oportunidade estratégica. No entanto, isso não significa abandonar os FIIs, mas sim calibrar os aportes de forma inteligente.
Fundos Imobiliários: renda mensal e diversificação imediata
Os FIIs continuam sendo uma peça fundamental para o investidor que busca renda recorrente. Ao adquirir cotas, o investidor começa a receber rendimentos mensais já no mês seguinte, o que os torna atrativos para quem quer fluxo de caixa imediato.
“Fundo imobiliário coloca dinheiro no bolso já no mês seguinte. Tesouro Renda+ só a partir da data definida no título”, destaca Arthur Vieira de Moraes.
Além disso, as cotas dos FIIs estão descontadas, o que pode representar uma oportunidade de entrada com preços mais baixos. No entanto, seu desempenho é sensível às oscilações dos juros, o que pode impactar o valor das cotas no curto prazo.
Tesouro Renda+: uma nova era na renda fixa
Lançado em 2024, o Tesouro Renda+ foi desenhado com foco previdenciário. Ele promete uma renda mensal constante a partir de uma data futura (como 2035 ou 2060), com uma taxa real prefixada e protegida contra a inflação.
Segundo Arthur, esse título é uma “nova referência de comparação” para os FIIs e deve estar presente em qualquer carteira de longo prazo:
“Nenhum fundo imobiliário consegue garantir IPCA+7 até 2060. O Tesouro Renda+ entrega isso com risco soberano, que é o menor da economia brasileira.”
Estratégia de portfólio: o equilíbrio é a chave
Baroni alerta que o maior erro do investidor é girar a carteira ao sabor do momento. Em vez de fazer “cavalos de pau” e trocar todos os FIIs por títulos públicos ou vice-versa, o ideal é ajustar gradualmente os aportes, conforme as oportunidades surgem.
“Não estamos falando em abandonar os FIIs, mas sim em ponderar. A alta nos juros pode ser um convite para antecipar sua aposentadoria, aproveitando taxas que não serão vistas novamente por muito tempo.”
Uma estratégia inteligente considera:
-
Renda no curto prazo (FIIs)
-
Renda futura e protegida da inflação (Tesouro Renda+)
-
Reserva de liquidez (Tesouro Selic ou CDBs)
-
Potencial de valorização (ações e ativos reais)
O perigo de não ter planejamento
Arthur lembra que muitos brasileiros têm uma “coleção de investimentos”, mas não um portfólio de verdade.
“O investidor compra o que o assessor indica, mas sem um plano. Planejamento é saber o que você quer, onde quer chegar e por que escolheu cada ativo.”
Um portfólio bem estruturado define limites mínimos e máximos por classe de ativo, permite ajustes táticos e evita decisões baseadas na emoção.
Histórico do IFIX: mesmo com juros altos, fundos valorizam
Um ponto importante trazido por Baroni é que, mesmo em ciclos de juros elevados, o IFIX (índice de FIIs da B3) já apresentou forte valorização. Entre 2016 e 2019, por exemplo, o IFIX saiu da casa dos 1.300 para mais de 3.200 pontos, mesmo com a Selic começando em 14,25% ao ano.
Isso mostra que o mercado antecipa os movimentos futuros e, por isso, o investidor precisa estar posicionado com antecedência.
FIIs e Tesouro Renda+ são complementares
A grande mensagem dos especialistas é clara: não se trata de escolher entre FIIs e Tesouro Renda+, mas de combiná-los no portfólio.
Enquanto os FIIs oferecem renda imediata, o Tesouro Renda+ entrega previsibilidade e segurança para o longo prazo. Ambos têm lugar na estratégia de quem pensa em independência financeira, aposentadoria antecipada ou geração de renda passiva.
Dica final:
Com as taxas atuais do Tesouro Renda+ em IPCA+7, o momento é raro. Aproveitá-lo pode significar garantir uma aposentadoria mais tranquila, desde que sem comprometer o equilíbrio do portfólio.
O post Tesouro Renda+ ou Fundos Imobiliários? Com Selic em 15%, veja como investir com estratégia apareceu primeiro em O Petróleo.