Primeira Cervejaria de Fazenda do Brasil, Uaimií oferece tour com degustação em Acuruí, a poucos quilômetros de BH

No distrito de Acuruí, em Itabirito, a Cervejaria Uaimií é sustentada por três pilares que se entrelaçam: cultura, história e sabor. O espaço integra a Rota Turística Jaguara e ajuda a contar, com simplicidade e personalidade, parte da tradição local. O empreendimento surgiu de um desejo compartilhado entre pai, mãe e filho.

Tudo começou quando José Maurício Siqueira, atualmente com 71 anos, saiu de Governador Valadares rumo a Belo Horizonte para estudar Medicina. “Vim para estudar, mas por aqui casei e fiquei”, afirma ele. Ao BHAZ, Siqueira explica que sua esposa é florista e comprou a propriedade na zona rural de Itabirito para que a amada cultivasse flores tropicais e plantas ornamentais.

A ideia de transformar o lugar em algo além do cultivo de flores surgiu quando o filho completou 14 anos. “A cervejaria surgiu mais de um projeto do filho para pai do que pai para filho. Ele começou a se interessar pelas cervejas artesanais e me chamou para fazer um curso” — um convite que marcaria o início da trajetória entre pai e filho e daria origem à primeira “Cervejaria de Fazenda” do Brasil.

José Maurício Siqueira ao lado de uma das cervejas produzidas na Uaimií, em Acuruí (Leo Garibaldi/BHAZ)

“Então, nós começamos a produzir nossas próprias cervejas. Inicialmente, a gente distribuía as cervejas para parentes, amigos… mas eles foram gostando muito e minha esposa, que já trabalhava como comerciante, deu a seguinte ideia: ‘Vamos fazer uma fábrica de cerveja artesanal. Transformar o hobby em empreendedorismo’. Aí nós construímos a fábrica em 2014, no meio das plantações de flor e folhagem”, relata.

Do conceito europeu à identidade brasileira

A Uaimií, segundo Siqueira, é a primeira cervejaria de fazenda do Brasil. O conceito surgiu após a família ir para a Europa. “Lá é muito forte e comum esse tipo de empreendimento, conhecido por produzir cervejas em um ambiente rural, muitas vezes dentro de uma fazenda, onde parte ou todos os ingredientes são cultivados no local. A maioria dos insumos das nossas cervejas, como o limão siciliano, a flor da lua, o coentro, nós produzimos aqui”, explica.

Apesar da inspiração europeia, a cervejaria tem uma identidade que se entrelaça com as raízes históricas e indígenas de Minas, a começar pelo nome: Uaimií significa significa Alto Rio das Velhas em tupi-guarani e é uma homenagem às águas do rio que banha os arredores da Estrada Real, da qual o distrito de Acuruí faz parte. “Não é uma cópia de nome alemão, francês, é um nome indígena, do famoso rio que foi muito importante para o ciclo do ouro”, diz. Além disso, a arquitetura da fábrica é uma cópia do Teatro de Ópera de Ouro Preto, o mais antigo das Américas ainda em funcionamento.

Entrada da fábrica, em Acuruí, é uma copia do Teatro de Ópera de Ouro Preto (Leo Garibaldi/BHAZ)

Homenagem a figuras históricas

Mas as inspirações mineiras não se limitam ao nome e à arquitetura do local. As linhas das cervejas também são homenagens a personagens importantes da nossa história. “A primeira linha homenageia figuras históricas que passaram pela região na época do século do ouro e depois também. Temos a Lager, que homenageia o Barão de Eschwege, conhecido como o pai da geologia brasileira, foi ele quem descreveu a cordilheira de Acuruí e deu o nome de “Espinhaço”, a cadeia de montanhas que se parece uma espinha dorsal. Na nossa Stout, homenageamos um personagem negro, que é o Chico Rei, e homenageamos a Ana de Sá em nossa cerveja de trigo, que dá nome a uma importante ponte da região”, explica.

Cervejas Uaimií produzidas na fábrica de Acuruí (Imagem cedida ao BHAZ)

Ademais às linhas que se inspiram em figuras históricas, a Uaimií também possuí, claro, cervejas inspiradas na natureza, paixão da esposa de Siqueira, como a Carcará, uma espécie de ave de rapina. “Com isso, nós levamos cultura para quem bebe cerveja, porque, nos rótulos há explicações sobre esses personagens, sobre a fauna e a flora. Através destas cervejas levamos mais do que lazer, mas também conhecimento”, conclui ele.

Rótulo da cerveja inspirada no Barão de Eschwege (Leo Garibaldi/BHAZ)

Tour guiado e degustação de cervejas

Mais do que uma fábrica de cervejas, a Uaimií é um verdadeiro oásis de natureza e história pronto para ser explorado. O local oferece um tour guiado, para grupos com no mínimo 15 pessoas, com direito a degustação das cervejas, harmonizadas com petiscos saborosos ou um almoço repleto de pratos que são uma releitura da rica culinária mineira.

O visitante poderá acompanhar de perto o processo de criação das cervejas Uaimií, desde a seleção dos ingredientes até o engarrafamento, enquanto especialistas compartilham histórias e segredos por trás de cada rótulo e cada nuance de sabor. O mestre cervejeiro e sócio da cervejaria, Alef Alves conta que a visitação acontece através de agendamento. “Os grupos entram em contato com a gente e nós fornecemos a visitação”, afirma.

Mestre cervejeiro Alef Alves na fábrica em Acuruí (Leo Garibaldi/BHAZ)

Alef afirma que as pessoas podem escolher o pacote que melhor se encaixa com seu perfil. “A visitação pode ter chopp liberado, comida liberada, vai de acordo com o grupo, que pode personalizar o tour como achar melhor”. As visitações não têm dia específico para acontecer, basta o interessado entrar em contato no telefone (31) 99192-2837 e combinar uma data. E, segundo o mestre cervejeiro, os preços do tour também variam de acordo com o tamanho do grupo e o que eles vão querer.

Mas a experiência não para por aí, Alef explica que, após a visita técnica na fábrica, o grupo é levado para conhecer o restante da estrutura da fazenda, inclusive o “Jardins do Doutor” — uma área com diferentes plantas e flores que te proporcionam uma imersão completa na história, beleza e sabores da Cervejaria de Fazenda Uaimií.

Informações sobre o tour guiado

Mínimo 15 pessoas = R$ 260,00 por pessoa
15 a 30 pessoas = R$ 220,00 por pessoa
Acima de 30 pessoas = R$ 190,00 por pessoa

Incluso: visitação na fábrica, degustação de no mínimo três estilos de cerveja, almoço com possibilidade de escolha do cardápio, chope pilsen liberado, água e suco natural da fruta da época.