Doméstica de BH, ex-empregada processa ator Rodrigo Lombardi

O ator Rodrigo Lombardi, a esposa dele, Betty Baumgarten, e a sogra, Maria José Baumgarten, são alvos de uma ação trabalhista movida por uma ex-empregada doméstica de Belo Horizonte. Helen Marcia Barbosa Lima, de 56 anos, afirma ter enfrentado jornadas exaustivas, acúmulo de funções e humilhações durante os três anos em que trabalhou para a família. Procurada pelo BHAZ, a defesa dos acusados disse que prefere não comentar o assunto.

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A Justiça reconheceu o vínculo empregatício, em 1ª Instância, mas negou o pedido de indenização por danos morais. As duas partes recorreram, e, em 2024, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região reformou parte da sentença, reconhecendo que Helen foi demitida sem justa causa. Com isso, determinou o pagamento de aviso, multa de 40% sobre o FGTS, horas extras e demais verbas rescisórias. O pedido de indenização por danos morais, no entanto, continuou indeferido. A sentença foi liquidada no início de 2025, com valor homologado em R$ 45.691,03 após deduções legais, mas os cálculos foram contestados por ambas as partes, que apresentaram novos recursos.

No processo, a profissional relata que saiu de Belo Horizonte em 2016 para morar com na casa dos chefes na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo o processo ao qual o BHAZ teve acesso, a diarista relata que nunca teve a carteira de trabalho assinada e cobra o pagamento de horas extras, de todas as verbas rescisórias, além de indenização de R$ 20 mil por danos morais. O valor total da causa, segundo a petição inicial, é de R$ 77 mil.

Em conversa com o BHAZ, Helen afirma que era responsável por limpar sozinha uma casa de quatro andares, cozinhar para a família e para os funcionários, cuidar de mais de cinco animais (entre gatos e cachorros) e ainda atuar como cuidadora da idosa Maria José Baumgarten, sogra do ator. O salário era de R$ 2.500 mensais.

“Eu não tinha folga, não. Trabalhava de domingo a domingo, de segunda a segunda. Eu não conheci o mar”, relata. Ela prestou serviços entre 2016 e 2018 e voltou a trabalhar na casa em 2020, por mais seis meses, período contemplado pela ação judicial.

O processo trabalhista, iniciado em 2022, destaca: “Fora contratada para cumprir a jornada de segunda a domingo, de 6h às 22h, em média, sem intervalo regulamentar para descanso e/ou alimentação. Todavia, apesar do horário combinado para o exercício das atividades, além da longa jornada desempenhada, a obreira permanecia a disposição dos reclamados, de 22 às 5 horas. Isso porque, no decorrer da noite, havia de atender às ordens da primeira reclamada, pessoa idosa, da qual cuidava. Assim, havia de permanecer à disposição, ainda que durante o seu período de descanso”.

Trabalho exaustivo

Moradora de Belo Horizonte, Helen conta que passou a trabalhar para Rodrigo Lombardi após prestar serviços na casa de parentes da esposa do ator. Segundo ela, foi a sogra do artista quem a conheceu na capital mineira e a indicou para assumir o trabalho na residência da família, no Rio de Janeiro, em 2016.

A promessa inicial era de que ela coordenaria uma equipe de oito funcionários dentro da casa: “Disseram que eu seria os olhos dos patrões lá. Seria a chefe dos funcionários”. No entanto, o cenário que encontrou ao desembarcar em terras cariocas foi diferente.

A casa na Barra da Tijuca abrigava, além da família, um caseiro e um jardineiro. Todas as obrigações domésticas recaíam sobre a mulher, que passou a trabalhar por mais de 15 horas todos os dias.

“Eu vinha na minha casa [em Belo Horizonte] de 15 em 15 dias. Vinha sexta, chegava sábado de manhã, aqui, e ia embora meia-noite de domingo. Eles pagavam a passagem, mas era de ônibus”, lembra.

Essa rotina se manteve até 2018, quando Helen decidiu retornar de vez para Belo Horizonte. Dois anos depois, em 2020, recebeu um novo convite da família e, por “necessidade”, voltou a trabalhar na casa no Rio de Janeiro, onde ficou entre junho e dezembro.

Dessa vez, a mulher passou a exercer as funções de forma contínua, sem folgas e trabalhando aos domingos e feriados sem receber nenhuma compensação.

‘Preta metida’

Helen relata que, além do trabalho exaustivo, as humilhações no local de trabalho eram constantes. Segundo a diarista, os abusos verbais vinham da esposa e da sogra do ator.

“Vinha sofrendo constantemente constrangimento e humilhação em seu local de trabalho. Isso porque a primeira reclamada [Maria José Baumgarten] promovia xingamentos à obreira, ofendendo-a, utilizando, inclusive, de palavras de baixo calão, chamando-a de burra e incompetente, sempre aos brados”, descreve a ação judicial.

A trabalhadora reclama que, em um dos episódios, foi chamada de “preta metida a sabe tudo” pela idosa. A declaração consta na ação trabalhista e foi confirmada à reportagem.

Ainda conforme a diarista, todos os funcionários da casa eram obrigados a dividir um único banheiro. A comida dos trabalhadores também era separada das refeições dos patrões.

“A carne deles é deles, o salmão é deles, o feijão orgânico é deles, o arroz orgânico é deles”, narra. Para os empregados, o cenário era outro: “À noite o jantar lá é miojo ou pão com mortadela, ou pão com salsicha ou misto. Não tem janta”.

Ação trabalhista

O caso foi inicialmente julgado pela 32ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que reconheceu o vínculo empregatício de Helen, mas negou o pedido de indenização por danos morais. À época, o juiz entendeu que a diarista havia pedido demissão, e não sido dispensada, como declarado por ela.

As duas partes recorreram, e, em 2024, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região reformou parte da sentença, reconhecendo que Helen foi demitida sem justa causa. Com isso, determinou o pagamento de aviso, multa de 40% sobre o FGTS e demais verbas rescisórias. O pedido de indenização por danos morais, no entanto, continuou indeferido. A sentença foi liquidada no início de 2025, com valor homologado em R$ 45.691,03 após deduções legais, mas os cálculos foram contestados por ambas as partes, que apresentaram embargos e impugnações.

Em maio de 2025, a Justiça acolheu um agravo de petição apresentado pelos réus contra a homologação da execução, e o processo foi novamente encaminhado ao TRT da 3ª Região, onde aguarda novo julgamento. A nova análise pode modificar os valores da condenação ou revisar pontos específicos da execução, o que deve adiar a conclusão definitiva da ação.

A demora no desfecho prolonga a angústia de Helen, que afirma buscar reparação pelo que viveu. “Eles se aproveitaram de mim de tudo. Eles não me pagam, porque o importante para eles é a imagem”, resume.

Procurada pelo BHAZ, a defesa dos acusados disse que prefere não comentar o assunto.

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