Dia do Orgulho LGBT+: ‘Sei o que é precisar de referência e não encontrar’, diz drag queen do RS com quase 3 milhões de seguidores


Artista natural de Canela faz seu primeiro show em Porto Alegre e relembra início da carreira em igreja evangélica. Artista Grag Queen
Viictinho / Agencia California
Grag Queen é hoje um dos nomes mais relevantes da cultura queer no Brasil e no mundo. A trajetória de Grégory da Silva Mohd, o artista por trás da personagem, começou em Canela, na Serra gaúcha, onde, ainda criança, começou a cantar em uma igreja evangélica.
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Hoje, com mais de 2,7 milhões de seguidores nas redes sociais e 17 milhões de visualizações no YouTube, Grag Queen é uma das drag queens mais seguidas do planeta e apresenta um dos reality shows queer mais populares do mundo, o RuPaul’s Drag Race. Neste sábado (27), realiza seu primeiro show em Porto Alegre, encerrando o Mês do Orgulho LGBTQIAP+.
“Eu olho para mim e penso: uau, a bicha venceu! Eu sei o que é precisar de uma referência e não encontrar. Se pudesse voltar no tempo e falar com o Grégory adolescente diria: aguenta firme. Um dia você vai usar salto, peruca, glitter e vai ser ovacionado por isso. Vai ser amado. E vai amar você mesmo”, finaliza.
Foi na igreja que Grégory encontrou seu primeiro palco.
“A igreja foi, por muito tempo, o único palco onde eu podia cantar — e cantar era o que mantinha meu coração vivo. Apesar de toda a repressão, era também ali que eu descobria o poder da minha voz, da emoção, da conexão com algo maior. Quando eu saí, foi como renascer. Doeu, foi difícil, mas foi libertador”, relata.
Antes mesmo de nascer como Grag Queen, o jovem Grégory enfrentou a rejeição dentro do próprio núcleo familiar. O processo de autoaceitação e de aceitação por parte dos mais próximos passou por diversas fases, do sofrimento solitário, ao silêncio e ao afastamento.
“Nem todo mundo entendeu de cara. Teve afastamento, teve silêncio, teve lágrima escondida no travesseiro. Mas teve também muita gente que ficou, que me abraçou ainda mais forte”, lembra. “E eu aprendi a criar uma nova família: a família que a gente escolhe. A arte me trouxe irmãos e irmãs que caminham comigo até hoje.”
Foi também por meio da arte que, além de encontrar acolhimento, Grag se reaproximou de quem um dia o excluiu. Por isso, deixa um conselho para quem está vivendo algo parecido.
“Você não está sozinho. Pode parecer que o mundo está desabando, mas tem vida depois da dor. Busque apoio, nem que seja com um amigo, na internet, numa comunidade que te enxergue. Proteja sua essência. Ser quem você é não é errado, e quando você conseguir sair dessa dor, você vai ver que o mundo tem muito a te oferecer”, assegura.
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