
Alex Amaro de Oliveira, conhecido como Barba, foi preso durante uma operação da Polícia Civil de Santos (SP). Ele assumiu o cargo após a morte do tesoureiro da organização criminosa, que teve um áudio interceptado pela Polícia Federal. À esquerda, o senado Sergio Moro. À direita, o tesoureiro do PCC, Alex Amaro de Oliveira, conhecido como Barba.
REUTERS/Adriano Machado/Arquivo e Polícia Civil/Divulgação
Alex Amaro de Oliveira, conhecido como Barba, que foi preso durante uma operação da Polícia Civil de Santos, no litoral de São Paulo, tornou-se tesoureiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) após a morte de um criminoso que xingou o senador Sergio Moro. As informações foram confirmadas ao g1 pelo delegado titular da 2ª Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), Leonardo Rivau.
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Durante entrevista coletiva, o delegado explicou que a prisão em um apartamento de luxo no bairro Morumbi, em São Paulo, na quarta-feira (25), foi um desdobramento de outras investigações feitas na região da Baixada Santista.
“Ele [Barba] assumiu a função de tesoureiro depois da morte do criminoso chamado Palito, que ficou conhecido nacionalmente por ter ameaçado o doutor Sergio Moro”, explicou Rivau.
Conhecido como Palito, Elias ou Veio, Alexsandro Roberto Pereira teve um áudio interceptado pela Polícia Federal (PF). No conteúdo, ele demonstrou estar indignado após o chefe da facção criminosa, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outros 21 presos ligados à organização terem sido transferidos para presídios federais, em fevereiro de 2019.
Na ocasião, Palito era tesoureiro da organização criminosa e xingou Sergio Moro, que havia acabado de assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Esse Moro aí, mano, esse cara é um filho da p*** mesmo. Ele veio para atrasar”.
Marcola e mais 21 presos entram em veículo da polícia para serem transferidos para presídios federais, em 2019
TV Globo/Reprodução
Substituição
Em novembro de 2024, Palito foi morto a tiros no bairro Jardim São Luís, na capital paulista. Segundo o boletim de ocorrência, obtido pela equipe de reportagem, a esposa do homem relatou à Polícia Civil que estava limpando o próprio bar com o companheiro.
Ainda de acordo com o registro policial, um cliente entrou no estabelecimento e insistiu em tomar uma cerveja. A mulher explicou que o homem aparentava estar embriagado e teve um breve desentendimento com Palito.
Em seguida, conforme relatado no BO, duas pessoas em uma motocicleta chegaram no comércio e disseram que tinham uma entrega. Palito informou que não tinha nada para receber e a dupla entrou no bar efetuando os disparos. Alexsandro morreu e o cliente ficou ferido.
O delegado afirmou que Barba assumiu o cargo de tesoureiro após o assassinato de Palito. “Ele teve uma ascensão, [foi] de dentro de uma comunidade carente para um apartamento de altíssimo valor no Morumbi”, contou Rivau.
Prisão
Policiais descobrem central de monitoramento clandestina em apartamento de tesoureiro do PCC
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Civil prendeu o tesoureiro e um funcionário dele na capital paulista. De acordo com a corporação, os homens eram responsáveis por enviar o dinheiro do tráfico de drogas da Baixada Santista para a alta cúpula da organização criminosa.
O delegado contou que, durante a operação, foram encontradas diversas anotações da contabilidade, que constataram uma movimentação de aproximadamente R$ 50 mil por dia em cada ponto de tráfico de entorpecentes da organização criminosa. Os policiais também descobriram uma central de monitoramento com câmeras clandestinas nas favelas da capital paulista.
O delegado afirmou que também foram apreendidos diversos relógios e joias com o tesoureiro, além de dois veículos de luxo, avaliados em mais de R$ 300 mil cada.
“O que leva a crer também que ele [Barba] acabava pegando dinheiro do crime e utilizando na compra de bens. É uma forma de lavagem de dinheiro”, finalizou.
Operação
Polícia Civil apresenta balanço de operação na Baixada Santista e Vale do Ribeira
As prisões fizeram parte de uma operação dos policiais civis lotados nas 24 cidades que compõem o Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6). De acordo com a corporação, o objetivo era esclarecer os crimes ocorridos nas regiões da Baixada Santista e do Vale do Ribeira.
A operação foi deflagrada após aproximadamente um mês de investigações com uso de mecanismos de inteligência policial. Os trabalhos em campo foram iniciados por volta das 6h de quarta-feira (25) e terminaram às 12h de quinta (26).
Os agentes prenderam 36 pessoas em flagrante e apreenderam 11 adolescentes, além de terem dado cumprimento a 68 mandados de busca e apreensão e 29 de prisão. Foram apreendidos 36 veículos, diversas peças de motocicletas, quatro armas de fogo e aproximadamente 78 kg de entorpecentes.
Durante a operação, a Polícia Civil descobriu um imóvel que funcionava como desmanche clandestino de motocicletas em frente ao Cemitério do Paquetá em Santos (SP), e também prenderam um homem que confessou ter matado a tiros uma pessoa em situação de rua por vingança pela morte do pai.
Tesoureiro do PCC é preso junto com funcionário em SP
Polícia Civil/Divulgação
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