
Pelo menos, três turmas de universidades e faculdades em Pernambuco denunciaram terem sido lesadas pela Book Convites após pagarem por um serviço não recebido. Recado na porta da empresa Book Convites, em Minas Gerais
Reprodução/ TV Globo
A Polícia Civil de Pernambuco investiga uma empresa mineira de convites de formatura que encerrou as atividades em junho sem entregar pedidos nem reembolsar estudantes. O g1 ouviu representantes de três turmas que denunciaram terem sido lesadas e que relatam terem pago, juntas, R$ 35 mil, pela confecção dos convites.
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A Book Convites é uma empresa sediada em Belo Horizonte que existe há 11 anos. Em Minas Gerais, pelo menos 12 comissões de formatura disseram ter sido lesadas pelo fim das atividades da companhia, depois de pagarem valores de até R$ 80 mil (veja vídeo abaixo).
Empresa que não entregou convites de formatura ainda não deu satisfação aos alunos
Laryssa Lôbo integrava a comissão de formatura do curso de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE) em Garanhuns, no Agreste do estado. Ela contou que 20 alunos fecharam contratos com a Book Convites entre maio e junho de 2024.
“Tudo estava indo bem. Estávamos em processo de fazer o design do convite para ser entregue em outubro. Mas, no dia 13 de junho, recebemos um comunicado de uma funcionária dizendo que a empresa iria encerrar as atividades”, disse Laryssa.
Na mensagem, a empresa explicou que as operações seriam descontinuadas por “questões administrativas e mercadológicas” e disponibilizava um e-mail para que os alunos com contrato em andamento pudessem entrar em contato com a companhia. O g1 tentou enviar mensagens para esse e-mail, mas recebeu uma mensagem de que ele não existe.
Sem contato com a empresa, os estudantes registraram queixa à polícia. “Algumas pessoas ainda pagavam as parcelas, mas outras, inclusive eu, já tinham quitado tudo”, disse Laryssa. Juntos, gastaram cerca de R$ 10 mil.
Véspera da formatura
Ana Flávia Galindo é outra estudante que denunciou ter sido lesada pela empresa. Ela e outros 31 alunos de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão dos Guararapes fecharam um contrato com a Book Convites em agosto de 2024.
“A formatura da minha turma é agora, dia 10 de julho. Então, eles já estavam bem atrasados com a entrega dos convites. Mas ficaram prometendo que, pelo menos, o PDF eles iam entregar, porque até então, não ia dar tempo entregar o convite físico, que já ia chegar depois da formatura”, afirmou Ana Flávia.
Ainda de acordo com ela, a empresa informou, no dia 10 de junho, que enviou os convites digitais para parte dos alunos. Três dias depois, os estudantes receberam o comunicado do fechamento da empresa. No entanto, todo o valor de R$ 13 mil já havia sido pago pela turma, que procurou um advogado e planeja entrar na Justiça contra a companhia.
‘Sumiam’
Cecília Maria é aluna do curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na turma dela, 39 estudantes fecharam um pacote com a Book Convites no final de 2024 e pagaram R$ 12 mil.
“A partir de dezembro [de 2024], janeiro deste ano, já estava bem claro a enrolação. Eles sumiam sem nos dar satisfação de nada, e não era assim no início, antes de fecharmos o contrato”, afirmou Cecília.
Segundo ela, a empresa tentava culpar os próprios alunos pelos atrasos, cobrando coisas que eles já tinham entregado.
“Depois foi só piorando, nem respostas tínhamos mais, precisávamos ligar várias vezes para conseguir uma resposta vaga e sem resolução alguma. Até que eles divulgaram a nota de que iam suspender as atividades”, contou.
De acordo com a jovem, a turma não recebeu nenhum dos produtos contratados, por isso registrou um boletim de ocorrência contra a Books Convites. Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco afirmou que investiga o caso e “iniciou as diligências para esclarecer todos os fatos”.
O que diz a empresa
O g1 tentou contato com a empresa por e-mail e por telefone, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Em Minas Gerais, a TV Globo encontrou as portas fechadas no endereço registrado na Receita Federal.
Nas redes sociais, a companhia publicou um segundo comunicado, informando que:
ao longo de 11 anos, sempre atuou com transparência, honestidade e justiça;
uma publicação nas redes sociais teria provocado “impactos significativos em nossas operações”, que levaram aos atrasos nas entregas dos convites;
os desafios dos últimos meses não traduzem o histórico “sólido e confiável” da empresa;
tiveram que “suspender temporariamente” o atendimento para avaliar a “situação operacional”;
e retomariam os contatos com as comissões de formatura a partir do dia 19 de julho, exclusivamente de forma remota.
No entanto, as três turmas pernambucanas ouvidas pelo g1 não receberam novos contatos da empresa.
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