Develyn, Pyetro e as filhas, Rayssa e Rayandra
| Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
A experiência da maternidade vivida por eles em cada detalhe, desde a concepção das gêmeas, é uma prova viva de que o amor familiar transcende barreiras e floresce além de rótulos sociais e identidades de gênero.Isso porque foi Pyetro, o pai, quem gestou as filhas em seu ventre durante sete meses, e Develyn, a mãe, quem as amamentou até os seis meses de vida. “Foi um sonho, na verdade. A gente sempre teve, desde o início da relação, o sonho de ter um filho. Na verdade, seria Arthur [nome escolhido caso fosse pais de um menino]. Só que aí Arthur ficou para trás e deu lugar às meninas. É Plano de Deus! Deus cuidou de tudo!”, contou Develyn, entre risos, aos Portal A TARDE.
Parto das bebês
| Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Apesar de enfrentar uma gravidez delicada, por ser gemelar, Pyetro comemora o fato de ter realizado o grande sonho da vida ao lado da esposa.“Minha gestação foi maravilhosa, era um sonho meu, desde os 16 anos, em ser pai. Meu e de Develyn. Graças a Deus, realizamos. Não amamentei as bebês, poque não me senti confortável, Develyn fez o tratamento para poder amamentá-las”, explicou ele.“A experiência de ser pai é uma coisa única. Elas são meu xodó, a cura do meu mundo, como costumo dizer. Porque elas me mudaram pra um cara melhor, me fez enxergar a vida com mais clareza e leveza”, concluiu o pai de primeira viagem. Transgestantes A gravidez de Pyetro foi toda acompanhada por equipes do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids (CEDAP) e da Maternidade Climério de Oliveira – unidade referência, em Salvador e na Bahia, no atendimento a pessoas transgestantes, através do programa “Transgesta”. Foi na Climério também que Develyn fez o tratamento de indução da lactação para amamentar as filhas.
Pyetro durante consulta pré-natal
| Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e Pyetro nasceram em Tapiramutá, no centro-norte da Bahia, e, há anos, são pacientes do Cedap. Foi a falta de estrutura hospitalar especializada na cidade onde moram, mas principalmente, a relação de confiança com as equipes do centro, que os fizeram optar em fazer todo acompanhamento pré-natal, em Salvador. “O município não oferece um apoio digno para pessoas trans, no sentido de conhecimento. Então, a gente optou, escolheu fazer o acompanhamento no Cedap, onde a gente já vinha recebendo acompanhamento há muito tempo. Todo o pré-natal foi no Cedap e lá nos encaminharam para a Climério”, reafirmou a mãe.
Develyn e Pyetro durante acompanhamento no programa Transgesta
| Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
“Tanto Develyn, quanto Pyetro Kauê são pessoas trans acompanhadas pelo Ambulatório Trans do CEDAP. Ele conseguiu dar conta de engravidar, de gestar, e de fazer o pré-natal, todo o processo cuidadosamente feito lá na maternidade Climério de Oliveira, mas não se sentia confortável para amamentar. Então, a melhor possibilidade era que Develyn fizesse a indução, a lactação, para que pudesse amamentar as crianças”, explicou Ailton Santos, coordenador do Ambulatório Trans.
Pyetro durante consulta pré-natal | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e Pyetro no chá de fraldas das filhas, Rayssa e Rayandra | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e Pyetro no chá de fraldas das filhas, Rayssa e Rayandra | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Parto das bebês | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Parto das bebês | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e uma das bebês | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e Pyetro durante acompanhamento no programa Transgesta | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e uma das bebês ainda na Climério de Oliveira | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn, Pyetro e as filhas, Rayssa e Rayandra, na Climério de Oliveira | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Primeiro mêsversário de Rayssa e Rayandra | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn, o marido, Pyetro, e as filhas, Rayssa e Rayandra | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Rayandra e Rasyssa | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Família | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn, Pyetro e as filhas, Rayssa e Rayandra | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Develyn e as gêmeas, Rayssa e Rayandra | Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Orgulho LGBTQIAPN+No último sábado, 28 de junho, foi celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ e, na oportunidade, em conversa com o Portal A Tarde, Develyn compartilhou o desejo de viver livremente o amor com o marido, Pyetro, e de poder criar as filhas em uma sociedade digna e que abrace a diversidade familiar com respeito e empatia.Para ela, o que falta, de fato, nas pessoas é reconhecerem que o afeto e a união são os verdadeiros alicerces de qualquer família, independente de gênero, identidade, cor e raça.“Gostaria que fossemos tratados com respeito, em primeiro lugar, dignidade e inclusão da gente na sociedade, não só em Tapiramutá. Porque as meninas vão crescer e eu não quero que minhas filhas cresçam em um lugar onde as pessoas não têm o amor com a nossa família. Que alguém possa, por exemplo, querer impor ou falar alguma coisa relacionada a que eu não sou a mãe, que Pietro não é o pai. Fazer transtorno mental na cabeça das meninas, esse é o meu maior medo”, expôs Develyn.
| Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
“Então, eu acho assim, o que eu pediria a sociedade era mais amor, mais empatia, se colocar no lugar do outro, até mesmo porque Deus ama todos da mesma forma”, finalizou ela.
Leia Também:
Amor que Une: homem trans engravida e celebra filho com marido gay
Amor que une: mãe e filha lésbica sobem ao ‘altar’ no mesmo dia
Violência e seus atravessamentos: Brasil é o país que mais mata LGBTs
ServiçoAmbulatório trans/ CEDAP: Rua Comendador José Alves Ferreira, 240 – Garcia• Contato: (71) 3116-8888• Funcionamento: Segunda a sexta-feiraMaternidade Climério de Oliveira: Rua do Limoeiro, 137 – Nazaré• Contato: (71) 3283-9200• Funcionamento: 24 horas