As mulheres e as cidades

A falta de políticas públicas eficazes, cotejada à infraestrutura e recursos materiais, é uma proposição possível, quando se verifica uma análise qualitativa dos resultados da pesquisa “Piores cidades para ser mulher”, com dados até 2024. Desenvolvido pela companhia “Tewá 225”, o trabalho comprova, uma vez mais, o quanto inferências rasas, baseadas na crença em uma “pureza” dos números, podem levar a enganos, pois mesmo com este cenário, Salvador se saiu bem.Em classificação surpreendente, a capital baiana tirou terceiro lugar no ranking nacional do relacionamento do município com suas cidadãs, quando se tem como critério a igualdade de gênero.Uma informação pode interessar a quem forma crença em “civilizações” melhores de acordo com a região do país: é a presença de quatro municípios de fora do eixo Sul-Sudeste entre os 10 mais bem avaliados.A medalhista de bronze Salvador alcançou desempenho Top do Norte, Nordeste e Centro-Oeste: Goiânia, Campo Grande e Fortaleza também ficaram entre as destaques, portanto não é sobre preconceitos de gentílico ou origem.Passada a era do coronel Jesuíno, personagem vivido pelo saudoso José Wilker na telenovela, de um modo geral já não há homens de tamanho poder a ponto de anunciar a disposição de “usar” a mulher, persuadida a despir-se e esperar calada.No entanto, não se pode negar a importância de investimento em pesquisa para ampliar conhecimento a fim de se buscar soluções emergenciais, pois o número de agressões vem aumentando à proporção do enrijecimento da lei.Ora, faria sentido se o avanço na legislação, com punições mais rigorosas, provocasse recuo da estatística passando de um milhão de ocorrências, incluindo feminicídios, agressões domésticas, ameaças e violência sexual.Exceto se os policiais fazem “vistas grossas”, protegendo, de alguma forma, os suspeitos, enquanto exigem mais provas da vítima, a punição de celerados funcionaria como inibidor, no entanto, ao menos diante do relatório, a letra é morta.
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