O fundo imobiliário XP Log (XPLG11) anunciou, via fato relevante de 1º de julho de 2025, a aquisição integral do portfólio imobiliário do RBR Log (RBRL11). A transação, avaliada em R$ 688,9 milhões, marca uma das maiores movimentações entre FIIs logísticos da B3 nos últimos anos.
A operação foi estruturada em três partes:
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R$ 30 milhões pagos em dinheiro,
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R$ 20 milhões referentes à assunção de dívidas e obrigações do RBRL11,
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R$ 638,9 milhões pagos em cotas do próprio XPLG11, com preço máximo fixado em R$ 6,92 por cota, sujeito à emissão.
Cotas do XPLG11 serão emitidas com deságio de 35,6%
O valor por cota definido na transação ficou significativamente abaixo do valor patrimonial de R$ 10,74 divulgado no último relatório gerencial do XPLG11, representando um deságio de aproximadamente 35,6%. Isso significa que a gestora pretende emitir novas cotas a um preço descontado, favorecendo o comprador.
Mesmo com o desconto, o cap rate médio implícito da operação ficou em 9,2% ao ano, patamar elevado no segmento de galpões logísticos. Para o XPLG11, a aquisição representa um ganho imediato em rentabilidade, considerando a média de mercado atual para ativos logísticos de qualidade, que gira entre 7% e 8%.
Lucro de apenas R$ 25 milhões gera críticas à venda
Apesar da magnitude da venda, o lucro estimado pelo RBRL11 com a operação foi de apenas R$ 25 milhões, o que equivale a 3,9% do valor bruto da transação. O número decepcionou parte dos investidores, que o compararam a vendas anteriores do fundo.
Por exemplo, em julho de 2024, o RBRL11 vendeu um galpão individual por R$ 91 milhões, com lucro de R$ 11 milhões, ou cerca de 13,7% sobre o valor do ativo. Caso a venda atual tivesse seguido esse mesmo cap, a transação poderia alcançar R$ 750 milhões, com lucro superior a R$ 70 milhões.
Liquidez é desafio para venda gradual das cotas
Como o pagamento será feito majoritariamente com cotas do XPLG11, o RBRL11 planeja vender gradualmente esses papéis no mercado secundário, conforme informado no fato relevante.
A liquidez média diária das cotas do XPLG11 gira entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, segundo dados do relatório. Com isso, a venda dos R$ 638 milhões em cotas pode levar entre 4 e 5 meses, considerando um cenário otimista de negociação diária no teto da média histórica.
Especialistas do mercado avaliam que o movimento pode gerar pressão vendedora sobre as cotas do XPLG11, afetando momentaneamente a precificação do fundo no mercado secundário.
Reposicionamento estratégico do RBRL11 após venda
O objetivo da transação, segundo a gestora do RBRL11, é recompor o portfólio com imóveis logísticos localizados no raio de 30 km da cidade de São Paulo, além de ativos em outras capitais estratégicas, como Belo Horizonte.
Atualmente, o fundo já prospecta 10 novos imóveis, sendo 4 em fase avançada de negociação. A ideia é utilizar os recursos obtidos com a venda das cotas do XPLG11 para formar um novo portfólio com perfil premium, majoritariamente concentrado em áreas com alto potencial de valorização e baixa vacância.
A operação segue a tendência de realocação geográfica dos FIIs logísticos em direção a polos urbanos de alta demanda, com foco em logística de última milha e capilaridade metropolitana.
Avaliação implícita gera controvérsia
A gestora do RBRL11 afirmou que a operação equivale a uma venda com valor implícito de R$ 110 por cota, superior ao valor patrimonial de R$ 105. No entanto, esse cálculo considera o valor de mercado das cotas do XPLG11 no momento da operação, e não necessariamente reflete o valor de liquidação dos imóveis.
Críticos apontam que, ao utilizar como referência uma cota com deságio significativo sobre o valor patrimonial do XPLG11, a avaliação pode mascarar o real valor da operação. Com isso, a percepção geral entre analistas e investidores é de que o portfólio foi vendido abaixo do seu valor de reposição.
Resumo dos dados principais da transação
Item | Valor/Condição |
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Valor total da transação | R$ 688.900.000 |
Pagamento em dinheiro | R$ 30.000.000 |
Assunção de dívidas | R$ 20.000.000 |
Pagamento em cotas (XPLG11) | R$ 638.900.000 |
Preço por cota XPLG11 | R$ 6,92 (teto da emissão) |
Valor patrimonial XPLG11 | R$ 10,74 |
Cap rate médio da transação | 9,2% ao ano |
Lucro estimado RBRL11 | R$ 25.000.000 (3,9%) |
Tempo estimado para vender cotas | 4 a 5 meses (com base em liquidez de mercado) |
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