
Donatello, como foi carinhosamente apelidado pela equipe do Centro de Fauna (Cefau), ficou em quarentena e se adaptou bem ao tratamento. Próxima etapa será escolher um lugar para ele morar. Vídeo mostra jabuti soterrado sendo retirado vivo embaixo de piso de casa
Quase cinco meses após ser encontrado embaixo do piso de uma casa em Itacajá, na região nordeste do Tocantins, o jabuti Donatello se recupera bem no Centro de Fauna (Cefau), em Palmas. Ele se alimenta sem dificuldade e interage com outros jabutis abrigados no local. “Ele se adaptou super bem ao recinto”, disse a veterinária e coordenadora do Cefau, Mayumi Caetano Matuoca.
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O animal foi descoberto no dia 7 de fevereiro de 2025, na casa da Luiza Coelha da Cruz Aguiar, de 60 anos, durante a verificação de uma suspeita de infiltração. A moradora disse na época que acreditava que o animal estava no local desde a última reforma, há 10 anos.
Assim que foi encontrado, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informou que o jabuti-piranga precisava de um tratamento adequado, e ele foi encaminhado para o Cefau.
Passado o período de quarentena e adaptação, Donatello conseguiu se recuperar, mas, nesse período, as equipes enfrentaram desafios. Um deles foi a questão da reeducação alimentar do quelônio, segundo explicou Mayumi Caetano.
“A gente ficou apreensivo sobre a nova dieta, se ele iria consumir a nova dieta específica para a espécie porque a gente não sabia como estava a alimentação dele. Mas ele se alimentava bem e aí, com o tempo, a gente foi aumentando os nutrientes da dieta dele até ele consumir todos os alimentos oferecidos”, disse.
Ainda com relação à alimentação, a veterinária explicou também que o animal não demonstrou ter preferência por algum alimento específico e come o que é oferecido a todos os jabutis. Na alimentação dele são incluídas folhas, abóbora e cenoura cozidas, frutas e carne.
“Ele já está misturado. A gente fez adaptação dele, saiu da quarentena e tá no recinto com outros jabutis. Então agora a gente não consegue mais ver o que ele come ou não come. Mas, enquanto estava na quarentena, ele já saiu se alimentando de tudo que era oferecido”, completou.
Outro receio das equipes do Cefau era com a questão da luminosidade. Como o animal provavelmente ficou em um ambiente escuro por anos, a claridade poderia causar algum tipo de desconforto. Mas esse desafio também foi superado com o tratamento.
“Ele não se sentia incomodado em ambientes claros. Então a gente percebia isso, não alterava o comportamento dele no ambiente com luz”, disse a veterinária.
Sobre a socialização com outros animais da mesma espécie, Mayumi contou que ele agiu conforme o comportamento esperado para um jabuti. “Está se alimentando bem com os outros animais, está ganhando peso. Então estamos bem positivos assim com a possibilidade da soltura dele”.
Jabuti é encontrado embaixo de piso
Reprodução
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Donatello vai retornar à natureza?
Donatello passou por diversos exames desde que deu entrada no Cefau e todos confirmaram que ele está saudável. Mas para ser introduzido à natureza, ainda depende de alguns fatores. Essa possibilidade, que tem grandes chances de acontecer, ainda está sendo analisada pela equipe.
“A gente está analisando se vai ser realmente solto, estamos vendo uma área, ou se vai ser destinado. Ainda está cedo para dizer mesmo se vai ser solto ou se vai ser destinado”, explicou Mayumi, ressaltando que a destinação poderá ser feita em centro de conservação ou zoológico.
A veterinária esclareceu ainda que a avaliação no momento é de qual será o local ideal para ele ser solto e monitorado. “A esse caso, se a gente não conseguir nenhum lugar que possa estar fazendo esse acompanhamento, aí a gente opta pela destinação. Então, estamos ainda estudando a área da possível soltura”, disse, afirmando que a conclusão dessa etapa não tem data para acontecer.
Jabuti em Centro de Fauna após ser resgatado em Itacajá
Reprodução/Naturatins
Relembre
Em Itacajá, Luiza e o marido chamaram um pedreiro para verificar uma infiltração na casa deles, no dia 7 de fevereiro deste ano. O pedreiro identificou que uma parte do piso estava oca e começou a quebrar.
Naquele momento, eles perceberam que, na verdade, se tratava de um jabuti que estava soterrado. Eles suspeitam que o animal chegou ao local em um carregamento de terra, na última reforma realizada na casa, há cerca de dez anos.
Antes do Naturatins buscar o animal, ele ficou em um banheiro reservado. Por causa do tempo que passou embaixo do piso, o jabuti apresentou sensibilidade à luz, o que foi superado com o tratamento no Cefau.
Segundo o biólogo Aluísio Vasconcelos de Carvalho explicou, em entrevista ao g1, o animal é da classe dos répteis e onívoro, ou seja, come tanto animais quanto vegetais, o que facilitou a adaptação. O jabuti possui um metabolismo lento e por causa disso, pode ter sobrevivido por tanto tempo embaixo do piso.
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Outro fator que pode ter contribuído para a sobrevivência dele foi a estivação, quando o réptil reduz a atividade metabólica durante períodos de calor e seca. Dessa forma, ele economiza energia, se protege da desidratação e pode entrar em estado de dormência.
Quando foi levado ao Cefau, os especialistas identificaram ainda que o jabuti media 35 centímetros de comprimento por 29 de largura e pesava quase três quilos. Apesar das condições em que ele foi encontrado, o tamanho é adequado, mas havia uma deformidade no casco, que necessitou de restauração realizada em parceria com a UniCatólica.
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