Dividendos bilionários da BB Seguridade contrastam com queda do Banco do Brasil

A BB Seguridade Participações S.A. anunciou em 4 de julho de 2025 a distribuição de R$ 3,7 bilhões em dividendos extraordinários, pagos a partir de lucros acumulados, conforme fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O pagamento está previsto para até 30 de julho e corresponde a aproximadamente R$ 1,87 por ação.

Com essa distribuição, o dividend yield (DY) anualizado da empresa atinge 10,1%, acima da média do setor financeiro, atualmente próxima de 7%, segundo dados da Economatica. As ações da BB Seguridade (BBSE3) acumularam alta de 6,2% nos últimos 5 pregões, refletindo o otimismo do mercado com a capacidade de geração de caixa e a política de retorno ao acionista.

No 1º trimestre de 2025, a BB Seguridade apresentou lucro líquido de R$ 2,01 bilhões, crescimento de 8,3% em relação ao mesmo período de 2024, apesar de ter ficado ligeiramente abaixo da expectativa média dos analistas (R$ 2,1 bilhões).

Banco do Brasil vê lucro recuar 17% e inadimplência triplica no agro

Já o Banco do Brasil S.A. reportou no mesmo período um lucro líquido de R$ 7,44 bilhões, queda de 17% sobre os R$ 8,97 bilhões previstos em consenso pelo mercado e 14% abaixo dos R$ 8,65 bilhões do 1T24.

O principal fator para a queda foi a alta na inadimplência do crédito rural, cujo índice saltou de 1,19% no 1T24 para 3,07% no 1T25, impactando diretamente a necessidade de provisão para devedores duvidosos. O banco elevou suas provisões em 36% ano a ano, para R$ 6,2 bilhões.

Como consequência, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam queda de 11,8% em 30 dias e de 16,3% no acumulado de 2025 até a data do anúncio, segundo dados da B3.

Comparativo detalhado: BB Seguridade x Banco do Brasil

Indicador BB Seguridade Banco do Brasil
Lucro líquido 1T25 R$ 2,01 bilhões R$ 7,44 bilhões
Crescimento anual do lucro +8,3% -14%
Dividendos anunciados em julho R$ 3,7 bilhões não anunciado
Dividend yield (projetado) 10,1% 10,7%
Payout (último trimestre) 85% 62%
Inadimplência no agro impacto indireto 3,07% (+158%)
Ações (variação 30 dias) +6,2% -11,8%

Análises e recomendações de mercado

As recomendações para ambos os papéis refletem cautela diante do cenário macroeconômico adverso e dos riscos específicos do setor.

Para a BB Seguridade:

  • 8 recomendações de “manter”

  • 3 recomendações de “compra”

  • 1 recomendação de “venda”

Para o Banco do Brasil:

  • 8 recomendações de “manter”

  • 3 recomendações de “compra”

  • 1 recomendação de “venda”

Relatórios do BTG Pactual e da XP destacam que a BB Seguridade se beneficia do ambiente de juros elevados e mantém um fluxo de dividendos consistente, enquanto o Banco do Brasil enfrenta desafios no crédito agrícola, apesar de um valuation descontado — atualmente negociado a 0,65x seu valor patrimonial.

Desafios no setor rural e impacto na rentabilidade

Ambas as empresas têm exposição relevante ao agronegócio brasileiro, que representa cerca de 27% do PIB nacional (IBGE) mas atravessa dificuldades devido a condições climáticas adversas e queda nos preços das commodities.

Na BB Seguridade, o impacto foi sentido via aumento na sinistralidade dos seguros rurais, com índice de sinistros subindo de 35% para 42% no trimestre, pressionando as margens do segmento.

Já no Banco do Brasil, a inadimplência no agro levou o banco a destinar cerca de R$ 2,1 bilhões adicionais às provisões no trimestre, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

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