Pão de queijo, doce de leite, cachaça e tudo o que há de bom. Seriam esses os ingredientes perfeitos para montar um autêntico boteco mineiro em terras paulistanas? Pelo menos foi essa a proposta do chef Bruno Perial, que abriu o bar “Ó Pro Cê Vê” no bairro Santa Cecília, Zona Central de São Paulo. A ideia, no entanto, gerou polêmica e dividiu opiniões nas redes sociais.
Tudo começou na última semana, quando a influenciadora digital Victória Duarte, conhecida como Viduca, postou um vídeo sobre a casa nas redes sociais. No conteúdo, a jovem de 27 anos apresenta o estabelecimento como um “boteco cheio de mineirices”.
“Com aquela decoração que a gente gosta, os azulejos que são abraço pros olhos. Podem esperar muita cerveja gelada, batidinha, e acepipes”, antecipa Viduca. A sequência de imagens ilustra a atmosfera do bar: uma parede tomada por garrafas de Cachaça 51, drink bloody mary com torresmo e aqueles clássicos espelhos da moldura laranja.
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A postagem, que ganhou repercussão nas redes sociais e soma quase 200 mil visualizações na web, deu o que falar e desagradou quem se considera mineiro raíz. “Tenho 35 anos, sou nascida e criada em minas, rolezeira desde 2005 e eu nunca fui pra um bar tomar 51. Nos respeitem”, comentou uma internauta.
“O bar mineiro que só tem 51 pq não é gourmetizado é o conceito mais paulistano que eu já ouvi na vida”, afirma um segundo comentário. “Eu sou mineira e afirmo com bom coração que isso não tá parecendo nada mineiro”, disse uma terceira.
Gourmetização da cultura mineira
Pedro Castilho, também influenciador digital foi além e trouxe a pauta da “gourmetização da cultura mineira” para a discussão. “O paulistano está sempre atrás de uma nova trend, de um novo spot para poder circular. E agora eu tenho percebido que o que está acontecendo aqui é a gourmetização da cultura mineira”, inicia.
Em vídeo, ele menciona o conteúdo produzido por Vitória, critica os preços altos do bar e questiona a autenticidade do negócio.
“Eu tenho a impressão que essas pessoas confundem culpa de classe com consciência de classe. Existe uma nostalgia por uma pobreza que elas não viveram. O que me incomoda é a narrativa, é o storytelling, que é muito coisa de paulistano publicitário”.
@todecastilho Mais um empreendimento gourmetizado na Santa Cecília, mais um bar no bairro onde sempre tem um bar novo. Dessa vez se apropriando da cultura mineira. #fyp #pravoce #baressp #rolesp #gaytiktok ♬ original sound – todecastilho
O que diz o dono?
O chef Bruno Perial usou as redes sociais para expor o seu ponto de vista. Nascido em Vespasiano, na Região Metropolitana, e criado em Belo Horizonte, o cozinheiro explica que o conceito do bar é servir comida de verdade.
“Meu sonho sempre foi ter um boteco. O ‘Ó Pro Cê Vê’ surgiu de um papo de buteco que eu estava tendo com a minha sócia Tuíra e eu falei com ela ‘Ó pro cê vê, se a gente abrir um boteco ao invés de” uma pizzaria eu acho que vai ser bem mais legal. E aí ela riu do nome e ficou esse nome ‘Ó Pro Cê Vê’”.
“A inspiração vem de todos os botecos que eu tomei cerveja em Belo Horizonte desde os meus 17 anos de idade. Não era para eu estar no boteco, mas eu estava no boteco”, brinca. O cardápio da casa inclui os clássicos da comida de estufa: bolinho recheado, carne de panela, rabada, e mais.
“É o que eu gosto de fazer, é o que eu gosto de comer. Simplicidade é o que eu gosto. O pão de queijo é mineiro, receita da minha mãe, receita de família”, completa.
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