Jaritataca se defende de mulher no Piauí e vídeo registra comportamento curioso


Professora filmou o momento em que o animal bate as patas no chão para intimidar antes de fugir. Especialista explica por que, nesse caso, a jaritataca não usou seu famoso spray fétido. Jaritataca se defende de mulher no Piauí e vídeo registra comportamento curioso
Quem conhece a fama das jaritatacas sabe: mexer com elas pode ter consequências bem desagradáveis. Mas, desta vez, o desfecho foi menos perfumado – e mais curioso. Em Castelo do Piauí, a professora de ciências da natureza Sol Melo registrou em vídeo o momento em que uma jaritataca se defende dela, batendo as patas dianteiras no chão em sinal de ameaça, antes de virar as costas e fugir.
O vídeo chama atenção pelo comportamento característico do animal, também conhecido como cangambá, quando se sente ameaçado. Segundo o biólogo e especialista em mamíferos Fábio Nascimento, esse tipo de reação faz parte de um ritual de defesa antes do uso do famoso spray malcheiroso.
A jaritataca é um mamífero de hábitos noturnos e que é dificilmente vista pelos humanos.
Caio Brito
“As jaritatacas já têm essa coloração aposemática, com listras brancas ou cremes sobre o fundo escuro, que funciona como um aviso para predadores de que são perigosas. Quando o alerta visual não é suficiente, elas batem as patas dianteiras no chão, encaram a ameaça, levantam a cauda e, se preciso, borrifam a secreção fétida”, explica o pesquisador.
A substância é produzida por duas glândulas odoríferas localizadas próximas ao ânus, com capacidade para pelo menos seis borrifadas seguidas. “Depois disso, o animal leva cerca de dez dias para repor o ‘estoque’ de fluido”, completa Nascimento.
Por que ela não usou o spray?
Apesar de ser confundida com um gambá, a jaritataca não é um marsupial
Samuel Portela
No vídeo registrado pela professora Sol, a jaritataca optou apenas por intimidar e fugir, sem lançar o temido jato. Segundo o especialista, isso pode ter dois motivos: “Ou ela já havia usado o spray recentemente e estava sem estoque, ou avaliou que não valeria a pena gastar a defesa química e que fugir seria a melhor opção”, explica.
Jaritatacas e zorrilhos
No Brasil, há duas espécies do gênero Conepatus. No Cerrado e na Caatinga, vive a Conepatus semistriatus, popularmente chamada de jaritataca. Já o Conepatus chinga, conhecido como zorrilho, habita áreas do Sul do país.
Zorrilho é espécie de Conepatus que habita o Sul do Brasil
Gabriel Leite/iNaturalist
Ambas são pequenas, medindo entre 30 e 50 centímetros e podendo pesar até 4 kg. De hábitos noturnos e solitários, esses mamíferos não são marsupiais – apesar de muitas vezes serem confundidos com gambás.
Alimentam-se de insetos, pequenos vertebrados, raízes e frutas, e têm se adaptado bem a ambientes alterados pelo homem, ampliando sua área de ocorrência. Apesar de serem difíceis de avistar, atualmente não estão ameaçados de extinção.
Curiosidade
As jaritatacas são famosas pelo odor fétido de sua secreção, capaz de atingir até três metros de distância e provocar ardência nos olhos e náuseas. Mas, antes de recorrer a esse recurso extremo, o animal tenta sempre intimidar o adversário, como a cena registrada no Piauí mostra com perfeição.
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