PM que agrediu oficial de justiça na Grande BH é condenado, e juíza cita misoginia

A Justiça de Minas Gerais condenou o policial militar Daniel Wanderson do Nascimento, de 49 anos, a 2 anos e 9 meses de reclusão, em regime aberto, por agredir uma oficial de justiça e desacatar outro policial em março deste ano na Grande BH. A decisão, publicada nessa terça-feira (8), destacou que o militar agiu de maneira misógina ao demonstrar menosprezo e desrespeito à condição da vítima enquanto mulher e servidora pública.

Além da condenação por lesão corporal praticada contra mulher, em razão do gênero, Daniel Wanderson também foi condenado a 01 ano, 07 meses e 25 dias de detenção por crimes de falsa identidade, resistência e desacato a funcionário público no exercício da função.

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As agressões ocorreram no dia 8 de março deste ano, em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Maria Sueli Sobrinho, de 48 anos, tentava entregar uma intimação, quando foi agredida pelo policial com um soco e uma cabeçada no rosto.

A oficial de justiça sofreu fratura nasal, com deslocamento ósseo, além de escoriações e impactos psicológicos. Durante depoimento, a vítima relatou ainda que Daniel disse que ela só estava apanhando por ser mulher e que “não dava nada, era só lesão corporal”.

Na sentença, a juíza afirmou na sentença que a violência praticada foi deliberada, com intenção clara de intimidar e agredir a oficial, destacando que Daniel agiu movido por sentimento de superioridade física e desprezo pela autoridade da vítima. Para ela, a conduta evidenciou motivação discriminatória de gênero.

A defesa tentou argumentar que a agressão foi acidental e que o acusado agiu por reflexo, mas os argumentos foram rejeitados. Também pediu que o caso fosse julgado pela Justiça Militar, mas os pedidos foram rejeitados.

Relembre o caso

Segundo Maria Sueli, ela estava no bairro Novo Horizonte para entregar uma intimação, mas não encontrou o endereço indicado. Ao pedir informações a Daniel que estava por perto, ele se identificou como o destinatário do documento e pegou o papel.

No entanto, a oficial percebeu que ele estava mentindo sobre sua identidade e o alertou de que isso não era permitido. De acordo com o boletim de ocorrência, o Daniel era, na verdade, tio do verdadeiro intimado e teria assumido a responsabilidade para evitar que o sobrinho fosse localizado.

Ao ser advertido pela oficial, Daniel começou a intimidar a mulher, encostando o corpo contra o dela e questionando sua função.

Ainda segundo a vítima, a situação piorou quando ela ameaçou chamar a polícia. Daniel teria dado uma cabeçada e, em seguida, um soco no rosto, derrubando-a no chão. Devido à agressão, a servidora ficou com o rosto ensanguentado e precisou ser levada para atendimento médico.

Confusão

Ao ser preso, Daniel também se envolveu em uma confusão com os militares responsáveis pela detenção. Segundo o boletim de ocorrência, ele resistiu à prisão e chegou a agredir um sargento com um golpe na região íntima.

Foi necessário o uso de força para contê-lo e algemá-lo. Já o suspeito afirma que foi tratado com truculência, ficando várias horas algemado sem acesso a água, comida e aos medicamentos que precisa tomar para tratar um câncer na medula óssea.

Em nota, a Polícia Militar de Minas Gerais informou que o policial estava fora do horário de serviço e que “todas as providências, tanto de Polícia Judiciária quanto de Polícia Judiciária Militar, foram adotadas pela corporação”.

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