Piracicaba celebra 93 anos da Revolução Constitucionalista de 32; lembre como cidade participou


Evento solene de homenagem à data ocorreu nesta quarta-feira (9) na Estação da Paulista. Familiares de soldados da revolução relembraram histórias da época. Solenidade aos 93 anos da Revolução Constitucionalista ocorreu nesta quarta-feira (9), em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
Piracicaba (SP) celebra nesta quarta-feira (9) os 93 anos da Revolução Constitucionalista, iniciada em 9 de julho 1932. A cidade teve importante participação no evento histórico e anualmente realiza solenidades em homenagens ao ex-combatentes e familiares. Relembre abaixo a importância de Piracicaba na revolução.
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O evento, que antes ocorria na Praça José Bonifácio, este ano foi realizado na Estação da Paulista. A programação teve início às 8h, com participação da Corporação Musical União Operária.
A organização é do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP). A organização explica que as escolhas para a solenidade são feitas a partir de fatores históricos.
“Normalmente, a solenidade ocorre na praça José Bonifácio, junto ao Monumento do Soldado Constitucionalista. Este ano, optamos pela Estação da Paulista por sua relevância histórica: foi dali que partiu, em 16 de junho de 1932, o 1º Batalhão Piracicabano, com 200 voluntários, rumo à Revolução”, explica.
A escolha musica também não foi somente mera formalidade. Após a partida dos combatentes, durante o trajeto até São Paulo, a Banda União Operária acompanhou o grupo, animando e elevando o moral dos que iriam participar do combate.
Solenidade aos 93 anos da Revolução Constitucionalista ocorreu nesta quarta-feira (9), na Estação da Paulista, em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
Homenagens aos participantes
A aposentada Maria do Carmo Botelho esteve no evento desta quarta-feira. Ela conta que sempre comparece às homenagens porque seu pai participou da constituição, antes mesmo dela nascer.
“Meu pai teve muitos problemas porque ele precisou ficar embaixo de um rio. Então teve problema de audição mas, no fim, terminou a revolução e graças a Deus ele voltou com vida”, comenta.
Para ela, estar nos eventos de solenidade é uma forma de prestar homenagem ao seu pai, mesmo que ele não esteja mais vivo.
A bióloga Valdiza Maria Caprânico faz parte da diretoria do IHGP e também compareceu à homenagem. Sua família também tem histórias de membros que fizeram parte da revolução. Um primo de sua mãe, que na época era muito novo, fugiu de casa para participar. Ela conta que, infelizmente, ele voltou sem vida.
“É muito importante essa memória, porque foram piracicabanos que deram a vida por um ideal democrático”, reforça.
Monumento ao Soldado Constitucionalista na Praça José Bonifácio em Piracicaba
Claudia Assencio/G1
Piracicaba na revolução
A cidade enviou cerca de 900 voluntários para Revolução Constitucionalista, iniciada em 9 de julho 1932. Os registros apontam que 17 moradores foram mortos em combate.
O protagonismo político com Francisco Morato e a invenção de um objeto que simula o som de rajadas de metralhadoras – conhecido como matraca, são parte dos motivos que garantem ao município um relevante espaço na história da revolta, derrotada em menos de três meses.
O conflito armado ocorrido há 87 anos foi resultado da insatisfação de paulistas com os rumos do governo provisório de Getúlio Vargas, que assumiu após um golpe de estado em 1930. Os revoltosos queriam a formação de uma Assembleia Constituinte para pôr fim ao governo varguista, que tirou parte da autonomia dos estado.
Em São Paulo, uma das insatisfações envolvia Francisco Morato, advogado piracicabano nascido em 17 de outubro de 1868 e líder do Partido Democrático (PD) e que esperava ser designado para governar o estado de São Paulo – algo que nunca ocorreu apesar das promessas de Vargas.
Segundo a biografia de Morato no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o político buscou uma conciliação pacífica com os membros do governo provisório, mas não houve sucesso.
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Em 6 de abril de 1931, Morato e outros líderes do Partido Democrático, até então apoiador do governo de Vargas, assinam um manifesto à nação em que fica declarada a ruptura com o regime. O jornalista e escritor Cecílio Elias Netto afirmou ao g1, em matéria publicada em 2019, que foi Morato quem redigiu o manifesto.
“Esse manifesto foi a convocação”, afirmou Netto, que é estudioso da história de Piracicaba e inspiração para a criação do Instituto Cecílio Elias Netto (Icen), entidade que tem por objetivo resgatar e estudar o patrimônio cultural da cidade.
Francisco Morato nasceu em Piracicaba
Reprodução/Núcleo MMDC Piracicaba
Netto também ressalta a relevância política de outro morador de Piracicaba durante o período. “Paulo Morais Barros era secretário de governo [de São Paulo] do Pedro de Toledo. Esses dois piracicabanos são muito importantes”.
Os objetivos da revolução conseguiram levar ao conflito paulistas de várias cidades, mas não foram suficientes para expandir a outros estados – e o movimento acabou sucumbindo diante das forças nacionais.
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