TRXF11 dá passo arriscado com alavancagem alta e promete pagamento extraordinário

Em março de 2025, o fundo imobiliário TRXF11, focado em ativos de renda urbana, adotou uma postura mais agressiva ao reforçar sua alavancagem com duas novas operações financeiras. Juntas, elas somam aproximadamente R$ 160 milhões e foram estruturadas para resolver o desencaixe de caixa previsto para os próximos meses, além de antecipar oportunidades de distribuição de lucros extraordinários aos cotistas.

Destaques do mês

  • Cota de mercado: R$ 125

  • Cota patrimonial: R$ 101,26

  • Distribuição: R$ 0,93 por cota (yield de ~11% a.a.)

  • Número de cotistas: mais de 184 mil

  • Alavancagem total: 43,7%

Operações financeiras: CRI e CCI movimentam o caixa do fundo

Primeiro movimento: CRI de R$ 90 milhões

O primeiro passo do TRXF11 foi a emissão de um CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) no valor de R$ 90 milhões. Com vencimento em 15 anos e taxa indexada ao IPCA +6,8% ao ano, a operação chamou atenção pelo seu custo considerado abaixo da média para o setor.

Ponto de destaque: O mercado precificou o CRI com taxa inferior à de emissões recentes feitas por pares como HGBS e MALL11, indicando confiança na qualidade dos ativos e na gestão do TRXF11.

O lastro da operação são os aluguéis de grandes locatários como Grupo Mateus, Decathlon e Obramax, aumentando a segurança do crédito.

Segundo movimento: CCI de R$ 70 milhões e alto custo de capital

A segunda operação foi uma emissão de CCI (Cédula de Crédito Imobiliário) no valor de R$ 70 milhões, com indexação ao CDI +2%, elevando o custo efetivo para mais de 16% ao ano. A operação, embora cara, veio com uma condição estratégica:

  • Carência de 12 meses para amortização do principal

  • Objetivo declarado de pré-pagamento integral dentro desse período

Essa antecipação deve ser viabilizada pela venda de duas lojas do Açaí, localizadas em Ipatinga e no Guarujá, transações que já estão em fase avançada.

Venda de ativos e geração de caixa

A venda dos imóveis não só representa lucro contábil para o fundo, como também:

  • Reduz diretamente a alavancagem atrelada a esses ativos

  • Libera caixa para o pré-pagamento da CCI de 70 milhões

  • Pode resultar em distribuição extraordinária de lucros, estimada em até R$ 1,50 por cota

“As operações de venda já foram mencionadas nos relatórios anteriores como alternativas viáveis para aliviar o passivo”, destacou o gestor.

Alavancagem: aumento controlado e dentro do previsto

Apesar da injeção de capital via CRI e CCI, a alavancagem do fundo subiu modestamente de 40% para 43,7%. A gestão ressalta que o nível ainda está dentro do limite estatutário e sob controle, especialmente considerando o valor patrimonial de quase R$ 3 bilhões.

A equipe gestora reforça que novas estratégias de rotação de ativos estão sendo estudadas e que a indústria de FIIs no Brasil caminha para um modelo mais dinâmico, inspirado nos REITs americanos.

Projetos em andamento: destaque para o Albert Einstein

O projeto em parceria com o Hospital Albert Einstein está com 96% da estrutura concluída, reduzindo significativamente os riscos da fase de desenvolvimento, tradicionalmente mais sensível para fundos do tipo.

Esse avanço físico do imóvel agrega previsibilidade à carteira e fortalece a posição do fundo perante o mercado.

Contexto macroeconômico: cenário ainda desafiador

O fundo reconhece que o cenário macro permanece volátil:

  • Inflação sob controle, mas com juros longos ainda elevados

  • Guerra comercial entre China e EUA impacta os ativos de risco globalmente

  • Ibovespa e IFIX com desempenho positivo, mas sem sustentação econômica consistente

Apesar disso, a proximidade da cota de mercado com a patrimonial (algo raro no setor) indica que o mercado vê o portfólio do TRXF11 como bem precificado e resiliente.

O TRXF11 reforça sua posição como um dos FIIs mais acompanhados do mercado, tanto por sua política de transparência quanto pela ousadia nas estratégias financeiras. O aumento da alavancagem, embora cause preocupação, está sendo monitorado com planos claros de liquidação e geração de valor ao cotista.

A promessa de distribuição extraordinária no semestre é um atrativo adicional, desde que as vendas se concretizem e a estratégia de pré-pagamento seja executada conforme previsto.

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