Enge Brasil: volatilidade histórica levanta especulações sobre OPA e valuation

As ações da Enge Brasil têm protagonizado um dos episódios mais voláteis do mercado em 2025. Após atingir cerca de 40% de valorização no acumulado do ano, os papéis recuaram mais de 15% em apenas quatro pregões, gerando desconforto entre investidores e reacendendo especulações sobre uma possível oferta pública de aquisição (OPA) e fechamento de capital.

A alta repentina sem justificativas claras levantou teorias sobre um movimento especulativo em torno de um potencial aumento de participação em ativos estratégicos, como a hidrelétrica Giral, ou mesmo uma OPA. Por outro lado, o derretimento recente trouxe a ação de volta para um patamar entre R$ 40 e R$ 45, considerado por analistas como o “justo”, segundo levantamento de consenso de mercado e dados da Investing Pro.

Comparativo com utilities europeias destaca valuation esticado

Em análise setorial, a Enge Brasil apresenta valuation elevado frente a comparáveis europeias. Apesar do baixo endividamento (2,5x EBITDA), negocia a 2,9 vezes seu valor patrimonial, a mais cara entre as analisadas.

Uma tabela comparativa ajuda a visualizar o cenário:

Empresa P/L (x) P/VP (x) Dívida Líquida/EBITDA Dividend Yield (%)
Enge Brasil 10,5 2,9 2,5 9,3
Enge França 10–12 1,8 2,5 8,5
Iberdrola (ESP) 20 1,7 3,8 5,0
EDP (POR) 18 1,3 4,9 4,5
Enel (ITA) 12 1,9 3,5 7,2

Apesar de um P/L aparentemente “ok” em 10,5x, esse número foi influenciado por lucro não recorrente após venda parcial da participação na TAG. Sem esse evento, o múltiplo seria bem mais esticado.

Oportunidades e riscos para investidores

O movimento recente também chamou a atenção dos investidores de opções, já que os prêmios subiram com a volatilidade. Abaixo de R$ 40, o papel começa a ser visto como uma oportunidade por analistas e investidores técnicos, com foco em vendas cobertas e recompra em suportes como R$ 37,48 e R$ 36,79.

Do ponto de vista gráfico, os níveis entre R$ 39 e R$ 36 têm sido apontados como áreas de entrada com menor risco, enquanto regiões acima de R$ 50 já são consideradas sobrecompradas.

Historicamente, a Enge teve apenas três anos negativos desde 2008 e em 2025 já figura entre os destaques do setor de utilities no Ibovespa, com retorno acima de 30% antes da correção. Essa resiliência mantém investidores atentos a possíveis “gatilhos” como aumento da participação em Giral ou um anúncio formal de OPA.

Perspectivas para 2025

Embora não haja confirmação sobre fechamento de capital, o mercado segue especulando. A comparação com a matriz francesa (que manteve estabilidade no período) sugere que a volatilidade brasileira está mais ligada ao cenário doméstico e à especulação do que a fundamentos globais.

Para investidores, o recado é claro: a faixa de R$ 40–R$ 45 oferece um valuation neutro, enquanto preços abaixo de R$ 37 começam a entregar um prêmio de risco mais atrativo, considerando os fundamentos e a sazonalidade da empresa.

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