Líder indígena suspeito de abusar de turista chilena é preso ao se apresentar em delegacia do Acre


Isaka Ruy Huni Kuî se apresentou à Polícia Civil de Feijó e foi preso nessa quarta-feira (9). Ele aguarda a audiência de custódia nesta quinta (10). Indígena negou novamente as acusações. Isaka Ruy foi denunciado por turista por estupro
Mardilson Gomes/SEE/Arquivo
O líder indígena Isaka Ruy Huni Kuî, acusado de estupro pela turista chilena Loreto Belen, se apresentou à Polícia Civil de Feijó, interior do Acre, e foi preso nessa quarta-feira (9). O indígena chegou à delegacia acompanhado de advogados e prestou depoimento ao delegado Dione Lucas.
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Após o depoimento, o delegado cumpriu o mandado de prisão preventiva decretada no dia 27 de junho. Isaka Ruy deve passar por audiência de custódia nesta quinta (10).
O indígena negou novamente que tenha abusado de Loreto Belen, disse que havia saído da comunidade indígena após acompanhar um grupo de turistas em uma vivência na floresta e não sabia da acusação.
Ao ser informado, contratou um advogado e iniciou as negociações para se apresentar e prestar esclarecimentos.
A chilena formalizou a denúncia na delegacia de Feijó no dia 23 de junho. Loreto chegou à comunidade no dia 15 de maio e ficou mais de um mês na localidade.
Turista chilena denuncia líder indígena por estupro em aldeia no Acre: o que se sabe sobre o caso
Em contato com a advogada Maria da Guia, que defende o suspeito, a defesa informou que vai se manifestar sobre o caso após a audiência de custódia.
Durante o período que permaneceu na aldeia, Loreto diz que sofreu, pelo menos, três tipos de abuso sexual cometidos pelo indígena, sendo o último no dia 17 de junho.
“Preciso investigar mais, ouvir mais testemunhas, os turistas que estavam na aldeia, que participaram das vivências, do banho matinal. Ele nega o abuso, diz que ela que tentou se relacionar com ele, mas não quis. Até agora não achamos o celular dela, vamos tentar pelo iCloud para tentar localizar. Ela ainda não forneceu o iCloud, o pessoal da aldeia diz que procurou o celular pra devolver, mas não encontrou”, disse o delegado responsável pelo caso, Dione Lucas.
Turista chilena denuncia liderança indígena por estupro durante visita em comunidade no AC
Depoimento
Ainda segundo o delegado, o indígena confirmou que teve uma conversa em particular com a vítima, em uma área mais afastada da aldeia, contudo, negou que tenha praticado algum tipo de abuso. “Não tinha mais ninguém perto, fica a palavra de um contra o outro. Ele disse que ela o atacou e tentou ir em direção ao centro cultural, que foi quando a esposa dele soube e deu uma confusão”, explicou o delegado.
LEIA MAIS
Turista chilena denuncia liderança indígena por estupro durante visita em comunidade no AC; suspeito nega
Líder indígena denunciado por estupro de turista chilena em aldeia no Acre está foragido, diz polícia
O líder indígena afirmou também que a turista não foi agredida pela esposa. “Seguraram [a esposa] e não agrediu ela. O laudo do exame de corpo de delito apontam algumas vermelhidões no corpo dela [turista]. Vou continuar investigando para saber o que aconteceu, vou chamar outras pessoas que estavam na aldeia para prestar depoimento”, complementou.
Ao todo, o delegado já ouviu cinco testemunhas, dentre turistas, o suspeito e deve ouvir a turista novamente ao final do inquérito.
“Tenho cinco declarações, prints, vou chamar mais alguns turistas que estavam lá para depor. Fica difícil, com o que está nos autos, dizer o que ocorreu”, destacou Dione Lucas.
Denúncia
Loreto Belen chegou à comunidade no dia 15 de maio e ficou mais de um mês na localidade. Durante esse período, ela contou que sofreu, pelo menos, três tipos de abuso sexual, sendo o último no dia 17 de junho.
Além de denunciar o caso na delegacia de Feijó, a vítima também relatou o caso nas redes sociais, em um vídeo. Ela visitou a terra indígena pela primeira vez em janeiro deste ano, quando passou 15 dias estudando a medicina da floresta.
No dia 15 de maio, ela voltou à comunidade para viver outra experiência na natureza. A turista comprou um pacote por cerca de R$ 5,5 mil para ficar várias semanas no local.
Violência contra mulher: como pedir ajuda
Contudo, segundo ela, a experiência tornou-se um pesadelo quando Isaka Ruy, um dos líderes indígenas, teria começado a tocar suas partes íntimas durante algumas atividades, tentado beijá-la à força e a estuprado no dia 17 de junho.
A turista disse que resolveu denunciar o que ocorreu na aldeia para que outros visitantes não sejam vítimas. “Espero que outras pessoas não passem pelo que passei. Acho que tive coragem e força espiritual para falar e enfrentar essa situação. Não quero difamar ninguém, meu objetivo é que outras mulheres possam levantar a voz e isso não se repita”, incentivou.
O delegado Dione dos Anjos Lucas confirmou que a vítima foi ouvida na delegacia, fez exames de lesão corporal e sexologia forense no hospital do município e apresentou vídeos gravados nos momentos do abuso.
A turista recebeu ainda apoio e assistência do Departamento Bem Me Quer da Polícia Civil, que auxilia mulheres em situação de vulnerabilidade, e do Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM).
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar casos de violência contra a mulher:
Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Reveja os telejornais do Acre
Adicionar aos favoritos o Link permanente.