Preço médio da gasolina em BH chega a R$ 6,36 mesmo com corte da Petrobras; veja gráfico comparativo

O preço médio do litro da gasolina comum em Belo Horizonte está R$ 6,36, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), coletados entre os dias 29 de junho e 5 de julho. Nesta última terça-feira (8), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrou uma atuação dos órgãos de fiscalização diante de possíveis aumentos indevidos no valor do combustível. Conforme a pasta, a redução de R$ 0,17 nas refinarias da Petrobras não foi repassada aos consumidores. Na semana anterior ao desconto, o preço médio de revenda na capital mineira era de R$ 6,01.

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Em entrevista ao BHAZ, Eduardo Antunes, gerente de pesquisas do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD), afirmou que o preço médio da gasolina comum já estava elevado desde junho do ano passado, com valores acima de R$ 6 por litro. Porém, ele explica que, semanas antes da redução proposta pela Petrobras, era possível encontrar postos com intervalos de preços significativos, entre R$ 5,50 e R$ 6,40, existindo uma dispersão de quase R$ 1 entre um estabelecimento e outro.

No dia 2 de junho, a Petrobras anunciou uma queda de 5,46% nos preços da gasolina, que foi repassada às distribuidoras. O valor passou de R$ 3,02 para R$ 2,85, sendo essa a primeira vez que a empresa havia mexido nos preços do combustível desde julho de 2024.

“Quando houve esse repasse, criou-se a expectativa de que o preço da gasolina também diminuísse. Mas, ao contrário do que se esperava, os valores começaram a subir sem justificativas aparentes”, contou Eduardo.

No ofício publicado nessa terça, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que os argumentos apresentados por representantes do setor foram a alta no preço do etanol anidro (que compõe a gasolina tipo C, destinada ao consumidor) e a manutenção temporária em dutos de abastecimento. No entanto, segundo a pasta, esses fatores não justificariam os aumentos registrados nas bombas. A manutenção, por exemplo, já estava programada, com a formação prévia de estoques, entregas planejadas e sem impacto previsto no abastecimento ou nos preços.

Em nota ao BHAZ, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) afirmou que a cadeia de combustíveis é complexa e envolve diversos elos, como a distribuição, a produção de etanol, o frete e a tributação. Além disso, o Estado brasileiro arrecada R$ 2,17 por litro de gasolina.

“Culpar a ponta final, os postos, é isentar os demais atores da responsabilidade pela formação do preço final e enganar a população sobre quem realmente se beneficia com o alto valor cobrado nas bombas”, escreveu a entidade.

Gasolina fica 6,5% mais cara em BH

O BHAZ analisou os valores do preço médio da gasolina em Belo Horizonte entre a última semana de maio e o final de junho. Conforme dados da ANP, o valor da gasolina comum, entre os dias 25 e 31 de maio — ou seja, uma semana antes da redução — em 41 postos da capital mineira, era de R$ 6,01. Já entre 1º e 7 de junho, com a redução do repasse já em vigor, o preço caiu para R$ 5,97, representando uma diferença de – 0,67%.

Entretanto, na semana seguinte, entre os dias 8 e 14 de junho, o preço da gasolina subiu para R$ 6,06, representando um aumento de 1,51%. No dia 9 de junho, caminhoneiros e transportadores de combustíveis e derivados que prestam serviço para a Vibra Energia entraram em greve próximo à sede da empresa em Betim, na Região Metropolitana de BH. A paralisação durou apenas um dia e foi encerrada após negociações, quando a empresa assumiu o compromisso de atender às reivindicações dos trabalhadores.

“A paralisação afetou apenas alguns postos de uma bandeira específica. Por isso, a greve também não justificaria o aumento dos preços, já que não houve uma corrida aos postos que pressionasse o valor por conta da escassez do produto. Assim, em vez do valor recuar nas bombas e beneficiar o consumidor, ele não foi revertido”, afirmou o gerente de pesquisas do IPEAD.

Conforme a última análise da ANP, entre os dias 29 de junho e 5 de julho, o preço médio da gasolina comum em Belo Horizonte subiu para R$ 6,36. Em menos de um mês, o valor teve um aumento de aproximadamente 6,5%.

Preços padronizados em BH

O gerente de pesquisas do IPEA ainda ressalta que o preço da gasolina em BH está padronizado, com uma dispersão de preços que variam entre R$ 6,29 e R$ 6,39. “Historicamente, sempre observamos diferenças de preço entre as regiões de BH, mas isso não tem ocorrido com frequência. Já não compensa sair da região onde você mora ou trabalha para abastecer. O valor na Pampulha, por exemplo, está muito próximo do da região Centro-Sul. Não existe mais aquela busca por bairros com gasolina mais barata”, afirmou.

Segundo apuração do BHAZ nesta quarta-feira (10), o valor do litro da gasolina no posto CJ, localizado no bairro Cidade Jardim, região Centro-Sul de Belo Horizonte, é de R$ 6,49. No posto Baluarte, no bairro Maria Goretti, região Nordeste, o preço é R$ 6,39 — mesmo valor cobrado no posto Trópico, no bairro Liberdade, na região da Pampulha.

O MME acionou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon), o Procon-MG e o Procon-DF para analisarem o caso dentro de suas competências e para que adotem as providências cabíveis.

Os postos que praticam aumento indevido podem responder por infração à ordem econômica e práticas que lesam consumidores.

Em nota ao BHAZ, o Senacon informou que já desenvolve, de forma contínua, ações de monitoramento e enfrentamento de práticas comerciais abusivas no setor de combustíveis. “Cabe informar, ainda, que se encontram em curso averiguações preliminares relacionadas à elevação de preços de combustíveis ao longo do ano de 2023, envolvendo empresas e entidades representativas do setor”, escreveu.

Além disso, a Senacon comunicou que o ofício encaminhado pelo MME tramita na secretaria e que todos os procedimentos administrativos estão, atualmente, em fase de instrução técnica, “com estrita observância aos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal”.

“Concluída essa etapa, as decisões serão proferidas de forma fundamentada, com base nos elementos fáticos e jurídicos constantes dos autos, podendo resultar na adoção de medidas sancionatórias, se for o caso. No caso específico de Minas Gerais e do Distrito Federal, as distribuidoras serão notificadas para explicarem o expressivo aumento dos preços sem justa causa aparente”, disse.

A reportagem também entrou em contato com o Procon-MG e aguarda retorno.

Leia a nota na íntegra

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), informa que recebeu o Ofício n.º 332/2025/GM-MME, encaminhado pelo Ministério de Minas e Energia, onde se relatam indícios de infrações à ordem econômica no mercado de combustíveis, especialmente em relação a aumentos considerados injustificados no preço da gasolina nos estados de Minas Gerais e do Distrito Federal.

O documento destaca que, apesar da redução de 5,6% (equivalente a R$ 0,17 por litro) no preço da gasolina operada pela Petrobras, foi constatado, nessas regiões, um aumento nos preços ao consumidor final, movimento que, segundo o Ministério de Minas e Energia, aparenta ser imotivado e desproporcional. O ofício solicita que os órgãos competentes adotem as providências cabíveis, à luz de suas atribuições legais, com vistas à preservação dos direitos dos consumidores, conforme estabelece a política energética nacional (Lei n.º 9.478/1997, art. 1º, inciso III).

No âmbito de suas competências, a Senacon reitera que já vem desenvolvendo, de forma contínua, ações de monitoramento e enfrentamento a práticas comerciais abusivas no setor de combustíveis. Entre essas ações, destaca-se a análise da NOTA n.º 00140/2025/DEAEX/CGU/AGU, enviada por meio do Ofício nº 332/AGU, que trata do fenômeno conhecido como Assimetria na Transmissão de Preços (ATP) – caracterizado pela não efetivação ou demora no repasse ao consumidor final de reduções promovidas no preço de origem.

Cabe informar, ainda, que se encontram em curso averiguações preliminares relacionadas à elevação de preços de combustíveis ao longo do ano de 2023, envolvendo empresas e entidades representativas do setor.

Adicionalmente, tramita nesta Secretaria o processo n.º 08012.000766/2025-23, que trata do monitoramento do mercado de combustíveis, especialmente diante de aumentos persistentes nos preços ao consumidor, mesmo após cortes realizados pela Petrobras.

Todos os procedimentos administrativos estão atualmente em fase de instrução e análise técnica, com estrita observância aos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Concluída essa etapa, as decisões serão proferidas de forma fundamentada, com base nos elementos fáticos e jurídicos constantes dos autos, podendo resultar na adoção de medidas sancionatórias, se for o caso.

No caso específico de Minas Gerais e do Distrito Federal, as distribuidoras serão notificadas para que expliquem o expressivo aumento dos preços sem justa causa aparente.

A Secretaria Nacional do Consumidor reafirma seu compromisso institucional com a defesa dos direitos do consumidor, a transparência na formação de preços e o regular funcionamento do mercado de combustíveis, e permanecerá atenta e articulada com os demais órgãos públicos competentes, no intuito de garantir a fiel observância da legislação em vigor e a proteção do interesse público.

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