O setor financeiro brasileiro acumula alta de quase 30% em 2025 — praticamente o dobro do Ibovespa no mesmo período —, mas o mercado segue cauteloso quanto ao futuro dos lucros e dividendos. O Índice Financeiro (IFNC), que reúne bancos, seguradoras e empresas do setor, negocia atualmente a um preço/lucro (P/L) médio de 8,6 vezes, abaixo da média histórica de 9,9.
Apesar do otimismo recente, as projeções para o Banco do Brasil (BBAS3) indicam um tombo de até 43% no lucro do segundo trimestre, na comparação anual. Já o setor como um todo ainda oferece valuation atrativo: o P/L dos bancos está em 7,4 vezes, frente à média histórica de 9,0, com expectativa de crescimento de lucro de 9% a 10% este ano.
Desempenho do setor financeiro em 2025
Indicador | Setor Financeiro (jul/25) | Média 10 anos |
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P/L setor (bancos + seguradoras) | 8,6 | 9,9 |
P/L apenas bancos | 7,4 | 9,0 |
Alta do IFNC no ano | 29,8% | — |
Alta do Ibovespa no ano | 15,2% | — |
Os lucros do setor cresceram 95% desde a pandemia, acompanhando uma alta de 109% no valor de mercado. Entretanto, a alta recente das ações levou alguns investidores a questionar se os preços já embutem as melhorias esperadas.
Banco do Brasil: lucro em queda e dividendos menores
As previsões para o BB são de um lucro de R$ 5,4 bilhões no 2º trimestre, queda de 43% em relação a 2024 e quase 30% frente ao 1º trimestre de 2025. Para o ano, a XP estima lucro de R$ 26 bilhões, enquanto a média de mercado projeta R$ 28 bilhões — cerca de 30% a menos que em 2024.
Essa deterioração nas projeções também afeta os dividendos: o payout deve recuar de 40–45% para 35%, segundo analistas, em função da alavancagem e da necessidade de preservar capital.
Valuation e perspectivas para os principais bancos
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Banco do Brasil (BBAS3)
P/L projetado para 2025: entre 4,7 e 6,5 vezes
P/VPA atual: 0,6 (abaixo da média histórica de 1,0)
Dividend Yield esperado: 7–9% -
Bradesco (BBDC4)
P/L e dividend yield abaixo da média, com projeção de até 8% de dividendos. -
Itaú (ITUB3)
Perspectiva de crescimento maior para a ação ordinária (ITUB3), que está mais barata que a preferencial (ITUB4), com dividend yield superior. -
Santander (SANB11)
Também negociado abaixo da média histórica, com dividend yield esperado entre 8% e 9%.
Outras instituições como BTG Pactual, B3, Stone e Nubank aparecem menos atrativas do ponto de vista de dividendos, com yields de 0% a 3% no caso das fintechs e do BTG, que mantém payout de apenas 25%.
O que esperar do setor?
Apesar do pessimismo para o curto prazo, muitos analistas reforçam que os bancos continuam sendo negociados a múltiplos historicamente baixos. Para o médio e longo prazo, as projeções indicam recuperação gradual dos lucros a partir de 2026, especialmente se a inadimplência rural, que disparou nos últimos trimestres, se normalizar, como ocorreu após o pico de 2017.
Para investidores que buscam dividendos e potencial de valorização, o atual cenário pode representar uma oportunidade rara de compra no setor financeiro.
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