
Centro de pesquisa da USP em Piracicaba (SP) aponta que volume de suco de laranja exportado pelo Brasil na safra 2024/25, foi o menor em quase 30 anos, mas a receita com os embarques foi recorde. O futuro do setor de citrus, no entanto, segue incerto. Carta de Trump ao Brasil tem a tarifa mais alta
O volume de suco de laranja exportado pelo Brasil na safra 2024/25, que se encerrou em junho deste ano, foi o menor em quase 30 anos, mas a receita com os embarques foi recorde. O futuro do setor de citrus, no entanto, segue incerto. Agentes do mercado nacional demonstram incerteza quando o assunto é o novo tarifaço anunciado pelo Presidente Donald Trump. – Entenda mais, abaixo.
Na comparação com a safra anterior, a receita cresceu 28,4%, totalizando US$ 3,48 bilhões, conforme dados do boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) do campus da USP em Piracicaba (SP), divulgado nesta sexta-feira (11).
Oferta restrita: apesar do cenário de incerteza quanto à recuperação plena do consumo externo de suco e de uma safra ‘turbulenta’, nas palavras dos pesquisadores da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP), o impacto da elevação de 10% nas tarifas foi minimizado pela oferta restrita do Brasil, que sustentou os embarques.
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Agentes do setor de citricultura, consultados pelo Cepea, demonstraram receio de que demanda internacional não se restabeleça completamente.
“Ora devido à estagnação do consumo, ora pelos efeitos ainda indefinidos dos aumentos tarifários implementados pelo governo Trump sobre produtos brasileiros”, analisam.
“No entanto, permanece incerta a magnitude dos efeitos de um possível aumento tarifário para patamares de até 50% sobre o suco de laranja, especialmente diante da perspectiva de maior produção nacional nas próximas temporadas”, destacam.
Assim, ainda conforme o Centro de Pesquisas, o acúmulo de divisas oriundas das exportações na temporada 2024/25 foi extremamente favorável, permitindo ao setor uma capitalização importante frente aos desafios futuros.
Suco de laranja tem menor volume exportado na safra 24/25, mas atinge receita recorde
Jornal Nacional/ Reprodução
Limeira: cidade produtora faz campanha contra greening
Desde junho de 202, Limeira, uma das cidades do interior de São Paulo que polo produtor de laranja, realiza campanha para combater “greening”, doença causada por bactéria e que afeta a citricultura – um dos destaques econômicos do município.
A ação visa alertar e incentivar a população para substituir as murtas (Murraya paniculata), plantas conhecidas também como damas-da-noite. As árvores ornamentais são hospedeiras da bactéria transmissora da doença (saiba mais, abaixo).
Laranjas afetadas pelo greening
Jefferson Barbosa/EPTV
Regiões
A prefeitura de Limeira informou que as regiões com maior incidência de murtas no município estão nas áreas urbanas, como as centrais e os bairros mais antigos da cidade, onde a espécie foi utilizada como cerca viva e para arborização de calçadas.
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O que é o greening
O greening é uma bactéria considerada a mais destrutiva da citricultura mundial. Os sintomas dela podem ser observados nas folhas de pés de laranja, por exemplo, que apresentam um aspecto amarelado, e nas flores, que ficam secas e murchas. A bactéria afeta a saúde da planta e a produção de frutos.
“A doença é transmitida por um inseto vetor, pelo psilídeo, e é justamente nessa região de Limeira, Avaré e Bebedouro, esse ‘miolo’ do estado de São Paulo, onde são capturadas as maiores população de inseto. Consequentemente a gente tem as maiores taxas de transmissão”, explica Guilherme Rodriguez, supervisor de projetos do Fundecitrus, em entrevista à EPTV em setembro de 2024.
Greening aumenta nas laranjeiras da região de Limeira e contribui para alta de preços
Preço do suco de laranja nos EUA
Os EUA tornaram-se mais dependentes das importações de suco de laranja nos últimos anos devido a um declínio acentuado na produção doméstica, por causa de furacões, períodos de temperaturas muito baixas e da doença greening.
O greening afeta os pomares e diminui a qualidade e a produtividade da fruta. O estado da Flórida é o mais afetado. Ele representa 90% do suco de laranja americano. Os prejuízos por lá causaram uma retração de 28% na produção do país na safra 2024/2025.
Os preços do suco de laranja vêm enfrentando altas seguidas. A lata de 473 ml atingiu o preço recorde de US$ 4,49 em fevereiro deste ano (equivalente a R$ 24,84).
Preço do suco de laranja nos EUA.
Arte/g1
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