Polícia diz que padrasto suspeito de envenenar jovem em São Bernardo do Campo se contradisse em depoimento


Polícia desmente depoimento de padrasto suspeito de envenenar jovem em São Bernardo do Cam
A delegada Liliane Doretto, titular do 6º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, desmentiu nesta segunda-feira (15) a versão apresentada por Ademilson Ferreira dos Santos, padrasto de Lucas da Silva, de 19 anos, internado em estado grave após comer um bolinho de mandioca. Para a polícia, ele é o principal suspeito de ter envenenado o jovem.
“O que justifica o pedido de prisão temporária é que ele, o tempo todo, tentou colocar a culpa na irmã. Disse que foi ela quem ofereceu, mas na verdade ele quem pediu. Ele é a única pessoa que leva os bolinhos e entrega pontualmente para cada um da família”, afirmou a delegada.
Ademilson chegou por volta das 17h à delegacia, em São Bernardo do Campo e evitou falar com a imprensa. Segundo Doretto, o padrasto se contradisse nos depoimentos.
A mãe de Lucas contou que recebeu os bolinhos em casa na sexta-feira (12) e que foi o próprio Ademilson quem distribuiu os alimentos para os familiares.
“Ele abriu e tirou um pedaço, comeu. Depois deu para mim. Entregou o do Tiago no banco, que estava no banho, e levou o do Lucas até o quarto. Foi ele quem entregou tudo”, disse a mãe.
Pouco depois do jantar, Lucas passou mal e desmaiou.
Mais cedo, em entrevista à TV Globo, Ademilson tentou colocar a culpa na irmã. “Ela me odeia porque eu sou preto e não sou irmão dela”, afirmou. Ele também lamentou o ocorrido, dizendo que Lucas estava prestes a ser promovido no trabalho.
A polícia já ouviu a tia de Lucas, que negou ter colocado qualquer substância na comida. Ela afirmou apenas estar afastada da família, mas que não há desavenças graves. A mulher vai prestar depoimento novamente na tarde desta terça-feira (15).
A polícia ainda aguarda o laudo da perícia para confirmar se os bolinhos estavam envenenados e qual substância foi usada. Um print obtido pela TV Globo mostra uma conversa entre Ademilson e um pastor, em que o padrasto afirma estar com depressão e revela que já pensou em matar o enteado, mas que Deus o havia livrado disso.
O pedido de prisão preventiva de Ademilson foi feito pela polícia nesta tarde. O Tribunal de Justiça de São Paulo informou que, até o momento, não recebeu o pedido. Segundo a delegada, no entanto, a solicitação já foi feita. Ademilson deve ser transferido ainda hoje para a delegacia de São Caetano do Sul, que funciona 24 horas.
Os investigadores estiveram nas duas casas — na do jovem e na da tia — para coletar amostras da massa dos bolinhos e dos ingredientes usados. O material foi encaminhado para perícia.
Bolinho envenenado
O jovem e os pais dele comeram o presente enviado e, em seguida, jantaram. Cerca de meia hora depois, ele passou mal e precisou ser socorrido com a ajuda de um vizinho à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) União.
Na unidade, o médico afirmou que Lucas apresentava um quadro de intoxicação compatível com envenenamento. Contudo, somente o exame toxicológico poderá confirmar a substância ingerida pela vítima.
Com sintomas que levantaram suspeita de intoxicação, Lucas foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento. A equipe médica acionou a Guarda Municipal ao suspeitar de envenenamento. A Polícia Civil, então, iniciou uma investigação.
O rapaz foi transferido para o Hospital de Urgência, onde está internado em leito de terapia intensiva. Segundo a Prefeitura de São Bernardo, o estado de saúde dele é estável, com suporte ventilatório e vigilância neurológica.
“O paciente evoluiu com necessidade de realização de hemodiálise e são aguardados resultados de exames que identifiquem o que ocasionou esse quadro”, informou a administração em nota.
Lucas da Silva passa mal após comer bolinho e é internado no Hospital de Urgência, em São Bernardo.
Montagem g1/Reprodução/Prefeitura de São Bernardo
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