A Auren Energia (AURE3), uma das maiores geradoras de energia limpa do Brasil, vive um momento desafiador no mercado financeiro. Desde sua fusão com a AES Brasil, a companhia acumula uma queda de quase 40% nas ações e enfrenta um endividamento elevado — fator que deve limitar significativamente a distribuição de dividendos até o fim da década.
Endividamento elevado pressiona os resultados
Com alavancagem próxima de 4,5 vezes, grande parte indexada à Selic, a Auren encontra dificuldades para equilibrar seu caixa. Segundo analistas, o cenário atual impede a empresa de se comprometer com um payout mais generoso. A Genial Investimentos, por exemplo, estima que os dividendos devem ficar entre 1% e 2% ao ano até 2025, enquanto outras casas como EI Research e Nord Research projetam valores ainda menores.
O principal impacto da dívida, de acordo com os relatórios, recai diretamente sobre a distribuição de lucros aos acionistas. A expectativa é que uma recuperação só comece a ser vista a partir de 2028, conforme a empresa reduza sua exposição à dívida e normalize seus fluxos de caixa.
Ação em queda e posição dos controladores
A ação da Auren já chegou a ser negociada acima de R$ 14 em 2023. Hoje, está na faixa de R$ 7,50, o que representa um tombo de quase 50%. Em dezembro de 2024, os próprios controladores voltaram a comprar ações da empresa, sinalizando confiança no portfólio de longo prazo. No entanto, a movimentação não foi suficiente para reverter a tendência de queda.
Apesar da recompra, o ativo continua pressionado. Dados do mercado mostram que quase 6% das ações estão alugadas, sugerindo forte movimento de short (apostas na queda). O aluguel, no entanto, está pagando prêmios baixos — abaixo de 0,40% — o que torna pouco atrativo manter o papel alugado apenas para capturar rendimento.
Avaliação fundamentalista: ainda está cara?
Utilizando métricas de valor como preço sobre lucro (P/L) e preço sobre valor patrimonial (P/VP), a Auren continua sendo avaliada como cara por ferramentas como o “painel inteligente de ações”. Mesmo com a queda no preço de tela, os múltiplos seguem esticados. Além disso, o retorno sobre o patrimônio (ROE) é considerado baixo, indicando uma rentabilidade aquém do ideal para os acionistas.
Em comparação, ações como CMIG4 (Cemig), ISA Cteep (ISAE4) e Sanepar (SAPR4) aparecem como alternativas mais baratas e com maior potencial de valorização, segundo o mesmo painel, que filtra papéis com dividend yield acima de 6% e liquidez mínima.
Recomendações dos analistas
Plataformas como a da Microsoft e o site MSN Finanças reúnem avaliações de até 12 analistas sobre a AURE3. A maioria recomenda “manutenção”, com preço-alvo na casa dos R$ 11 — o que representaria um potencial de valorização de cerca de 45% frente ao valor atual. Contudo, a disparidade entre recomendação e fundamento real chama atenção: mesmo com potencial de alta, os riscos permanecem elevados.
ETF de dividendos em dólar como alternativa
Para quem busca renda passiva mais consistente, o ETF JPI — que reúne ações americanas com dividendos acima de 8% ao ano pagos mensalmente — pode ser uma alternativa interessante. A exposição em dólar, somada à estabilidade das empresas incluídas no índice, atrai investidores que desejam fugir da instabilidade de empresas como a Auren no curto prazo.
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