Rising despenca 30% em 2025 e aposta em reestruturação para reduzir dívidas

Desde o início de 2025, as ações da Rising acumulam queda de quase 30%, com um recuo de 20% apenas no último mês, reflexo direto da incerteza sobre a reestruturação anunciada pela companhia. O movimento, que já recebeu aprovação do conselho de administração, envolve a cisão parcial de ativos e transferências para a controlada Rising Energia, visando otimizar a estrutura de capital e capturar ganhos fiscais.

No último trimestre, a Rising registrou prejuízo líquido de mais de R$ 2,5 bilhões, consequência principalmente das despesas financeiras elevadas e do aumento dos custos operacionais. Para todo o ciclo mais recente analisado, o prejuízo acumulado chega a quase R$ 4,2 bilhões.

Estratégia de reestruturação e cisão

A proposta prevê a transferência de cerca de R$ 8 bilhões em ativos, incluindo participações em operações de distribuição na Argentina e Paraguai, além de créditos fiscais de longo prazo estimados em R$ 1,3 bilhão. Também serão transferidos R$ 7,6 bilhões em passivos relacionados a operações entre as controladas.

O objetivo é reduzir o peso das despesas financeiras e monetizar créditos fiscais com a venda de ativos no exterior. O Bank of America destacou o benefício tributário da operação e elevou o preço-alvo das ações para R$ 2,70, projetando potencial de alta de 61%. Já no mercado local, 14 analistas indicam consenso positivo: 8 recomendam compra forte, 3 compra e 3 manutenção, sem recomendações de venda, com preço-alvo médio de R$ 3,12 — mais de 100% acima do valor atual.

Estrutura societária complexa e desafios financeiros

A Rising, controlada por Shell Brasil e CZ, opera como holding com dezenas de braços em distribuição de combustíveis, energia, açúcar e etanol. Essa estrutura complexa afasta investidores iniciantes e contribui para ineficiências tributárias.

Mesmo sendo uma das maiores geradoras de receita do Brasil, com faturamento superior a R$ 250 bilhões anuais, a empresa enfrenta margens extremamente baixas e prejuízos crescentes. No último ano-safra, a receita líquida cresceu, mas o lucro bruto caiu 24%, pressionado pelo aumento do custo dos produtos vendidos.

Endividamento elevado

Um dos principais desafios da Rising é sua dívida líquida de aproximadamente R$ 34 bilhões, com indicador de alavancagem (dívida líquida/EBITDA) de 3,2 vezes. Embora possua caixa robusto, em torno de R$ 30 bilhões, o endividamento bruto atinge R$ 60 bilhões — quase o dobro da disponibilidade de caixa — e vem sendo onerado por juros altos.

A Selic elevada desde 2024 contribuiu para aumentar as despesas financeiras, que somaram R$ 7,5 bilhões no último exercício.

Oportunidade ou risco?

Apesar do faturamento expressivo e da posição de destaque como maior produtora mundial de etanol e uma das maiores de açúcar, a Rising segue enfrentando dificuldades para transformar receita em lucro consistente. As margens apertadas, o endividamento elevado e a complexidade operacional são os maiores obstáculos para a empresa.

Para os investidores, a grande questão permanece: a queda recente representa uma oportunidade de compra ou os riscos ainda superam os potenciais ganhos? A resposta vai depender da capacidade da empresa em executar sua reestruturação, melhorar a eficiência e reduzir suas despesas financeiras.

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