Quem era Thamiris Fumo, manicure morta pelo ex-companheiro dentro do salão de beleza da irmã


Thamiris Cristina Fumo, de 29 anos chegou a passar por uma cirurgia, mas estava em estado grave e não resistiu.
Arquivo pessoal
“Ela era muito amada”, diz Jéssica Caroline, de 31 anos, sobre sua irmã, Thamiris Cristina Fumo, de 29 anos. Thamiris morreu nesta quarta-feira (16), após ser baleada pelo ex-companheiro em Hortolândia (SP) e ficar nove dias internada no Hospital Samaritano, em Campinas (SP).
O crime aconteceu no salão de beleza de Jéssica, na rua Borba Gato, no bairro Jardim Amanda II, no dia 7 de julho. Luan Fonseca Lima, de 32 anos, cometeu suicídio após atirar na ex-esposa. Thamiris chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu.
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Thamiris trabalhava como manicure em um estúdio no Jardim Amanda, em Hortolândia. “Ela fazia unha de fibra, trabalhava bastante. Tinha muitos clientes, já estava bem conhecida, e trabalhava muito”, conta a irmã, Jéssica.
Para a irmã, Thamiris era uma mulher forte. “Começou a trabalhar muito cedo. Com 18 anos, ela já tinha carteira, já tinha o carrinho dela, já dirigia. Sempre correu atrás dos seus sonhos”, relata.
Luan Fonseca Lima, de 32 anos, cometeu suicídio após atirar na ex-esposa em Hortolândia.
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“A gente fica sem entender”
Thamiris tinha um filho de 4 anos com o ex-companheiro. “Eles começaram a namorar muito cedo. Ele foi morar na minha casa, meu pai praticamente criou ele”, explica Jéssica.
A irmã dizia que Luan era um bom pai, mas que não estava mais feliz com o relacionamento e então decidiu se separar. Desde janeiro deste ano, o casal morava com o filho no mesmo apartamento, mas os dois dormiam em quartos separados.
“Ele não aceitava de jeito nenhum. Ele mandava mensagem ‘pra’ ela na madrugada, insistia o tempo todo. Eles começaram a brigar muito”, afirma Jéssica.
Em junho, Thamiris decidiu se mudar e alugou outro apartamento. Na mesma época, ela começou outro relacionamento e Luan não teria aceitado.
“Ele surtou e mudou totalmente, a todo o tempo tinha mudanças de humor. A gente chegou a entrar em contato com a família dele e falamos que ele precisava de ajuda”, relata Jéssica.
Ainda segundo ela, Luan tinha um atestado de afastamento do trabalho e foi encaminhado ao psiquiatra, mas não chegou a procurar atendimento.
“Ele chegou a falar pra mim várias vezes que ele preferia morrer do que perder a família dele. Ele ameaçava que ia tirar a própria vida. Ela não queria que ele fizesse isso, e ela acreditava muito de que ele não seria capaz de fazer nada”, conta Jéssica.
Jéssica soube por uma amiga de Thamiris que ela iria fazer um pedido de medida protetiva contra o ex-companheiro. “Então provavelmente ele tava ameaçando ela, mas a gente não sabia. Nossa família sempre foi muito unida, e a gente fica sem entender o porquê ela não contou pra gente”, desabafa a irmã.
Crime aconteceu no salão de beleza da irmã
Jéssica trabalha como cabelereira em um salão de beleza em sua casa. Ela mora em um sobrado e o salão fica no andar de cima, com uma escada que dá acesso à residência por dentro e outra escada que passa por fora da casa.
Thamiris havia marcado horário para uma progressiva com a irmã às 15h30, no dia 7 de julho. Depois de aplicar um produto no cabelo de Thamiris, Jéssica levou os filhos e o sobrinho a um quarto e foi ao andar de baixo da casa buscar um lanche para as crianças. Ao descer, se deparou com Luan.
“Eu desci a escada por dentro e dei de cara com ele na minha sala. Eu assustei e perguntei ‘o que você está fazendo aqui?’ Ele não me respondeu, imediatamente virou as costas para subir pela escada de fora”, narra Jéssica.
No mesmo momento, ela conta que um carro usado para entregas chegou no local com uma encomenda. “Na hora que eu peguei a caixa na mão, eu ouvi dois tiros. Foi questão de 30 segundos. Eu já subi correndo e só vi ele caído de um lado, e ela caída de outro”, relata.
Na hora do desespero, Jéssica conta que começou a gritar. Ela levou as crianças para outro quarto, no fundo da casa, chamou uma ambulância e a polícia. Ela viu que a irmã ainda respirava e que o ex já tinha falecido.
Ainda segundo Jéssica, o filho de Thamiris não chegou a ver a cena do crime porque ela cobriu o rosto do sobrinho com uma blusa.
“Para passar pela cena do crime só tinha uma passagem, que eu tinha que descer com as crianças. Eu cobri o rostinho dele e falei que a gente ia brincar, que ele não podia olhar. Quando eu desci, lá fora já estava cheio de polícia, ambulância. E ele o tempo todo perguntando ‘cadê a minha mamãe? cadê o meu papai?”, relata.
“O que eu sei é que até no dia do crime que ele fez com ela, ele mandou mensagem pedindo ‘pra’ voltar de novo. Ele destruiu a vida da minha irmã, destruiu a vida do próprio filho, destruiu a minha vida, da minha família. E o que eu tenho ‘pra’ falar da minha irmã é que ela era muito, muito, muito amada”, diz Jéssica.
“Ela era muito amada”, diz Jéssica Caroline, de 31 anos, sobre a irmã, Thamiris Cristina Fumo, de 29 anos, vítima de feminicídio.
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1º feminicídio no semestre na região
De acordo com a prefeitura de Hortolândia, após ser baleada, Thamiris foi socorrida em estado grave e encaminhada para o Hospital Mário Covas. Segundo a Polícia Civil, ela foi transferida ao Hospital Samaritano ainda no dia 7 de julho e permaneceu internada.
Ainda segundo a polícia, Thamiris chegou a passar por uma cirurgia na cabeça, mas estava em estado grave na UTI do hospital e não resistiu.
Na época, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a perícia foi acionada e o veículo do autor, assim como uma faca e a arma de fogo, foram apreendidos.
O caso foi registrado como suicídio, localização/apreensão de veículo e tentativa de feminicídio no plantão da Delegacia de Hortolândia. Com a morte de Thamiris, o caso passa a ser registrado como feminicídio, o 1º registrado no 2º semestre de 2025 e o 9º na região de Campinas em todo o ano.
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