O governo federal anunciou uma nova fase do programa Minha Casa Minha Vida, com a criação da chamada faixa 4, voltada para famílias da classe média com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil mensais. A novidade vem para atender a uma lacuna crescente no financiamento habitacional, impulsionada pela alta dos juros e pela fuga de recursos da poupança, tradicional fonte de funding para esse público.
A expectativa é financiar 120 mil moradias ainda em 2025, com imóveis de até R$ 500 mil, taxa de juros reduzida de 10,5% ao ano e prazo de financiamento de até 420 meses (35 anos). A nova linha começa a funcionar a partir da primeira quinzena de maio e será operacionalizada pela Caixa Econômica Federal.
Por que uma nova faixa para a classe média?
Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, a decisão de criar a faixa 4 partiu de uma demanda direta do presidente Lula, preocupado com o acesso da classe média à casa própria. Com os juros elevados, os recursos aplicados em cadernetas de poupança — principal fonte de financiamento habitacional da classe média — vêm diminuindo, dificultando a oferta de crédito pelos bancos.
A estimativa é que R$ 30 bilhões devem sair da poupança em 2025, criando um vácuo no crédito imobiliário para esse público. “Não podíamos deixar desassistidas as famílias que ganham entre R$ 8 mil e R$ 12 mil”, afirmou o ministro.
Financiamento com juros mais baixos e prazos maiores
Uma das principais inovações da faixa 4 do Minha Casa Minha Vida é o corte na taxa de juros, que será de 10,5% ao ano. Para comparação, hoje a Caixa cobra cerca de 11,5% para esse perfil e o Itaú chega a 12%.
Além disso, o prazo máximo foi ampliado para 35 anos (420 meses), permitindo parcelas menores e mais acessíveis. O teto do valor do imóvel foi fixado em R$ 500 mil, tornando o programa compatível com o padrão de moradia de muitas famílias urbanas da classe média.
Meta do programa: 3 milhões de unidades até 2026
O governo federal aumentou a meta total do programa habitacional: a expectativa é chegar a 3 milhões de unidades habitacionais até 2026. O número supera a meta inicial de 2 milhões anunciada no início do terceiro mandato de Lula.
Só em 2023, foram contratadas 492 mil moradias. Em 2024, o número saltou para mais de 600 mil. Com a nova faixa para a classe média, o governo quer manter esse ritmo em 2025 e 2026.
Investimento impulsiona construção civil e emprego
No último trimestre de 2024, o programa foi responsável por 54% de todos os lançamentos imobiliários no país, o que ajudou a impulsionar a economia. O setor da construção civil teve um crescimento de 5,1% no PIB, superando o crescimento nacional de 3,8%.
Esse impacto positivo não se restringe às obras: toda a cadeia produtiva do setor de materiais de construção, como cimento, aço e cerâmica, também se beneficia, além de gerar emprego direto e indireto em todo o Brasil.
Retrofit e foco em áreas urbanas: nova cara do programa
Uma das diretrizes da nova fase do Minha Casa Minha Vida é garantir localização urbana qualificada para os imóveis. Agora, não é mais permitido construir empreendimentos fora do perímetro urbano definido no plano diretor das cidades.
Além disso, o programa incentiva o retrofit — reaproveitamento de prédios abandonados em regiões centrais. Para isso, o governo paga até 40% a mais por unidade habitacional nesses projetos, reconhecendo o custo maior de reformas, mas também os ganhos em infraestrutura urbana e mobilidade.
Novos padrões de moradia: varanda, biblioteca e conforto
Com a reestruturação do programa, os novos empreendimentos devem atender a um padrão mínimo de qualidade e conforto. Todas as unidades do Minha Casa Minha Vida agora devem ter varanda, metragem ampliada e áreas de convivência.
Além disso, os conjuntos habitacionais precisam oferecer bibliotecas comunitárias, quadras esportivas, espaços pet e academias ao ar livre. “Queremos que os moradores tenham orgulho de onde vivem, criando vínculos com a vizinhança e com o espaço onde constroem suas vidas”, disse o ministro Jader Filho.
Inclusão e cidadania no centro da política habitacional
O governo reforça que o Minha Casa Minha Vida não se resume à entrega de casas. O programa se propõe a ser uma política de transformação social, com foco em infraestrutura urbana, acessibilidade, segurança e inclusão.
Com quase 8 milhões de moradias entregues desde a sua criação em 2009, a nova fase do programa quer ir além. A aposta na classe média amplia o alcance social do programa e fortalece a ideia de que o direito à moradia digna deve ser universal.
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