Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou os impactos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na economia do Brasil e do mundo. De acordo com a análise, os mais prejudicados com as taxas são os norte-americanos, que podem sofrer uma queda de 0,37% no Produto Interno Bruto (PIB).
Além da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a pesquisa considerou também o aumento das tarifas dos EUA sobre importações da China para 30%; a elevação das tarifas chinesas sobre produtos norte-americanos para 10%; o aumento das tarifas dos EUA sobre importações de 14 países, incluindo Coreia do Sul e Japão; e a alta para 50% nas tarifas cobradas pelos EUA sobre automóveis e aço importados de qualquer país.
Os números apontam que o PIB americano pode cair 0,37% a partir das barreiras tarifárias impostas a Brasil, China e 14 outros países, além das taxas impostas à importação de automóveis e aço. Por outro lado, o tarifaço pode reduzir em 0,16% o PIB do Brasil e da China, além de provocar uma queda de 0,12% na economia global e uma retração de 2,1% no comércio mundial (US$ 483 bilhões).
“Esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante. É do interesse de todos avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano da complementariedade das nossas relações. A racionalidade deve prevalecer”, afirma em comunicado o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Para alcançar os resultados, pesquisadores do Departamento de Ciências Econômicas da UFMG realizaram simulações com um modelo EGC global (GTAP) conectado a um modelo EGC inter-regional. Estima-se o impacto dessas medidas em prazo de um ano.
Impactos no Brasil
De acordo com a pesquisa, a contração no PIB brasileiro equivale a R$ 19,2 bilhões. As exportações apresentariam uma redução expressiva de R$ 52 bilhões, enquanto as importações registrariam queda de R$ 33 bilhões. Com as tarifas, o emprego seria afetado negativamente com diminuição de 0,21%, o equivalente a cerca de 110 mil postos de trabalho.
O estudo prevê ainda que os setores industriais e agropecuários seriam os mais afetados pelas medidas tarifárias. “Os maiores impactos negativos nas exportações e produção seriam observados em setores como tratores e outras máquinas agrícolas, aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte e carne de aves”, diz trecho da análise.
Além disso, o setor agropecuário apresentaria a maior perda de postos de trabalho, com uma redução de cerca de 40 mil ocupações. A redução de empregos poder chegar a 31 mil no comércio e 26 mil na indústria.
Já os estados mais afetados negativamente (PIB) em termos absolutos seriam São Paulo (-4,4 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ -1,9 bilhões), Paraná (R$ -1,9 bilhões), Santa Catarina (R$-1,74 bilhões) e Minas Gerais (R$-1,66 bilhões).
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