
Imagem de Ney Matogrosso na capa do EP ‘Homem com H’, lançado hoje, 18 de julho, com quatro temas da trilha sonora do filme de Esmir Filho
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♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Homem com H
Artista: Ney Matogrosso
Cotação: ★ ★ ★ ★
♬ Das quatro faixas do EP Homem com H, lançado por Ney Matogrosso hoje, 18 de julho, duas agregam alto valor documental e musical ao disco extraído da trilha sonora da cinebiografia do artista, um dos filmes blockbusters do cinema brasileiro neste ano de 2025.
Afinal, ambas as músicas – Casinha pequenina e Réquiem para Matraga – passam a fazer oficialmente parte da discografia do cantor com a edição deste EP derivado do filme Homem com H. É que Ney dublou as músicas cantadas pelo ator Jesuíta Barbosa no filme dirigido e roteirizado por Esmir Filho.
Ao interpretar Ney, Jesuíta conquistou o público por captar com precisão o jeito, o olhar e a alma do cantor. Mas a voz ouvida nos números musicais do filme é a voz metálica, singular e inimitável de Ney.
Tema tradicional lançado em disco há 100 anos pelo cantor fluminense Mário Pinheiro (1883 – 1923), em single de 78 rotações editado em 1905, Casinha pequenina ganha a voz de Ney inserida em arranjo para coral. É que, no filme, Casinha pequenina é ouvida na cena em que o jovem e então desconhecido Ney canta o tema no coral da Escola de Música de Brasília.
Já Réquiem para Matraga, a outra joia do EP Homem com H, é a música que Ney canta em 1972 na cena em que mostra os dotes vocais para Gerson Conrad e João Ricardo quando estes avaliam a admissão do cantor no posto de vocalista do trio Secos & Molhados. Réquiem para Matraga é canção de resistência composta por Geraldo Vandré e lançada na voz do autor na trilha sonora do filme A hora e a vez de Augusto Matraga (1965), do cineasta Roberto Santos.
Trailer de ‘Homem com H’, cinebiografia de Ney Matogrosso
A inspiração da canção veio do conto homônimo que gerou o filme de Santos, A hora e a vez de Augusto Matraga, lançado pelo escritor Guimarães Rosa (1908 – 1967) no livro de contos Sagarana (1946). Na voz de Ney Matogrosso, versos como “Vim aqui só pra dizer / Ninguém há de me calar / Se alguém tem que morrer / Que seja pra melhorar” se afinam com o espírito libertário e indomado do artista.
As outras duas músicas do EP Homem com H, Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad sobre poema de Vinicius de Moraes, 1973) e O mundo é um moinho (Cartola, 1976), têm menor relevância dentro do lote de gravações do EP porque já foram muito cantadas e/ou gravadas por Ney.
Um dos sucessos do primeiro álbum do grupo Secos & Molhados, Rosa de Hiroshima floresce no EP com inédito arranjo de cordas, trunfo da faixa. Já O mundo é um moinho roda sem um atrativo a mais para quem já conhece as quatro gravações feitas por Ney nos álbuns Pescador de pérolas (1987), À flor da pele (1990), Ney Matogrosso interpreta Cartola (2002) e Ney Matogrosso interpreta Cartola ao vivo (2003).
Ainda assim, o saldo final do EP Homem com H é mais do que positivo. Casinha pequenina e Réquiem para Matraga justificam a edição do disco pela gravadora Som Livre.
Capa do EP ‘Homem com H’, de Ney Matogrosso
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