Depois de uma década de crescimento acelerado, a geração de energia eólica no Nordeste vive um momento de retração em 2025. O setor, que em 2023 comemorava recordes de instalação de parques eólicos e geração de energia, agora enfrenta redução drástica na demanda, fechamento de fábricas e milhares de demissões.
Em 2023, foram inaugurados 123 novos parques eólicos. Em 2024, o número já havia caído para 76, e em 2025, até o momento, apenas 16 novos projetos entraram em operação. O principal motivo, segundo especialistas, é a queda na procura por contratos de fornecimento, impulsionada pela popularização da energia solar em residências e empresas, que passaram a consumir menos energia da rede.
“Se o gerador não vende novos contratos, não há por que construir novos parques e encomendar turbinas”, explica um especialista do setor.
Fábricas fechando e milhares de demissões
O impacto é sentido principalmente na indústria de componentes para aerogeradores. Uma fábrica na região metropolitana de Fortaleza, que já empregou 8.000 trabalhadores, hoje opera com apenas 30% do quadro original. Nos últimos dois anos, estima-se que cerca de 5.000 trabalhadores tenham sido demitidos na cadeia produtiva do setor.
“Em 2024, tivemos a saída de clientes importantes e fabricantes de aerogeradores que deixaram o país, reduzindo ainda mais nossa demanda”, relatou um representante da indústria.
Perspectivas para a retomada
Apesar do cenário negativo, lideranças do setor enxergam oportunidades no médio prazo. O presidente do Conselho Mundial de Energia Eólica, Ben Backwell, que esteve em visita ao Ceará, destacou a importância de novas demandas como a produção de hidrogênio verde, a industrialização, a instalação de data centers e a eletrificação dos transportes como motores para uma futura recuperação.
Contudo, ele alertou que os efeitos positivos só devem ser sentidos entre dois e três anos:
“Mesmo que a recuperação comece agora, a indústria só vai perceber os resultados nesse prazo.”
Estratégia para um setor estratégico
Especialistas lembram que a energia eólica segue sendo uma das fontes mais baratas, limpas e confiáveis, gerando eletricidade de forma contínua, além de milhares de empregos e renda para o Nordeste.
“Precisamos de um plano estratégico para ampliar o mercado e garantir que a energia eólica continue beneficiando o consumidor e a economia regional”, defende um especialista em desenvolvimento sustentável.
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