Defesa diz que PM da Rota que atirou contra policial civil agiu dentro do protocolo após ver arma


Exclusivo: Fantástico mostra imagens da câmera corporal de PM que matou policial civil
A defesa do policial militar da Rota que atirou e matou o investigador da Polícia Civil Rafael Moura da Silva, de 38 anos, no Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo, afirmou que o agente agiu dentro do “procedimento operacional padrão” e que não “identificou falhas de protocolo”.
O Fantástico divulgou neste domingo (20) o vídeo que mostra o momento que o PM atinge o policial civil.
“Ele [policial civil] não estava portando nenhum tipo de identificação, estava portando uma arma de fogo. E se pausar a imagem, e você conseguir dar um zoom, você visualiza que nesse momento, Rafael aponta a arma de fogo na direção dos policiais militares que ali estavam”, diz o advogado do PM.
Segundo informações obtidas pela Globonews, o Ministério Público se mostrou favorável à revogação do afastamento judicial, que proíbe qualquer atividade, seja administrativa ou operacional, e suspende o salário dos agentes. Apesar disso, o MP se manifestou pelo afastamento operacional, com a manutenção dos salários até a conclusão da investigação.
O caso aconteceu no dia 11 de julho na favela do Fogaréu, no Campo Limpo, Zona Sul da capital. As equipes da Rota e da Polícia Civil atuavam no mesmo local sem saber da presença uma da outra, em busca de suspeitos de um caso de latrocínio.
O policial civil estava à paisana e foi baleado no peito pelo sargento da PM Marcus Augusto Costa Mendes.
Depois do ocorrido, a Justiça de São Paulo decretou o afastamento cautelar de Marcus Augusto e de outro policial da Rota, Robson Santos Barreto, que prestou apoio e chamou o resgate. Embora Barreto não tenha atirado, ele estava junto de Marcus Augusto um mês antes, em outra ocorrência a 500 metros do local onde Rafael foi atingido. Um homem não identificado morreu nesse episódio anterior.
Se a justiça revogar o afastamento, os agentes continuarão afastados do trabalho de rua, mas voltam a receber salários e ficam em funções não operacionais até o fim da investigação.
Imagens da câmera corporal
A operação foi registrada pela câmera corporal do próprio agente da Rota. Ele levou 16 segundos até encontrar o investigador da Polícia Civil. Então, ouvem-se tiros. Assista à gravação acima.
Rafael foi atingido por três tiros, dois deles no tórax. Ele foi levado para o Hospital das Clínicas, também em São Paulo, mas morreu na última quarta-feira (16), após cinco dias internado.
Quem era policial civil morto por engano por PM da Rota em operação em SP
As equipes da Rota e da Polícia Civil atuavam no mesmo local sem saber da presença uma da outra, em busca de suspeitos de um caso de latrocínio.
Um outro policial civil, Marcos Santos de Sousa, também foi ferido de raspão na ação.
A família de Rafael cobrava a divulgação das imagens da câmera corporal. “Ele sempre falava comigo, sempre fazia chamada de vídeo para mostrar que tava bem. Mas, naquele dia, ele não me atendeu”, diz Kátia Santos Dias, esposa de Rafael.
O que a família — e os colegas de Rafael — afirmam é que o PM Marcus Augusto não teria avisado antes de atirar, nem feito qualquer tipo de alerta.
Neste domingo (20), a defesa dos policiais da Rota procurou o Fantástico para divulgar um trecho de pouco mais de três minutos feita pela câmera corporal. A defesa de Marcus Augusto diz que Rafael estava à paisana e que o PM agiu em legítima defesa numa situação entendida como ameaça.
“[Para] O policial militar que está na rua, que combate a criminalidade, é normal ele se envolver em ocorrência com morte. Principalmente o policial atuante, que combate a criminalidade em áreas periféricas”, disse o advogado do sargento Marcus Augusto, Fabio Galves.
No entanto, imagens de um vídeo gravado pelo policial civil Marcos, antes da ação, mostram que o distintivo de Rafael estava visível.
Na sequência dos disparos, a câmera corporal permite acompanhar os policiais da Rota chamando o resgate quando percebem o engano. É possível ver os policiais da Rota fazendo o primeiro atendimento médico a Rafael.
A Justiça de São Paulo decretou o afastamento cautelar de Marcus Augusto e de outro policial da Rota, Robson Santos Barreto. Embora ele não tenha atirado, ele estava junto de Marcus Augusto um mês antes, em outra ocorrência a 500 metros do local onde Rafael foi atingido. Um homem não identificado morreu nesse episódio anterior.
O Fantástico pediu um posicionamento à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
“Exigir uma comunicação por parte da Polícia Civil, num caso como esse, não me parece razoável. Assim como a incursão dos policiais militares se deu diante de uma suspeita inicialmente que estamos investigando para verificar todo o contexto”, afirmou Emerson Massera, chefe de comunicação da Polícia Militar de SP.
Imagens mostram a ação em que sargento da Rota disparou contra policial civil ao confundi-lo com possível criminoso
Fantástico/Reprodução
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