MP denuncia sócios da B&B Capital e calcula prejuízo de R$ 42 milhões causado a investidores em SP


MP denuncia dono da B&B Capital e mais quatro por estelionato em Ribeirão Preto
O Ministério Público denunciou na segunda-feira (21) o empresário André Luiz de Jesus da Rosa e mais quatro sócios da B&B Capital, em Ribeirão Preto (SP), por organização criminosa e estelionato. Segundo a Promotoria, eles causaram um prejuízo de R$ 42 milhões a 237 vítimas que aplicaram recursos na empresa sob a promessa de obter retornos de 2,5% ao mês sobre os investimentos.
Os responsáveis, no entanto, não tinham autorização para atuar no mercado financeiro e, além de não aplicarem o dinheiro nos títulos de renda fixa e variável prometidos, usavam um sistema de pirâmide e retiravam os aportes das vítimas em benefício próprio, de acordo com o MP.
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Além de André Luiz de Jesus da Rosa, foram denunciados Alex Sandro de Jesus da Rosa, Pedro Eduardo Freitas Duarte, Paulo Rogério do Nascimento e Phelippe Augusto Chrysostomo da Silva. Em depoimento, eles negaram envolvimento no golpe e disseram que quem tinha conhecimento sobre as aplicações financeiras era André Luiz.
Phelippe Augusto Chrysostomo da Silva (à esquerda) e André Luiz de Jesus Rosa (à direita), sócios da B&B Capital em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/Redes Sociais
“Os referidos valores recebidos das vítimas não eram de fato aplicados pelos denunciados, no mercado financeiro (em CDB, LCI, Bolsa de Valores, etc.), mas sim utilizados para pagar o resgate dos clientes mais antigos, assim como para que os denunciados auferissem elevados valores a título de vantagem indevida”, afirmou o promotor de Justiça Augusto Soares de Arruda Neto.
Na mesma representação, apresentada após envio do relatório da Polícia Civil, Arruda Neto foi favorável a um novo pedido da Polícia Civil pela prisão preventiva de André, que está foragido desde 2023, bem como solicitou a remessa dos autos à Receita Federal para apuração de possíveis fraudes tributárias.
Além disso, facultou às autoridades policiais a abertura de um novo inquérito policial para apuração do crime de lavagem de dinheiro com os recursos obtidos ilegalmente pelos sócios da empresa. A Justiça ainda precisa aceitar a denúncia para que os sócios sejam acusados formalmente.
André Luiz de Jesus Rosa está sem advogado. As defesas de Alex Sandro de Jesus Rosa e Paulo Rogério Nascimento informaram que não têm conhecimento da denúncia. O advogado de Phelippe Augusto Chrysostomo da Silva disse que o cliente não era sócio da B&B. A defesa de Pedro Eduardo de Freitas Duarte falou que ele fazia parte da sociedade, mas que seguia as orientações do dono, André Luiz de Jesus.
O caso foi denunciado pelas vítimas em março de 2023. Na época, o dono da B&B, André Luiz de Jesus da Rosa, desapareceu deixando apenas um recado de que a empresa tinha quebrado, resultando em um prejuízo milionário às pessoas que investiram suas economias com a promessa de rendimentos acima dos praticados no mercado.
Ainda em 2023, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou André Rosa e outros quatro integrantes da empresa por associação criminosa e estelionato. Contra o empresário já existem dois mandados de prisão preventiva decretados, mas ele nunca foi localizado desde o desaparecimento do dinheiro das contas.
Os bens dos investigados foram bloqueados pela Justiça para ressarcimento das vítimas.
Extrato de rendimento de cliente da B&B Capital em Ribeirão Preto, SP
Reprodução
Golpe de R$ 42 milhões
De acordo com a denúncia do MP, a empresa foi criada em 2014 como uma assessoria financeira que prometia aos clientes uma rentabilidade mensal de 2,5% ao aplicar 90% do capital em títulos de renda fixa e 10% em renda variável.
Para dar aparência de credibilidade ao negócio, a agência disponibilizava um site, onde os clientes podiam consultar extratos de investimentos e rendimentos. Além disso, oferecia bonificações a clientes que atraíssem outras pessoas.
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Mas as investigações apontaram que a agência, na verdade, praticava um “Esquema Ponzi”, ou seja, uma operação fraudulenta sofisticada que consiste em prometer altos rendimentos a investidores à custa de recursos de novos clientes atraídos para o negócio.
Isso porque os investigadores apontaram que, além de não ter autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar no mercado financeiro desde 2016, os sócios faziam retiradas de recursos de parte dos clientes para pagar resgates solicitados por outros clientes – e assim manter a aparência de legalidade da empresa – e também em benefício próprio.
Segundo o MP, somente em nome de André Luiz de Jesus da Rosa houve movimentações da ordem de R$ 11 milhões.
“Parte do dinheiro passava pelas contas bancárias pessoais dos 5 (cinco) denunciados, o que reforça o conhecimento de todos, no sentido de que não havia aplicação financeira dos valores pela empresa, tratando-se tudo do esquema de pirâmide, por eles criado e executado”, afirmou o promotor.
Entre os 237 clientes lesados, há pessoas que aportaram todas as economias que tinham. Alguns deles chegaram a investir valores próximos ou acima de R$ 1 milhão.
As fraudes foram mantidas, segundo o MP, até março de 2023, quando diversos clientes solicitaram resgates dos valores investidos, não receberam e souberam que o dono da empresa havia fugido.
Veja reportagem da EPTV sobre as conclusões do inquérito policial:
Polícia conclui que B&B não aplicava dinheiro de investidores no mercado
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