Família denuncia que hospital perdeu medicação de canabidiol importada dos EUA para tratamento de paciente


Gasparina Pereira de Souza, de 83 anos, e o medicamento de canabidiol que usava em Goiânia, Goiás
Arquivo pessoal/Enilda Pereira de Souza
A família de Gasparina Pereira de Souza, de 83 anos, denuncia que uma medicação de óleo de canabidiol (CBD) de uso diário da idosa, importada dos Estados Unidos, foi perdida dentro de um hospital particular de Goiânia, após a paciente ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade. O caso aconteceu em fevereiro, e os familiares tinham esperança de receber um ressarcimento, mas foram surpreendidos com a negativa do hospital.
Clique aqui e siga o perfil do g1 Goiás no Instagram
Em entrevista ao g1, a filha da idosa, Enilda Pereira de Souza, de 61 anos, contou que a mãe usa o remédio para o tratamento de Alzheimer, artrite, artrose, fibromialgia e dor crônica, ajudando-a a se locomover. Em dezembro, a família importou dois frascos do óleo e pagou R$ 1.250. O segundo frasco, ainda lacrado, foi perdido.
O g1 entrou em contato com o hospital onde a paciente ficou internada, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
De acordo com o boletim de ocorrência, a filha entregou o medicamento para uma enfermeira do hospital. Dois dias depois, uma outra funcionária informou que o óleo de CBD desapareceu. Ela chegou a assistir uma filmagem junto com a chefe da UTI que mostrava o medicamento sendo entregue.
No dia 17 de fevereiro, a família comunicou a ouvidora da unidade sobre o ocorrido e recebeu uma promessa de que o caso seria solucionado.
“Eles pediram a receita, pediram comprovante do pagamento que a gente tinha feito, e nós enviamos”, relatou Enilda.
Impasse
Após isso, o outro filho de Gasparina ficou responsável por resolver a situação junto com o hospital. Em uma das trocas de mensagens, em 25 de fevereiro, a equipe jurídica da unidade informou que tentou encontrar alguma farmácia que tivesse o óleo ou pudesse formular a medicação em Goiás, mas não encontrou.
A solução proposta pelo hospital foi de pedir o medicamento na mesma empresa que a família havia comprado anteriormente, que delimitou um prazo de 20 dias para que fosse entregue. Os filhos concordaram em esperar, mas os dias passaram e a medicação não chegou para a idosa.
“Na semana passada, eles alegaram que não vão ressarcir. Agora sim, nós fizemos um boletim de ocorrência. Até então, nós estávamos resolvendo tudo de forma amigável. Agora vamos entrar na Justiça e pedir as medidas cabíveis”, declarou Enilda.
LEIA TAMBÉM:
Justiça autoriza empresário de Goiânia a plantar e usar maconha para tratamento de saúde
Entenda projeto que propõe que Goiás forneça canabidiol de graça para tratar doenças
Plano de saúde é obrigado a pagar tratamento com canabidiol para criança de 5 anos com deficiência intelectual, ordena Justiça

A família contou que o hospital voltou atrás na decisão alegando que não há provas de que o medicamento realmente foi entregue ao hospital. Mesmo sem acesso às câmeras, os filhos guardam as mensagens e e-mails trocados com a administração da unidade.
O boletim de ocorrência foi registrado em 16 de julho e o caso está sob responsabilidade da 1ª Delegacia da Polícia Civil de Goiânia. Ao g1, a delegacia informou que o delegado titular Rafael Alves Barbosa soube do caso na sexta-feira (18) e que irá iniciar a investigação.
Importância do canabidiol
Planta de ‘Cannabis sativa’, da qual é possível extrair o canabidiol
Kimzy Nanney/Unsplash
A idosa ficou cerca de duas semanas recebendo atendimento no local. Segundo Enilda, a mãe estava com embolia pulmonar e depois foi diagnosticada com Covid. Assim, precisou ficar internada na UTI de isolamento.
Gasparina usava quatro gotas do canabidiol três vezes ao dia. De acordo com a filha, a sua melhora era nítida. “Ela estava bem melhor em todas as áreas da vida dela”, lamentou. Desde que o medicamento foi perdido, a idosa está sem o óleo e vive “acamada”.
De acordo com a empresa responsável pelo medicamento, o CBD é um dos principais constituintes da planta Cannabis sativa. Conhecia popularmente como “maconha”, há registros do seu uso medicinal há mais de 4 mil anos.
“Os canabinoides, como o CBD e o THC presentes na planta cannabis, possuem diversas aplicações terapêuticas, se destacando as patologias que envolvem o nosso sistema nervoso e sistema imunológico, ou seja, doenças neurológicas, psiquiátricas, autoimunes, inflamações e a dor crônica”, informou a empresa.
VEJA TAMBÉM | Justiça autoriza empresário de Goiânia a plantar e usar maconha para tratamento de saúde
Justiça autoriza empresário de Goiânia a plantar e usar maconha para tratamento de saúde
📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.
VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

Adicionar aos favoritos o Link permanente.