Um avião que custa mais que sete Airbus A380 e leva no máximo três pessoas? Assim é o B-2 Spirit, o bombardeiro estratégico furtivo da Northrop Grumman, projetado para ser virtualmente invisível aos radares inimigos e capaz de atingir qualquer lugar do mundo sem ser detectado.
Com 20 metros de comprimento, envergadura de 52 metros e capacidade para apenas dois tripulantes (mais um ocasional terceiro), o B-2 parece desafiar a lógica ao custar cerca de US$ 2 bilhões por unidade, segundo estimativas atuais — valor suficiente para comprar aproximadamente 48 A380 usados no mercado secundário.
A origem de um projeto secreto durante a Guerra Fria
O B-2 nasceu no auge da Guerra Fria, em um contexto em que os EUA precisavam penetrar no espaço aéreo soviético sem serem vistos. Nos anos 1970, engenheiros descobriram formas de projetar aeronaves capazes de absorver ou desviar ondas de radar.
O primeiro resultado dessa corrida tecnológica foi o caça F-117 Nighthawk, que já desafiava os radares, mas tinha alcance e capacidade de carga limitados. Para missões maiores, os EUA idealizaram um bombardeiro com alta autonomia e capacidade nuclear.
O projeto ultrassecreto, batizado de Aurora, opôs duas equipes: Northrop/Boeing e Lockheed/Rockwell. A experiência da Northrop com asas voadoras a fez vencer a concorrência em 1981, com um design revolucionário em forma de “asa” que estreou publicamente em 1988.
O preço da invisibilidade
Desenvolver e fabricar o B-2 custou fortunas: só o desenvolvimento teria consumido US$ 23 bilhões, além de cerca de US$ 1,7 bilhão por unidade, corrigidos para hoje — aproximadamente R$ 8,8 bilhões por avião.
Essa conta se explica pela complexidade:
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Formas e ângulos calculados para reduzir o eco nos radares.
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Motores embutidos para minimizar ruído e calor.
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Pintura especial que absorve ondas de rádio.
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Estrutura de materiais compósitos leves e resistentes.
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Controle de voo totalmente assistido por computadores para compensar a falta de estabilizadores verticais.
A tabela abaixo mostra como o custo do B-2 se compara a outras aeronaves:
Aeronave | Preço unitário | Capacidade |
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B-2 Spirit | ~US$ 2 bi | 2–3 tripulantes |
Airbus A380 (lançamento) | ~US$ 300 mi | Até 800 passageiros |
F-117 Nighthawk | ~US$ 42 mi (década de 80) | 1 piloto |
Mesmo com apenas 21 unidades construídas (hoje restam 20, após um acidente em 2008), o B-2 segue ativo e vital para as forças estratégicas dos EUA.
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Pode voar por 44 horas sem pousar, graças a reabastecimento aéreo.
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Opera a altitudes de até 15 mil metros, onde a pintura preta se confunde com o céu escuro.
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Possui cama, banheiro e cozinha básica a bordo para longas missões.
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Computadores ultrassensíveis corrigem automaticamente o voo, mantendo estabilidade mesmo em situações extremas.
O acidente mais caro da aviação ocorreu em 2008, quando um B-2 caiu em Guam devido à umidade em sensores críticos. Prejuízo estimado: US$ 1,4 bilhão.
Tecnologia digna da Área 51
Testado inicialmente na mítica Área 51, o B-2 alimentou teorias sobre OVNIs por sua aparência triangular e comportamento silencioso. Embora fruto da engenharia humana, seu projeto ainda guarda segredos. Muitos acreditam que o próximo bombardeiro dos EUA, o B-21 Raider, herda tecnologias do Spirit — mas com custos mais controlados.
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