Não é desmatamento, é lei: entenda em 5 pontos por que árvores são removidas de Campo Grande


Planta invasora ameaça meio ambiente e será erradicada de Campo Grande
A leucena (Leucaena leucocephala) será erradicada em Campo Grande (MS) após a sanção da lei municipal nº 7.418 pela prefeita Adriane Lopes (PP), que determina a eliminação obrigatória da espécie por representar ameaça ambiental. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) já iniciou a remoção das árvores na cidade.
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Para entender o motivo da remoção das árvores, o g1 entrevistou o engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Sérgio Luiz Ferreira Junior. Nesta reportagem, você vai entender:
Por que as árvores precisam ser removidas?
O que acontece após a remoção?
A retirada é um manejo ou desmatamento?
Por que os troncos são deixados?
Como a população pode solicitar a remoção?
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Por que as árvores precisam ser removidas?
Ao g1, o engenheiro agrônomo explicou que a leucena é uma espécie invasora, não nativa do cerrado, com crescimento agressivo que impede o desenvolvimento da vegetação local.
“Ela toma conta das áreas, forma praticamente o que a gente chama de um deserto verde. Ela é uma espécie que não tem nenhuma serventia biológica, pra nossa fauna e flora da região”, destacou.
O que acontece após a remoção?
As áreas que estão sendo limpas fazem parte de um projeto licenciado pelo órgão ambiental responsável. “Dentro do cronograma já está também a implantação de espécies nativas nas áreas, assim que voltem as chuvas deste ano, por volta de setembro e outubro”.
A retirada é um manejo ou desmatamento?
Segundo Sérgio, o objetivo da retirada da leucena é promover a recuperação de áreas degradadas na cidade. “Por mais que ela esteja recoberta com vegetação, vale lembrar que é uma única espécie que toma conta da área, e a ideia é que essa área volte a ser o mais próximo possível de uma área de vegetação nativa”, destaca.
Por que os troncos são deixados?
O engenheiro explica que, por estarem muito grandes e com raízes profundas, remover as leucenas por completo seria agressivo ao solo, causando descompactação e erosão.
“A gente vai ver uma outra maneira de deixar e simplesmente ela apodrecer e fazer parte do solo, ou ver uma outra maneira pra fazer a remoção sem agredir, sem causar mais processos erosivos”.
Como a população pode solicitar a remoção?
Já há um cronograma de limpeza da leucena em áreas públicas. Para casos em residências, a remoção de qualquer árvore exige autorização do órgão ambiental. “Pedimos para o pessoal se dirigir até a Central de Atendimento ao Cidadão, na rua Marechal Rondon, ou no site da prefeitura, onde a população pode acessar a documentação necessária e enviar a solicitação por e-mail”, finalizou.
Chegada da espécie no Brasil
O especialista em ecologia e em árvores Milton Longo, explica que a planta chegou ao Brasil na década de 1970. Nativa do México, a espécie foi introduzida em Mato Grosso do Sul e outros estados como uma alternativa para alimentar o gado.
No entanto, o cultivo da leucena saiu do controle devido à capacidade de se espalhar rapidamente e dominar o ambiente, sufocando espécies de plantas nativas.
A árvore libera um composto químico, a mimosina, que inibe a germinação e impede o crescimento de outras espécies ao redor. Na prática, a leucena sufoca a vegetação nativa.
Lei para erradicação aprovada
Foi sancionada a lei que prevê a erradicação e substituição das árvores da espécie na cidade. A nova legislação proíbe o plantio, comércio, transporte e produção da planta, e estabelece multa de R$ 1.000 para quem descumpri-la.
Além da multa, a nova legislação prevê um plano de mapeamento das áreas onde a espécie invasora está presente. As árvores serão mapeadas e substituídas por árvores dos ecossistemas nativos, a fim de minimizar os impactos sobre a biodiversidade local.
O plano visa sensibilizar e engajar a comunidade na preservação ambiental. Para isso, promove a educação ambiental focada na conservação das espécies nativas e na conscientização sobre os riscos das espécies exóticas invasoras.
A planta chegou ao Brasil na década de 1970, vinda do México
Reprodução
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