China dá início à construção da maior hidrelétrica do mundo e aquece mercados

A China iniciou oficialmente a construção da maior barragem hidrelétrica do planeta, localizada no rio Yarlung Zangbo, no planalto do Tibete, em um dos projetos mais ambiciosos de sua história recente. O anúncio foi feito no último sábado (21) pelo premiê Li Qiang e confirmado pela agência Xinhua. Com um custo estimado de pelo menos US$ 170 bilhões, a megabarragem pretende superar a famosa Represa das Três Gargantas em capacidade e impacto estratégico.

Segundo o governo chinês, o complexo será composto por cinco usinas em cascata, aproveitando um trecho de 50 quilômetros do rio onde ocorre uma queda abrupta de 2.000 metros de altitude — cenário ideal para geração de energia. A expectativa é de que o empreendimento produza 300 bilhões de kWh por ano, energia suficiente para abastecer um país do porte do Reino Unido.

Repercussão no mercado financeiro

O anúncio repercutiu fortemente no mercado de capitais chinês. O índice de construção e engenharia CSI 399995 saltou 4%, atingindo seu maior nível em sete meses. Empresas diretamente envolvidas com a obra, como Power Construction Corporation of China e Arcplus Group PLC, dispararam até o limite diário de 10% nas bolsas.

Fabricantes de cimento, explosivos e equipamentos para túneis também se beneficiaram da expectativa de forte demanda. As ações da Xizang Tianlu Co. Ltd, especializada em cimento, e da Tibete GaoZheng, que produz explosivos civis, também subiram 10%. Já a Hunan Wuxin Tunnel Intelligent Equipment Co. e a Geokang Technologies Co. Ltd., ambas listadas em Pequim, valorizaram até 30%.

“O projeto traz uma perspectiva de dividendos semelhantes aos de títulos públicos em termos de retorno de longo prazo”, comentou Wang Zhuo, sócio da Shanghai Zhuozhu Investment Management. Contudo, ele alertou para o risco de especulação excessiva e sobreavaliação dessas ações.

Tensão geopolítica e preocupações ambientais

Apesar da euforia nos mercados, o projeto não está isento de polêmicas. Índia e Bangladesh expressaram preocupação com o impacto da barragem sobre o fluxo de água do rio Brahmaputra — como é chamado o Yarlung Zangbo em território indiano. Milhões de pessoas dependem do rio para abastecimento, agricultura e pesca.

ONGs ambientais também soaram o alarme, destacando que a área abriga ecossistemas raros e sensíveis. Mesmo com as garantias de Pequim de que haverá “conservação ecológica rigorosa”, analistas temem danos irreversíveis à biodiversidade local.

Estímulo ao crescimento chinês

A barragem representa mais que um marco de infraestrutura — é parte de uma estratégia de estímulo econômico. A construção será liderada pela recém-criada estatal China Yajiang Group, e pode durar até uma década.

De acordo com estimativas do Citi, o impacto do projeto no PIB pode chegar a 120 bilhões de yuans (US$ 16,7 bilhões) por ano, sem contar os efeitos indiretos. Os rendimentos dos títulos do governo chinês subiram na segunda-feira, refletindo otimismo do mercado com a injeção de capital público.

“A magnitude do projeto coloca a China em uma posição de liderança global em energia limpa e infraestrutura. Mas o desafio será equilibrar os ganhos econômicos com a estabilidade ambiental e regional”, avalia o analista Tang Mei, da Huatai Securities.

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