IPCA+, pós ou prefixado? Especialista revela onde investir com juros nas alturas

O cenário atual de juros no Brasil é desafiador, mas também oferece grandes oportunidades para quem sabe onde alocar seus recursos. Com a Selic em 14,25% — e projeções indicando possível avanço para 15% ainda este ano —, a renda fixa volta a ser protagonista nas carteiras de muitos investidores.

A economista Marília Fontes, especialista no tema, detalhou em uma entrevista recente os caminhos mais vantajosos para aproveitar esse momento. A seguir, destacamos as principais estratégias para quem busca segurança, boa rentabilidade e proteção contra a inflação.

IPCA+ é a estrela do momento

Por que o Tesouro IPCA+ está tão atrativo?

O investimento atrelado à inflação tem se destacado, especialmente o Tesouro IPCA+ com vencimento entre 2030 e 2040. Segundo Marília, a taxa real oferecida — por volta de IPCA +7,5% — é tão elevada que se aproxima dos piores momentos da economia brasileira, como em 2016, durante o governo Dilma.

Essa rentabilidade elevada, aliada à proteção contra a inflação, torna o IPCA+ um dos ativos mais robustos no atual contexto. Caso o cenário fiscal melhore ou uma nova gestão mais responsável surja em 2026, a queda nos juros pode gerar forte valorização por marcação a mercado. Um movimento de queda de 1 ponto percentual na taxa pode render até 10% em títulos de 10 anos.

Curto ou longo prazo: qual o ideal?

Apesar da atratividade, os títulos longos também carregam volatilidade. Um Tesouro IPCA+ 2040, por exemplo, pode oscilar tanto quanto uma ação da bolsa. A especialista recomenda manter entre 35% e 50% da carteira nesses papéis, equilibrando risco e retorno.

A dica é evitar vencimentos muito longos, como 2060, devido à baixa liquidez e maior sensibilidade de preço. O “miolo” entre 2030 e 2040 oferece um bom equilíbrio entre rentabilidade, risco e possibilidade de venda antecipada com ganho.

Pós-fixado: o seguro dos conservadores

Se o investidor não tolera oscilações, o pós-fixado segue como alternativa sólida. Atrelado à Selic, ele entrega mais de 1% ao mês atualmente, sendo ideal para quem busca previsibilidade e liquidez.

No entanto, Marília destaca: “Se os juros caírem, você vai continuar ganhando 100% do CDI. Já o IPCA+ pode render 150% ou até 200% do CDI no mesmo cenário, por causa da marcação a mercado”.

Prefixado: maior risco, maior prêmio?

O prefixado também chama atenção, especialmente com taxas na faixa de 14,5% ao ano. Ele pode ser o investimento mais rentável — mas apenas se a inflação recuar. Caso contrário, o risco de perda do poder de compra é alto. “É o melhor de todos se tudo der certo, mas o pior se tudo der errado”, alerta a especialista.

Como montar uma carteira de renda fixa em 2025?

A estratégia sugerida por Marília para um investidor com R$ 10 mil pode ser assim:

  • 35% a 50% em Tesouro IPCA+ 2035 ou 2040 (alta rentabilidade e proteção contra inflação)

  • 10% em prefixado, apenas para quem tem apetite ao risco

  • 40% a 55% em pós-fixado, como Tesouro Selic (segurança e liquidez)

Essa alocação permite capturar ganhos com a queda dos juros e, ao mesmo tempo, proteger o capital em caso de turbulências.

E os CDBs, LCIs e LCAs?

Apesar de serem alternativas populares na renda fixa, a especialista recomenda cautela. “Hoje em dia, CDBs, LCIs e LCAs estão pagando muito pouco. Em muitos casos, mesmo com isenção de imposto, a rentabilidade é menor que a do Tesouro Direto.”

Além disso, produtos como CRIs e debêntures oferecem pouco prêmio de risco em relação aos títulos públicos. Com o risco de crédito elevado no cenário atual, a recomendação é evitar esse tipo de ativo, especialmente os de baixa liquidez.

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