
Barragem em Brumadinho tem nível de emergência elevado, e famílias precisam ser removidas
A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou na tarde desta quinta-feira (24) que a falta de sistemas automatizados de alerta, monitoramento e videomonitoramento motivaram a elevação de nível de emergência 1 para 2 da estrutura da barragem B1-A, em Brumadinho. A informação foi passada pelo órgão à prefeitura da cidade mineira.
De acordo com a ANM, não foi registrado risco iminente de rompimento da barragem, pertencente à empresa Emicon Mineração e Terraplenagem. A mudança no nível de emergência ocorreu para garantir a retirada da população de ao menos dez famílias de comunidades no entorno de forma segura e organizada.
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Ainda segundo a própria ANM, a Emicon não apresentou documentos que atestam a segurança da estrutura, em conformidade com a lei.
A agência informou, em ofício encaminhado à Prefeitura de Brumadinho, que os estudos feitos até agora, por uma terceirizada contratada pela Emicon, não conseguiram garantir que a estrutura da barragem está totalmente segura.
O g1 entrou em contato com a empresa, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
A agência de mineração também informou no documento enviado à prefeitura que há limitações nas análises técnicas e que alguns dados ainda não foram incluídos nos relatórios. Por isso, a ANM determinou que uma nova empresa independente seja contratada para fazer uma avaliação com as informações disponíveis.
À Prefeitura de Brumadinho, a ANM também apontou que a falta de uma Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) positiva do Plano de Ação de Emergência (PAEBM), também pesaram na decisão.
Entenda riscos e dimensão
A evacuação de zonas de maior risco em caso de rompimento é uma exigência da elevação ao nível 2 de emergência.
Quando há risco real de rompimento, o alerta chega ao nível 3.
A barragem B1-A, da Emicon Mineração, não tem relação com a barragem B1, da Vale, também em Brumadinho, que rompeu em 2019 e deixou 280 pessoas mortas.
A barragem B1-A tem um volume total de cerca de 914,5 mil metros cúbicos.
Para fins comparativos, na estrutura da Vale que rompeu em 2019 vazaram 12 milhões de metros cúbicos — um volume cerca de 13 vezes maior.
Na tragédia de Mariana, em 2015, foram 43,7 milhões de m³.
Barragem B1-A, da Emicon Mineração e Terraplenagem, em Brumadinho.
Globocop
Retirada de famílias
A evacuação se refere a pelo menos dez famílias da comunidade do Quéias, região do Vale do Ingá, de acordo com advogado das famílias. A TV Globo falou com moradores, que informaram já terem sido notificados. Ninguém havia saído de casa até a última atualização desta reportagem.
A Prefeitura de Brumadinho informou, por meio de nota, que a evacuação será feita de “forma programada e organizada” e “sem necessidade de retirada imediata”. A previsão é que a retirada das famílias comece na sexta-feira (25) e dure até cinco dias.
Ainda segundo a prefeitura, seis famílias serão realocadas preventivamente e apenas uma delas necessita de apoio do Poder Público para moradia. Não há previsão de uso de abrigo público.
Comissão para tomar ações preventivas
Nesta terça-feira (23), o município anunciou a criação da Comissão Estratégica Municipal (CEM), como parte de um conjunto de ações preventivas adotadas diante da elevação do nível. As famílias agendaram uma reunião com a Defesa Civil de Brumadinho para esta quinta-feira (24).
A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM) manifestou preocupação diante de uma nova ameaça.
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