BYD, China Town e a Baía de Todos os Santos

Camaçari – que significa “árvore que chora”, devido às gotas d’água que cobrem suas folhas à noite – começou a se formar às margens do rio Joanes, com a criação da Aldeia do Divino Espírito Santo pelos jesuítas em 1558. Com sua história marcada pela presença indígena, a influência jesuíta e, posteriormente, pelo desenvolvimento do Polo Industrial, recebe hoje investidores chineses estabelecendo-se como sede da BYD (Build Your Dream) no Brasil, escrevendo história como novo ponto de investimento estratégico da China no país.Como maior fábrica fora da Ásia, a montadora chinesa tem capacidade para produzir até 150 mil veículos por ano na primeira fase e já teve a produção iniciada em 2025. O investimento inicial no projeto é de R$ 5,5 bilhões. A fábrica, que ocupa o antigo complexo da Ford, tem planos de expansão para 300 mil, entre carros elétricos e híbridos, além de caminhões, chassis para ônibus e produção de baterias. Empregando cerca de 800 pessoas, e com expectativa de gerar muitos outros postos de trabalho, representa um marco importante para o setor automotivo brasileiro, fomentando o desenvolvimento econômico da região.

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No ano de 1981 a China detinha a 38ª posição como parceira comercial do Brasil, assumindo o primeiro lugar em 2009, posição mantida até hoje. Em 2024 Brasil e China comemoraram 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas. Em 2025 o comercio entre Brasil e China é de US 40 bilhões, e uma parte deste crescente montante pode estar na Bahia.Vizinho a Camaçari, Simões Filho é um outro polo industrial da Bahia, possuindo cerca de 200 indústrias de diversos seguimentos e um porto natural protegido, na baía de Aratu, que integra a Baía de Todos os Santos (BTS) – Capital da Amazônia Azul, importante para a importação e o escoamento de produção das indústrias locais.Nascido do antigo distrito de Água Comprida, o município de Simões Filho teve suas raízes no período colonial com o cultivo de cana-de-açúcar. Emancipado em 1961, desmembrando-se de Salvador, adotou o nome em homenagem ao político baiano Ernesto Simões Filho, jornalista e empresário, deputado, ministro da Educação e fundador do jornal A TARDE.Acompanhando a evolução histórica da ´Aldeia do Divino Espírito Santo´ e de ´Água Comprida´, que deram origem as pulsantes Camaçari (PIB de R$34 bilhões) e Simões Filho (R$8 bilhões), e suas proximidades com a BTS; e como as colônias chinesas se estabeleceram em outros lugares do Brasil, lembramos Confúcio quando ensina: “Se queres prever o futuro, estuda o passado”.Pressentindo a vibração da massa salarial dos trabalhadores chineses que ´construindo sonhos´ trazem consigo cultura, valores e tradições, movimentando o comércio de Camaçari e Simões Filho, inclusive nas áreas de lazer da BTS; investidores começam a esboçar complexos habitacionais urbanos que incluem comercio e lazer – observando a BYD como a primeira montadora do mundo a ter certificação ESG. A inteligência artificial ajuda a projetar o sonho na tela do futuro que se faz presente.A distância de Camaçari para a BTS é de cerca de 15 km, passando pelo território da utopia concreta do visionário Ernesto Simões Filho, que bordeja o mar. Tentando escrever a história do futuro, investidores avaliam a possibilidade da construção de uma ´China Town´, como costumeiramente acontece quando a colônia chinesa se agrupa nos locais onde migra.Pelas notícias que chegam, parece que muitos trabalhadores chineses também estarão reunidos na construção da ponte Salvador Itaparica, vivendo juntos e banhando-se em águas tropicais, balneáveis, da Capital da Amazônia Azul.Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil e membro da Comissão de Economia do Mar da Associação Comercial da Bahia. [email protected]

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