A indústria da aviação mundial vive dias de incerteza. Fabricantes como Embraer, Boeing e Airbus enfrentam pressões geopolíticas, aumento de custos e mudanças regulatórias que ameaçam o equilíbrio comercial do setor. No centro das atenções está a brasileira Embraer, que pode ver seus jatos comerciais ficarem milhões de reais mais caros para as operadoras norte-americanas, caso se concretizem as novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos.
A possível imposição de tarifas representa um risco para a exportação dos modelos da Embraer, especialmente o E175, único avião que respeita a chamada cláusula de escopo americana — norma que limita peso e capacidade de aeronaves em rotas regionais. Caso os preços subam, companhias aéreas dos EUA podem adiar entregas e manter aeronaves antigas em operação, elevando custos de manutenção e impactando os preços das passagens.
Mas enquanto o presente se complica, o passado dessas fabricantes ajuda a entender a relevância global que conquistaram ao longo das décadas.
O nascimento das gigantes da aviação
✈ Boeing: a pioneira da aviação comercial
A Boeing foi fundada por William Boeing em 1916, na cidade de Seattle, EUA. O primeiro avião da empresa, chamado Model 1, foi um hidroavião destinado ao treinamento de pilotos. Seu primeiro modelo para transporte de passageiros foi o Boeing 80, um biplano com capacidade para 12 pessoas. No entanto, o verdadeiro divisor de águas foi o Boeing 247, desenvolvido especificamente para o conforto dos passageiros — um marco na aviação civil.
Em 2024, a Boeing empregava mais de 172 mil pessoas ao redor do mundo, sendo uma das líderes do setor, mesmo enfrentando crises recentes em projetos como o 737 MAX.
Airbus: a resposta europeia ao domínio americano
A Airbus surgiu oficialmente em 1970, como um consórcio europeu formado pelas empresas Aerospatiale (França), DASA (Alemanha) e CASA (Espanha), com apoio político e financeiro dos governos locais. O objetivo era romper a hegemonia das americanas Boeing, McDonnell Douglas e Lockheed Martin.
O primeiro avião de passageiros da Airbus foi o A300, lançado em 1974 — o primeiro bimotor de grande porte e fuselagem larga, com capacidade para até 320 passageiros. A empresa deslanchou com a família A320, incluindo os modelos A318, A319, A320 e A321, tornando-se a maior fabricante de aviões do mundo nos anos 2020.
Embraer: o orgulho brasileiro da aviação
A Embraer nasceu em 1969 a partir de um projeto do governo brasileiro liderado pelo então major da FAB, Ozires Silva. A empresa foi criada para fabricar o Bandeirante (EMB 110), uma aeronave regional para até 21 passageiros, que se tornou símbolo da indústria aeronáutica nacional.
Desde então, a Embraer se consolidou como a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, com destaque para suas aeronaves da família E-Jets. O crescimento continua: recentemente, a empresa entregou o terceiro cargueiro KC-390 à Força Aérea Portuguesa e estuda abrir uma nova fábrica na Tunísia, mirando o mercado europeu com vantagens fiscais e logísticas.
Expansão e desafios da Embraer
A Embraer avalia instalar uma fábrica na Tunísia, país com mão de obra qualificada, infraestrutura aeroespacial e incentivos fiscais atrativos. A estratégia segue o exemplo da Airbus, que já opera unidades na Tunísia e no Marrocos. Essa possível expansão pode fortalecer a presença da fabricante brasileira no mercado europeu.
Enquanto isso, a Embraer avança com novos produtos. O Super Tucano padrão OTAN (A-29N) fez seu voo inaugural em Portugal, país que já encomendou 12 unidades. O modelo, voltado à formação e combate leve, pode ampliar ainda mais a relevância da empresa no setor de defesa europeu.
Tabela comparativa: primeiros aviões de passageiros das três fabricantes
Fabricante | Ano de Fundação | Primeiro Avião de Passageiros | Capacidade | Ano de Lançamento |
---|---|---|---|---|
Boeing | 1916 | Boeing 80 | 12 pax | 1928 |
Airbus | 1970 | A300 | 320 pax | 1974 |
Embraer | 1969 | EMB 110 Bandeirante | até 21 pax | 1968 (protótipo) |
A história da aviação comercial é marcada por inovação, competição e superação de obstáculos. Embraer, Boeing e Airbus escreveram capítulos fundamentais desse setor, cada uma com suas particularidades e contribuições tecnológicas. No presente, os desafios geopolíticos e econômicos reacendem o debate sobre a competitividade global e as estratégias de sobrevivência e crescimento.
Enquanto novas tarifas ameaçam encarecer os jatos regionais brasileiros, a Embraer mostra disposição para se reinventar, expandir sua presença internacional e continuar voando alto no cenário global.
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